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Antes de agosto começar, já esgotamos os recursos naturais previstos para o ano inteiro e entramos no "cheque especial" do planeta

Este ano, o Dia da Sobrecarga da Terra deu as caras cinco meses antes do que que deveria. Hoje, 29 de julho, estouramos nosso orçamento ecológico para 2021. Antes de agosto começar, já atingimos o limite da demanda por recursos naturais que o planeta pode produzir ou renovar durante o ano. Isso significa que estamos “no vermelho”: a data de hoje marca a entrada da humanidade no cheque especial do planeta, até a chegada de 2022.

No ano passado, a pandemia do novo coronavírus provocou uma ligeira redução na pegada ecológica da humanidade em relação a 2019 – quando o Dia da Sobrecarga da Terra também caiu em 29 de julho. Em 2020, a data foi atingida no dia 22 de agosto, quase um mês mais tarde do que no ano anterior.

Segundo pesquisadores, isso aconteceu porque a taxa em que a humanidade consome os recursos naturais diminuiu drasticamente como resultado da Covid-19, causando uma queda acentuada das emissões de CO2. No entanto, conforme a economia volta a dar sinais de recuperação, nosso orçamento ecológico anual parece se mover na direção errada novamente.

O que é o Dia da Sobrecarga da Terra?

O Earth Overshoot Day, traduzido para o português como “Dia da Sobrecarga da Terra”, é calculado anualmente pelo grupo de pesquisa internacional Global Footprint Network. Ele marca a data em que a humanidade entra em dívida com o planeta, esgotando seus recursos a uma taxa superior à de sua capacidade de regeneração.

Infelizmente, segundo a instituição, esse dia tem chegado mais cedo a cada ano. Em 1970, por exemplo, a Sobrecarga da Terra foi atingida em 29 de dezembro; em 1980, em 4 de novembro; em 1990, em 11 de outubro; em 2000, em 23 de setembro; e em 2010, em 7 de agosto. Esse padrão revela a necessidade de repensarmos nossos atuais modelos de desenvolvimento econômico, produção e consumo, que ano após ano aumentam o estresse gerado sobre o planeta.

A estimativa da Global Footprint Network se baseia na comparação entre receitas e despesas: de um lado, está a capacidade do planeta de repor os recursos gastos pela humanidade; do outro, está nossa pegada ecológica – ou seja, tudo aquilo que demandamos da Terra durante um ano. Em seguida, os pesquisadores calculam o número de dias necessários para que a Terra “cubra” nossa pegada ecológica. O número de dias restantes equivale à sobrecarga.

Em 2021, voltamos a exigir 74% mais da Terra do que ela pode regenerar em um ano, retornando a índices anteriores – e preocupantes – de emissões de gases do efeito estufa e do uso descontrolado de recursos naturais. Em relação a 2020, a pegada de carbono da humanidade aumentou 6,6%. Isso quer dizer que precisaríamos de 1,7 planeta para sustentar nosso estilo de vida atual. Em 2050, segundo projeções do Banco Mundial, serão necessários três planetas, caso o padrão seja mantido.

Para piorar, o Brasil se destaca como um devedor ainda maior diante do contexto global: aqui, atingimos a data-limite no dia 27 de julho. A posição desprivilegiada do país se deve aos picos de desmatamento e queimadas florestais, que bateram níveis recorde este ano.

Pandemia como exemplo

No ano passado, as medidas de segurança para conter a propagação da Covid-19 restringiram a atividade humana e atrasaram o Dia de Sobrecarga da Terra em três semanas, em comparação com o ano anterior.

Mas essa suspensão veio do desastre, e não de um projeto, como observou o fundador da Global Footprint Network, Mathis Wackernagel. Com o mundo retornando à normalidade, esses ganhos duraram pouco. “Sabemos que foram apenas mudanças de comportamento, não mudanças sistêmicas”, disse ele. “E, como resultado, o consumo está de volta [em grande parte] ao patamar em que estava antes. Infelizmente, a redução de recursos em função da pandemia não se sustentou”.

Embora essas reduções não tenham durado, a pandemia provou que nós conseguimos nos mover em uma direção positiva. Agora, a Global Footprint Network está compartilhando maneiras de fazer isso de forma sustentável, sem as dores de uma pandemia, por meio de uma plataforma chamada 100 Days of Possibility (ou “100 Dias de Possibilidades”).

Projeto conduzido em conjunto entre a Global Footprint Network, a Scottish Environment Protection Agency e a Schneider Electric, a 100 Dias de Possibilidades é como “um calendário do advento que ajuda as pessoas a enxergar que há infinitas possibilidades para atrasar o Dia da Sobrecarga da Terra, que são economicamente viáveis”, explica Wackernagel.

A plataforma dos 100 dias fará uma contagem regressiva para a conferência climática Cop26 da ONU, que será realizada em Glasgow em novembro deste ano. A cada dia, o site compartilhará as ações que podemos realizar e o impacto que causariam. Reduzir o desperdício de alimentos em 75%, por exemplo, poderia atrasar a data da sobrecarga em oito dias.

Essas etapas não são apenas coisas boas que precisamos fazer por nosso planeta; são coisas que devemos fazer para sobreviver à realidade das mudanças climáticas. Se ainda dependermos de recursos que o planeta não pode continuar fornecendo, não estaremos prontos para um futuro em que esses recursos não existam.


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