Uma moradora de Vitória pode não pensar nas florestas da Bacia do Jucu ao servir um copo de água
Por Sarah Wilson, John-Rob Pool, Mack Phillips e Sadof Alexander em WRI BRASIL | Os uruguaios provavelmente não pensam na Floresta Amazônica quando veem a chuva cair sobre os parques da cidade. E os habitantes de Adis Abeba possivelmente não estão pensando na Bacia do Congo quando comem injera, um alimento típico na Etiópia feito a partir do grão de teff.
Ainda assim, as florestas próximas e distantes afetam o dia a dia dessas pessoas mais do que elas estão cientes.
Embora os moradores das cidades cada vez mais reconheçam os benefícios da arborização urbana para amenizar o estresse, sequestrar carbono e refrescar e limpar o ar, os benefícios das florestas externas ganham menos atenção. Um número crescente de pesquisas mostra que mesmo as florestas mais distantes dos centros urbanos fornecem benefícios substanciais ao regular a biodiversidade e os sistemas climáticos e hídricos de todo o planeta, essenciais para a saúde e qualidade de vida das pessoas.
Uma nova pesquisa conduzida pelo WRI e pela Pilot Projects na iniciativa Cities4Forests sintetiza os benefícios que as florestas em três escalas – internas, próximas e distantes – oferecem às cidades. O relatório oferece uma base científica para as cidades implementarem políticas, incentivos e investimentos que ajudem a conservar, restaurar e manejar as florestas de cada escala de forma sustentável.
A seguir, descrevemos quatro categorias dos diversos benefícios que as florestas oferecem às pessoas.
Como as florestas melhoram a saúde e o bem-estar das pessoas
Árvores e florestas tornam as cidades lugares melhores para se viver. Elas ajudam as pessoas a respirar, pensar, se exercitar e relaxar; reduzem o calor extremo; e criam ruas mais caminháveis; entre outros ganhos. Esses benefícios exigem um planejamento ecológico e espacial cuidadoso – as árvores precisam estar em locais adequados e devem receber cuidados e manutenção ao longo do tempo.
Alguns dos benefícios das florestas para a saúde dos moradores urbanos incluem:
Árvores e florestas mudam o microclima e melhoram a qualidade do ar.
A temperatura nas cidades com frequência é mais alta devido ao efeito conhecido como ilha de calor, por meio do qual o ambiente construído faz com que a temperatura fique mais alta nas cidades do que nas áreas em seu entorno. As temperaturas mais altas, por sua vez, podem aumentar o smog e o ozônio, causar picos na demanda de água e energia e aumentar o risco de doenças e mortes relacionadas ao calor.
As árvores e florestas urbanas fornecem sombra e refrescam o ar por meio da evapotranspiração, processo no qual a água do solo é absorvida e liberada no ar a partir das folhas. Dessa forma, reduzem o risco de doenças relacionadas ao calor e tornam as cidades mais confortáveis. Áreas de florestas naturais são especialmente efetivas, assim como árvores com copas largas e densas.
É importante que as árvores sejam bem distribuídas na cidade, para que todos os bairros sejam beneficiados.
Em Toronto, no Canadá, por exemplo, como parte de um esforço para considerar as árvores infraestrutura essencial na cidade, urbanistas mapearam a cobertura do dossel florestal na região metropolitana e avaliaram algumas métricas, incluindo as temperaturas de superfície. Os resultados impressionaram: nas áreas com alta cobertura de dossel (em geral acima de 70%), as temperaturas de superfície ficavam abaixo da média. Em áreas construídas com baixa cobertura vegetal, as temperaturas de superfície tendiam a ficar acima da média.
Além disso, a qualidade do ar nas cidades em geral é notavelmente mais baixa, o que causa milhões de mortes todos os anos no mundo, em particular nos países de renda mais baixa.
Florestas urbanas bem planejadas e administradas podem melhorar a qualidade do ar ao remover e dispersar poluentes atmosféricos. Esse benefício é aclamado com frequência, mas mesmo as florestas urbanas mais extensas e bem manejadas ainda removem apenas uma pequena fração (em geral menos de 1%) da poluição de uma cidade. Uma estratégia baseada em árvores deve ser cuidadosamente planejada para maximizar os benefícios e ser complementada por planos para reduzir os poluentes em sua origem.
