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Em formato on-line, momento pretende recriar a historiografia brasileira e internacional de grupos excluídos socialmente; webinar também contará com lançamento do livro do tradutor e professor da USP John Milton

Por Danilo Queiroz em Jornal da USP | Na próxima sexta-feira, dia 14, a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP fará o evento on-line Fotografias de intérpretes: em busca de vidas perdidas. O momento pretende resgatar a memória de negros e indígenas – tanto autores de fotos, quanto pessoas fotografadas nos séculos 19 e 20 – que foram esquecidas no decurso da história. Para participar, basta acessar o canal do Youtube da FFLCH, às 14h, neste link

Sob a coordenação do professor John Milton, do Departamento de Letras Modernas da FFLCH, o webinar carrega o mesmo nome do livro de sua autoria. Segundo ele, faz parte de um projeto político selecionar quem merece ser lembrado ou esquecido. “Cada capítulo da obra aborda um ou mais intérpretes da história. O intuito é mostrar como é tão efêmera a vida humana. Há vidas totalmente esquecidas, que merecem ser lembradas”, explica o professor titular em Estudos da Tradução.

O evento também corresponde a uma série de palestras do Grupo de Estudos de Adaptação e Tradução (Great). Vinculado ao Programa de Pós-Graduação do Departamento de Letras Modernas da FFLCH, o grupo vem desenvolvendo uma importante atividade de pesquisa na retomada de intérpretes brasileiros ou estrangeiros ao longo da história. 

As fotografias são analisadas de várias maneiras por Milton: como uma composição visual formal; como uma performance; como um ato de interpretação que demonstra a relação entre intérprete e interpretados; como um momento na história que expressa poder geopolítico e econômico, hábitos sociais e modas; e como um resgate de vidas que foram perdidas no mar da história. Para o autor, a obra “é um gesto para sair do esquecimento esses seres humanos que, em sua grande maioria, não foram lembrados e eternizados na história”.

A imagem presente no livro será debatida no evento, com o objetivo de recriar o imaginário social posto pela historiografia brasileira sobre os indígenas – Foto: Museu do Índio/FUNAI

O livro escrito pelo docente da USP procura resgatar a memória de estrangeiros e brasileiros. Em âmbito internacional, constam: Arnold Vissière, diplomata e sinólogo do fim do século 19 e começo do século 20; Julius Meyer, imigrante judeu e comerciante em Wyoming no mesmo período, que aprendeu várias línguas indígenas e que ganhou a confiança nas aldeias; o misterioso Chang, intérprete do fotógrafo escocês John Thomson, um dos primeiros fotógrafos a retratar a China na sua viagem de 1868 a 1872; John Brown, o negro norte-americano que interpretava para viajantes na região do Putamayo, na fronteira de Peru, Colômbia e Brasil, e que foi uma das principais testemunhas de Roger Casement para seu relatório de 1912 sobre os maus tratos e assassinatos de indígenas trabalhando na extração de borracha no “Paraíso do Diabo”.

Foto: Divulgação

Já sobre o Brasil, a obra apresenta fotografias dos intérpretes de garotos dos grupos indígenas Xetá, Tuca e Kaiuá, que procuraram resgatar informação cultural para o antropólogo Loureiro Fernandes nos anos de 1950; o primeiro contato com os Korubo na Amazônia, em 1996; as figuras mais familiares de Raoni e seu intérprete Megaron; e Vernon Walters, intérprete de Eisenhower e Nixon, e um ator-chave no golpe militar de 1964 no Brasil. Além disso,as imagens capturadas em 1949 pelo intérprete Euvaldo Gomes, que auxiliou a historiografia brasileira a conhecer a cultura do povo Xavante, localizado no Estado do Mato Grosso do Sul.

O livro Fotografias de intérpretes: em busca de vidas perdidas, organizado pela editora Lexikos, está disponível neste link.


Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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