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Nesta segunda-feira (4), o Banco Mundial lançou o “Relatório de Capital Humano Brasileiro - Investindo nas Pessoas”, documento que estima a perda ou acúmulo de habilidades pelos indivíduos até os 18 anos.

Por Elisa Diniz, da Nações Unidas Brasil

O relatório aponta que por causa da crise sanitária, econômica e educacional dos últimos dois anos, o Brasil perdeu o equivalente a uma década de progresso no Índice de Capital Humano. Uma criança brasileira nascida em 2021 perderá, em média, 46% do seu potencial total de desenvolvimento. Em 2019, este percentual era de 40%.

Entre as recomendações dadas pela organização para reverter este quadro estão medidas para garantir o retorno e permanência de crianças e adolescentes na escola, além do fortalecimento do sistema público de saúde do país e do programa brasileiro de transferência condicionada de renda (anteriormente denominado Bolsa Família, agora Auxilio Brasil).

Uma criança brasileira nascida em 2021 perderá, em média, 46% do seu potencial total devido às condições de saúde e educação, agravadas pela pandemia de COVID-19. Já para as nascidas em 2019, esse percentual era de 40%. Em dois anos, por causa da crise sanitária, econômica e educacional, o Brasil perdeu o equivalente a uma década de progresso no Índice de Capital Humano. Os dados são do “Relatório de Capital Humano Brasileiro – Investindo nas Pessoas, lançado nesta segunda-feira (4) pelo Banco Mundial.

O relatório propõe o Índice de Capital Humano (ICH) para estimar a perda ou acúmulo de habilidades pelos indivíduos até os 18 anos. Tal indicador considera as condições de educação e saúde desfrutadas pelas crianças brasileiras durante períodos críticos de formação de habilidades. Um alto Índice de Capital Humano hoje é uma promessa de alta produtividade da futura geração de trabalhadores.

“Em 2019, quando o ICH do Brasil era de 60%, já se observavam diferenças regionais e desigualdades locais na acumulação de capital humano. Por isso, o relatório fala em ‘muitos Brasis’. As crianças nascidas naquele ano em municípios do norte e nordeste, por exemplo, desenvolveriam aproximadamente metade de todo o seu talento potencial, ou 10 pontos percentuais (0,1 ponto do ICH) a menos que a média de uma criança do sudeste”, afirma um dos autores do relatório, Ildo Lautharte.

Nas últimas décadas, o nordeste registrou o maior crescimento do capital humano no país, mas partindo de níveis relativamente mais baixos. O crescimento mais notável do ICH, no entanto, concentrou-se nos estados de Pernambuco (aumento de 25,6%), Alagoas (aumento de 20,9%) e Ceará (aumento de 20,9%). Poucas áreas do sul e sudeste apresentaram crescimentos semelhantes. A região norte foi a que teve o pior desempenho, e os municípios localizados no Amapá, Roraima e Tocantins destacam-se com os menores ganhos de ICH entre 2007 e 2019. As crianças da região norte não estão apenas atrás, elas também acumularam capital humano em um ritmo mais lento que crianças em outras regiões do Brasil.

Outra constatação do relatório é de que o Índice de Capital Humano das pessoas brancas aumentou em um ritmo mais acelerado do que qualquer outro grupo racial no Brasil. O aumento médio do ICH das pessoas brancas entre 2007 e 2019 foi de 14,6%. Já os ganhos entre afrodescendentes e indígenas, por outro lado, foram bem menos promissores. O ICH entre afrodescendentes aumentou 10,2% e o de indígenas permaneceu praticamente inalterado, com uma taxa de crescimento de apenas 0,97% no mesmo período. 

“Se o ICH mantivesse a trajetória de crescimento observada entre 2007 e 2019, o Brasil levaria aproximadamente 60 anos para atingir os patamares de capital humano alcançados pelos países desenvolvidos. Com as perdas trazidas pela pandemia, há ainda menos tempo a perder”, diz o coautor do relatório e também coordenador do programa de Desenvolvimento Humano do Banco Mundial no Brasil, Pablo Acosta.

Recomendações – O caminho para a recuperação será longo, segundo o relatório. Considerando-se a taxa de crescimento antes da pandemia, o ICH do Brasil levaria de 10 a 13 anos para retornar ao patamar de 2019. Ou seja, o Brasil chegaria novamente ao ICH de 2019 somente em 2035.

O estudo traz diversas recomendações para que o Brasil acelere a recuperação do capital humano:

  • A recuperação e aceleração sustentáveis exigem sistemas públicos resilientes. Os governos devem estar preparados para superar desafios inesperados ou enfrentar as próximas crises climáticas e de saúde pública.
  • Visto que os impactos da COVID-19 na formação de capital humano no Brasil se materializaram, em grande parte, na educação, a recuperação e aceleração do aprendizado devem ser prioridades nos próximos anos. Em primeiro lugar – e acima de tudo – todos os alunos devem voltar à escola.
  • Uma vez de volta à escola, os alunos precisam, efetivamente, reaprender. A recuperação e aceleração do aprendizado devem ser prioridade.
  • É essencial fortalecer a aprendizagem híbrida, ampliar a conectividade à internet, fornecer dispositivos computacionais para alunos vulneráveis e aprimorar as competências digitais.
  • O Sistema Único de Saúde (SUS) deve proteger crianças e adolescentes das consequências sanitárias e socioemocionais da pandemia. 
  • Como as desigualdades preexistentes tendem a se agravar, o programa brasileiro de transferência condicionada de renda (anteriormente denominado Bolsa Família, agora Auxílio Brasil) deve ser fortalecido para apoiar grupos de pessoas mais afetadas pela pandemia de COVID-19.

Este texto foi originalmente publicado por Nações Unidas Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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