Árvores e florestas melhoram a saúde física e mental.
Trânsito, calor, poluição, excesso de ruídos: viver nas cidades pode ser estressante. As árvores e florestas podem fornecer espaços tranquilos para se exercitar, encontrar os amigos e relaxar, ao mesmo tempo em que reduzem a poluição sonora e atmosférica.
O contato com a natureza é especialmente importante para o desenvolvimento das crianças. Pesquisas mostram que crianças que brincam com frequência em áreas naturais tendem a ter uma melhor coordenação e consciência espacial do que aquelas que não têm esse contato. O acesso à natureza também ajuda as pessoas a se concentrarem, o que melhora a habilidade de foco em crianças e adultos com TDAH.
Fora das cidades, manter as florestas tropicais de pé pode reduzir a transmissão de doenças contagiosas, incluindo novas viroses, de animais para humanos.
As florestas, em especial as biodiversas, fornecem as bases para novos medicamentos.
Muitas pessoas ao redor do mundo – até 95% da população em países em desenvolvimento – dependem de medicamentos naturais para cuidados básicos de saúde. Plantas encontradas nas florestas fornecem compostos e material genético para a fabricação de antibióticos, agentes anticancerígenos, compostos anti-inflamatórios e analgésicos usados em todo o mundo.
As florestas sustentam os polinizadores que ajudam a produzir os alimentos consumidos nas cidades.
Cerca de 35% dos alimentos produzidos no mundo provêm de 800 espécies de plantas que dependem da polinização de insetos e outros animais. As florestas oferecem o habitat para muitos desses polinizadores. E, ao fazer isso, contribuem indiretamente para melhorar o acesso à comida e aumentar a segurança alimentar.
Proteger florestas biodiversas pode reduzir os riscos de doenças zoonóticas e transmitidas por vetores.
O desmatamento, a degradação florestal e o comércio de espécies selvagens estão associados à disseminação de doenças que passam de animais para humanos, incluindo o vírus Ebola, febre amarela, malária, Zika vírus e as variações do coronavírus, como o da Covid-19. Conservar as florestas tropicais e manter seus níveis de biodiversidade pode diminuir a transmissão de doenças contagiosas para os humanos.
Árvores e florestas ajudam a construir comunidades.
Nas cidades, as florestas podem reunir as pessoas. Com frequência, são pontos de encontro e, em alguns casos, têm significado espiritual. Restaurar as florestas pode fortalecer a colaboração e criar um senso de pertencimento.
Mas as florestas costumam ter uma distribuição desigual nas cidades, com a tendência de que as áreas de renda mais baixa tenham menos árvores e menos acesso a áreas naturais. Envolver as comunidades para planejar e integrar árvores e florestas nos bairros onde vivem grupos marginalizados e de baixa renda pode ajudar a combater desigualdades sistêmicas.
Como as florestas contribuem e reduzem riscos para os sistemas hídricos das cidades
Muitas cidades lutam para fornecer água limpa, combater as inundações, secas e erosão e conviver com padrões de precipitação cada vez mais irregulares. As árvores e florestas nas três escalas podem contribuir com esses desafios.
Florestas podem ajudar a fornecer água limpa.
Em muitas cidades, a água contaminada é a causa de problemas graves de saúde, como diarreia e disenteria. O tratamento adequado da água, porém, pode ser caro. As florestas em bacias próximas podem proteger as fontes de água de poluentes, prevenir e erosão do solo e filtrar sedimentos, mantendo as águas superficiais e aquíferos mais limpos e reduzindo os custos de tratamento. Florestas nativas maduras fornecem esses benefícios de forma mais confiável do que plantações, de modo que prevenir o desmatamento nas áreas de bacias é essencial.
Florestas ajudam a prevenir inundações.
Até 2030, inundações ribeirinhas devem afetar em torno de 130 milhões de pessoas e gerar danos de US$ 535 bilhões por ano em propriedades urbanas. As regiões de bacias florestadas próximas regulam os fluxos de água e ajudam a mitigar inundações e deslizamentos.
