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Segundo a psicóloga Cláudia Maria Gaspardo, o fato de o bebê não ter sido amamentado no peito pela mãe não está associado à falta de ligação entre eles

Fonte: Rádio USP

Por Laura Oliveira, do Jornal da USP | A agente administrativa Gilsene Fogaça Pereira, de Ribeirão Preto-SP, define como impotência o que sentiu por não ter amamentado seus filhos. O drama de Gilsene foi há mais de 20 anos, mas ainda assombra muitas mulheres. A ciência oferece cada dia mais informações sobre o assunto, sugerindo que as respostas podem ser menos tecnológicas e mais de apoio emocional e psicológico.

Especialista em aleitamento materno, o professor Fabio da Veiga Ued, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, diz que a falta de leite das mães está relacionada à baixa produção do hormônio ocitocina. Também conhecido como o hormônio do amor, por mediar sentimentos de empatia e sensações de prazer e afeto, a ocitocina também é responsável pelas contrações uterinas no parto e pela ejeção do leite na amamentação. Mas, adianta o professor, muitos fatores influenciam a produção de ocitocina. Além da própria sucção do leite pelo bebê, problemas emocionais também contam.

O contato mãe e filho importa e dificuldades como “o desconforto, o estresse, a ansiedade, o medo, a falta de confiança, problemas familiares, todos estes são fatores inibidores que diminuem a produção desse hormônio”, afirma Ued.

Maior apoio às mães 

De acordo com o Ministério da Saúde, o leite materno é a forma mais eficiente e econômica de combater os índices de mortalidade infantil e de proteger as crianças. O aleitamento materno, segundo dados do Ministério, pode reduzir em até 13% a mortalidade em crianças de até 5 anos de idade. Assim, recomenda que a amamentação se estenda até os 2 anos de idade ou mais, sendo exclusiva durante os primeiros seis meses de vida do bebê.

Mas uma recente pesquisa feita com mais de 5 mil mães brasileiras encontrou 19% que não conseguiram amamentar seus filhos. E o índice é ainda maior entre as que não conseguiram amamentar exclusivamente com leite materno até os 6 meses de idade: 31% delas.

Para reduzir esses números, a professora e psicóloga da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP, Cláudia Maria Gaspardo, indica apoio às mães com dificuldades na amamentação, especialmente no aspecto psicológico. A psicóloga lembra que não é só a baixa produção de leite que causa problemas durante esse período, mas também a mastite, mamilos invertidos ou a própria depressão pós-parto. “Essa mãe entra em conflito entre o desejo e a necessidade de alimentar, de nutrir o seu bebê, e a impossibilidade de fazer isso de forma natural, por meio da amamentação.” 

Cláudia afirma que é fundamental que as mães entendam que o mais importante é a maneira como a amamentação é realizada, de forma a fortalecer a qualidade do contato mãe-bebê. “Já existem evidências científicas que mostram que o fato da mãe não poder amamentar não impede que seja estabelecido um vínculo afetivo entre a mãe e seu bebê. Esse vínculo vai sendo construído ao longo de uma rotina de cuidados que a mãe estabelece com o bebê.” 

A psicóloga ressalta que o fato de o bebê não ter sido amamentado no peito pela mãe não está associado à falta de ligação entre a mãe e o bebê. “É preciso transmitir essa segurança, essa tranquilidade para as mães, de que elas não serão mães inferiores, ou menos mães, por não terem amamentado seus bebês no peito.”

Apoio familiar 

O apoio familiar também é um aspecto determinante nesse sentimento de fracasso com relação à amamentação, afirma Cláudia, “muitas vezes, na tentativa de ajudar, opiniões, incentivos para a mãe tentar amamentar aumentam ainda mais a pressão que essa mulher já está sentindo. Por outro lado, o acolhimento, a empatia e uma rede de apoio familiar, para ajudar nas várias tarefas que a mulher desempenha ao cuidar de um bebê, diminuem essa sobrecarga, especialmente quando a mulher se encontra mais fragilizada nesse momento tão importante da sua vida”.

Já o professor Ued levanta a questão do preparo das equipes de saúde. Segundo ele, mesmo com bom conhecimento teórico sobre o tema, que é trabalhado de forma profunda na universidade, profissionais da saúde nem sempre possuem as habilidades práticas para orientar as mães que chegam com essas dificuldades no cotidiano de seus trabalhos. “Esses profissionais precisam ser melhor treinados para trabalhar com a promoção do aleitamento materno no dia a dia.”

Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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