As florestas interceptam e armazenam a água da chuva, reduzindo o escoamento. As raízes funcionam como esponjas, absorvendo a água no solo quando há água em excesso e liberando-as aos poucos em períodos de seca. E, dentro das cidades, as árvores e outros tipos de vegetação em áreas de biorretenção, telhados verdes e valetas biológicas podem complementar infraestruturas convencionais, como drenos, para escoar a água durante tempestades.
Árvores e florestas podem melhorar o abastecimento de água.
A escassez de água causada pelas secas, pelo esgotamento das águas subterrâneas ou pela redução da vazão nos rios afeta muitas cidades em todo o mundo – principalmente em regiões áridas. Prevenir o desmatamento e restaurar as florestas pode aumentar a infiltração no solo e recuperar as reservas subterrâneas. (Inicialmente, o reflorestamento também pode reduzir o abastecimento, porque árvores recém-plantadas crescem rápido e consomem água; o equilíbrio depende do clima, das espécies utilizadas e da estrutura florestal.)
As florestas também modulam os padrões de precipitação em escala regional e até mesmo global. A evapotranspiração funciona como uma bomba gigante, enviando água para a atmosfera e redistribuindo-a antes que caia na forma de chuva.
Florestas ajudam a manter o abastecimento de água estável e consistente.
Moradores de áreas urbanas são vulneráveis a padrões climáticos cada vez mais irregulares desencadeados pelas mudanças climáticas, os quais incluem secas mais longas e intensas e chuvas mais fortes. As florestas podem ajudar a reduzir essa variabilidade.
As áreas florestais, em especial longas extensões de florestas intactas ou tropicais, recarregam o abastecimento atmosférico de água e influenciam padrões de precipitação de centenas a milhares de quilômetros de distância. Esses “rios voadores” mantêm os fluxos de água de algumas das maiores cidades (e regiões agrícolas mais importantes) do mundo e estão particularmente ligados a florestas tropicais como a Amazônia, a Bacia do Congo e as florestas no sudeste da Ásia. A remoção dessas florestas pode alterar os padrões de precipitação em todo o planeta – aumentando a chuva em alguns lugares e diminuindo em outros –, com consequências potencialmente desastrosas. Conservar essas florestas é absolutamente essencial para manter os padrões de chuva em todo o mundo.
Na Colômbia, por exemplo, a tundra alpina (páramos) e as florestas nubladas fornecem água para cerca de 70% da população do país. Também impactam a geração de energia hidrelétrica, que responde por 73% da eletricidade necessária no país. No entanto, o desmatamento e as mudanças climáticas ameaçam ambas as coisas: entre 2002 e 2019, a Colômbia perdeu mais de 4,3 milhões de hectares de cobertura florestal; ao mesmo tempo, as altas temperaturas devem aumentar ainda mais a volatilidade dos padrões de precipitação.
Como as florestas ajudam a conter as mudanças climáticas
Ondas de calor, inundações, aumento do nível do mar e secas ameaçam o bem-estar dos moradores urbanos e os custos para administrar uma cidade. Ao mesmo tempo, as cidades são um dos maiores catalisadores da crise climática. As áreas urbanas consomem 70% da energia gerada no mundo, mas abrigam menos de 60% da sua população.
As florestas podem ajudar as cidades tanto a mitigar as mudanças climáticas quanto a se adaptar a elas. Reduzir as emissões de gases do efeito estufa de fontes como transportes, infraestrutura e consumo municipal são passos importantes, mas as florestas podem ajudar as cidades a irem além no combate à crise do clima.
Florestas refrescam o ar e reduzem a demanda por energia.
Dentro das cidades, o efeito refrescante das árvores e florestas traz um ganho duplo: as árvores podem ajudar os moradores e negócios locais a se adaptarem a temperaturas mais altas e, ao mesmo tempo, reduzir as emissões ao diminuir a demanda por refrigeração alimentada por combustíveis fósseis. Também podem reduzir a necessidade de aquecimento ao oferecer abrigo contra o vento. Só nos Estados Unidos, as florestas urbanas reduzem o uso de eletricidade em 38,8 MWh por ano, gerando para os consumidores uma economia de US$ 4,7 bilhões e evitando emissões equivalentes a US$ 3,9 bilhões por ano.
Florestas sequestram carbono.
As árvores urbanas também armazenam carbono na madeira e no solo, mas o potencial aqui é um tanto pequeno, em geral abaixo de 1% do total de emissões de uma cidade. Na China, por exemplo, o carbono sequestrado pela vegetação urbana nas 35 maiores cidades do país poderia compensar apenas 0,33% das emissões anuais dessas cidades. Terrenos limitados e caros, taxas de sequestro mais baixas do que nas florestas próximas ou distantes e manutenção que depende de combustíveis fósseis fazem com que as árvores urbanas às vezes sejam neutras em carbono ou até mesmo positivas, emitindo tanto quanto ou mais do que sequestram.
No entanto, conservar e restaurar as florestas fora das cidades por meio da mudança de hábitos de consumo pode contribuir muito para a redução das emissões. As florestas fora das cidades, em especial as florestas tropicais, são grandes reservatórios de carbono que pode ser liberado se a floresta for desmatada ou degradada. Por outro lado, se as florestas permanecem conservadas, essas reservas são protegidas, e as florestas continuam sequestrando carbono ao longo do tempo, aumentando a mitigação contra as mudanças climáticas.
As cidades podem desempenhar um papel central nesse processo e, ao longo do caminho, cumprir seus compromissos de redução de emissões. Por exemplo, as cidades podem diminuir sua pegada de carbono florestal ao assegurar que as commodities que adquirem para infraestrutura e operações municipais – como madeira, papel e alimentos – venham de cadeias de fornecimento de desmatamento zero.
Um exemplo é a proposta vencedora da competição de design Van Allen Reimagining Brooklyn Bridge, do Cities4Forests, que visa reconstruir a Ponte do Brooklyn em Nova York usando madeira certificada do Forest Stewardship Council. O projeto propõe que 11 mil novas pranchas de madeira para a ponte sejam adquiridas por meio de uma parceria sustentável com a comunidade guatemalteca de Uaxactún, que protege mais de 80 mil hectares de floresta tropical. O modelo de colheita de baixa intensidade da comunidade – uma árvore por 0,4 hectares a cada 40 anos – tem fornecido renda para a comunidade e mantido a taxa de desmatamento próxima de zero por mais de 25 anos. Embora ainda seja apenas um projeto, a execução do plano ajudaria a abordar as causas do desmatamento na origem e poderia fazer de Nova York uma referência na proteção de florestas.
Como as florestas mantêm a biodiversidade que beneficia as cidades
A biodiversidade – plantas, animais, fungos e bactérias – fortalece todos os benefícios florestais porque tornam as florestas ecossistemas mais resilientes. Florestas biodiversas próximas e distantes fornecem um conjunto de serviços essenciais para os moradores das cidades:
Florestas biodiversas fornecem bens e serviços mais confiáveis e em maior número.
As florestas precisam estar aptas a resistir e a se recuperar de mudanças no meio ambiente, incluindo tempestades, secas e alterações no clima. Altos níveis de biodiversidade podem funcionar como um “seguro biológico”. Quando um ecossistema conta com muitas espécies desempenhando funções similares, consegue continuar funcionando mesmo se alguns desses organismos forem perdidos ou se uma doença (como a doença do olmo holandês ou ferrugem do castanheiro) eliminar uma espécie inteira.
Florestas biodiversas armazenam mais carbono e de forma mais confiável.
Florestas nativas intactas sequestram mais carbono e armazenam esse carbono por mais tempo do que florestas degradadas ou plantações de monoculturas. As florestas biodiversas também são mais resilientes às flutuações do clima e a surtos de pragas e doenças do que plantações de uma única espécie, o que faz delas um sumidouro de carbono mais confiável. Por fim, devido à sua estrutura, impactos no solo e maior resiliência, as florestas nativas e biodiversas nas bacias hidrográficas também são mais eficazes do que as monoculturas para fornecer recursos hídricos para as cidades a jusante.
Florestas biodiversas podem oferecer benefícios maiores e mais confiáveis para a saúde das pessoas vivendo nas cidades.
Nem todos os espaços verdes das cidades são iguais, e áreas naturais – em geral com maior biodiversidade nativa – ajudam mais a reduzir o estresse e oferecem mais benefícios medicinais do que áreas tratadas em excesso. Administrar as florestas urbanas considerando sua biodiversidade pode fornecer acesso à natureza dentro das cidades e criar áreas florestais urbanas mais resilientes, o que é essencial para que proporcionem ainda outros benefícios.
As florestas tropicais abrigam a maior parte – até 90% – da biodiversidade terrestre do planeta. E, embora as florestas dentro das cidades possam abrigar altos níveis de biodiversidade, também tendem a apresentar mais espécies invasoras e menos espécies endêmicas (espécies com distribuição muito limitada) do que as florestas em áreas rurais. Conservar as florestas tropicais fora das cidades é vital para a conservação da biodiversidade global.
Como as cidades podem proteger florestas próximas e distantes?
Diferente da infraestrutura tradicional, as florestas fornecem múltiplos serviços de uma vez só, e acumulam valor ao longo do tempo, à medida que as árvores amadurecem e os serviços ecossistêmicos se multiplicam. Para aproveitar ao máximo os benefícios que as florestas podem oferecer – e dadas as taxas alarmantes pelas quais as florestas continuam sendo destruídas –, a hora de agir é agora. Só em 2021, o mundo perdeu mais de 25 milhões de hectares de cobertura vegetal – uma área maior do que o Reino Unido. As pessoas que vivem nas cidades respondem pela maior parte do consumo mundial de commodities associadas ao desmatamento.
No entanto, como centros de poder e influência cultural e financeira, as cidades podem reduzir o impacto que exercem sobre as florestas, encontrar maneiras de investir nelas e influenciar a forma como as pessoas pensam a respeito dessa dependência.
As florestas mais diretamente controláveis pelas cidades são as localizadas dentro do perímetro urbano. As cidades podem mapear e fazer um inventário de suas florestas urbanas, usar esses dados para desenvolver planos de manejo florestal sólidos e explorar projetos inovadores, como programas de reutilização de resíduos de madeira. Em paralelo, as cidades devem tentar promover interagência e a colaboração entre diferentes jurisdições, além de explorar mecanismos financeiros diversos e de longo prazo para manter e expandir suas florestas urbanas.
Embora as florestas urbanas sejam as mais controláveis pelas cidades, o envolvimento com as florestas das três escalas é essencial para garantir um futuro sustentável para as áreas urbanas. Alguns dos maiores ganhos para as cidades podem ser obtidos com a conservação de florestas fora de suas fronteiras.
No caso das florestas próximas, as cidades precisam trabalhar em parceria com os governos estaduais e nacionais, além dos proprietários de terras, para garantir um manejo melhor. Mapeando a distribuição de florestas em bacias hidrográficas e identificando as áreas de perda florestal, as cidades podem priorizar iniciativas de conservação e restauração. Por exemplo, em suas bacias, as cidades podem dar prioridade à remoção de espécies arbóreas exóticas que ameaçam o abastecimento de água e a biodiversidade, ou podem priorizar a restauração de terras degradadas a fim de reduzir o escoamento e melhorar a qualidade da água a jusante. Para ter acesso a financiamento para esses projetos, as cidades podem esclarecer que a proteção e o manejo das florestas são despesas de infraestrutura elegíveis que devem ser consideradas como tal.
E, no caso das florestas distantes, as cidades precisam entender melhor como o consumo de commodities associadas a riscos florestais, como carne bovina, soja, óleo de palma e cacau, impactam sua “pegada florestal”. Estabelecendo um programa de Floresta Parceira com uma floresta específica, as cidades podem começar a adquirir commodities florestais cultivadas e colhidas de forma sustentável. A parceria com organizações especializadas na conservação de florestas tropicais e o trabalho de conscientização da população por meio de campanhas de comunicação também pode contribuir para um consumo mais sustentável.
O novo relatório do WRI traz um conjunto de recomendações para políticas e ações nas três escalas de florestas. Agora, as lideranças nas cidades podem usar esse material como inspiração para seus próprios projetos de conservação, restauração e manejo florestal sustentável.
Este texto foi originalmente publicado pela WRI BRASIL de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.