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Estudo sobre coelho-de-amami revela que o animal dispersa sementes para uma planta não fotossintética

O coelho-de-amami (Pentalagus furnessi), também chamado de coelho-das-riukiu, é um tipo de coelho exclusivo de duas pequenas ilhas, Amami-Oshima e Tokunoshima, do arquipélago de Ryukyu, na costa sudoeste do Japão. Essa espécie de coelho é classificada como “Classe em Perigo” na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (União Internacional para a Conservação da Natureza) e é a única espécie conhecida do género Pentalagus.

Embora seja a espécie-bandeira do arquipélago de Ryukyu, pouco se sabe sobre o coelho-de-amami. O encontro com o animal é raro, uma vez que possui hábitos noturnos e habita florestas subtropicais densas. 

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Características

O coelho-de-amami atinge cerca de 42 a 51 centímetros de comprimento, com uma cauda curta. Relativamente pequeno, ele possui um corpo volumoso, pelo castanho escuro, nariz pontiagudo, olhos pequenos e, diferentemente de outras espécies de coelho, orelhas pequenas.

As fêmeas da espécie são maiores que os machos — a maior fêmea já encontrada pesava cerca de 2,9 kg, enquanto o macho pesava 2,0 kg.

O mamífero é considerado um animal primitivo. Estima-se que o mais antigo fóssil encontrado de Pentalagus furnessi seja da última era glacial, que ocorreu entre 30 mil a 18 mil anos atrás. O fóssil foi identificado através das características únicas e padrão de esmalte circular dos molares do coelho-de-amami.

Habitat do coelho-de-amami

As Ilhas Amami possuem um clima subtropical e são compostas, aproximadamente, por 85% de florestas, enquanto a Ilha de Tokunoshima tem 44% de florestas, ambas com topografia montanhosa. Essas características geográficas contribuem para a sobrevivência do coelho-de-amami.

Os animais habitam áreas florestais e usam troncos de árvores ocas como abrigo durante o dia. Além disso, suas pernas curtas com garras curvas são usadas para cavar tocas para usá-las como ninhos. Eles são noturnos e usam passagens na vegetação rasteira para se locomover pela floresta.

Estado de conservação 

Acredita-se que a extinção dos animais tenha sido desencadeada por dois motivos específicos. 

Em 1979, 30 mangustos foram introduzidos nas Ilhas de Amami-Oshima para controlar a população de cobras Habu do local. Porém, os animais passaram a caçar os coelhos-de-amami em conjunto com outras espécies nativas da ilha. Adicionalmente, acredita-se que os coelhos-de-amami eram caçados por humanos, prática que se tornou ilegal a partir de 1921 através de uma proteção legal feita no Japão. 

O Ministério do Meio Ambiente da Prefeitura de Kagoshima estimou que apenas 2 mil a 4 mil coelhos-de-amami habitavam Amami-Oshima em 2003. Porém, medidas como a proibição da caça do animal e captura de mangustos em cooperação com residentes locais que ocorre desde 2005 impulsionou o aumento populacional da espécie. 

Baseando-se na quantidade de excrementos produzidos pelos animais, o ministério estimou em 2015 que 15 mil a 19 mil coelhos povoaram a ilha. Em 2016, a estimativa caiu entre 6 mil a 8 mil. Entretanto, embora as estimativas apresentem uma ampla gama, o Ministério do Meio Ambiente acredita que a população dos coelhos-de-amami continua crescendo. 

Representantes da IUCN têm exigido que o Japão tome medidas contínuas contra espécies exóticas que ameacem a população de coelhos-de-amami. Desde 2018, o Japão também impulsiona a captura de outros animais, como felinos selvagens, que são potenciais predadores da espécie. 

Além disso, o governo pretende candidatar-se como um monumento natural, também conhecido como World Heritage, papel que oferece proteção por uma convenção internacional administrada pela Organização das Nações Unidas.

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O importante papel do coelho-de-amami na natureza

Uma pesquisa realizada pela Kobe University comprovou que o coelho-de-amami possui um grande papel na biodiversidade de seu habitat. 

Enquanto a dispersão de sementes é essencial para a evolução e ecologia de plantas terrestres, muitos especialistas questionavam como plantas não fotossintéticas são dispersas. Uma das hipóteses levantadas por cientistas é de que o coelho-de-amami pode ter um papel para plantas nativas das Ilhas Amami-Oshima.

O objeto do estudo foi da planta Balanophora yuwanensis. A espécie é um parasita obrigatório específico do hospedeiro, ou seja, o transporte eficiente de sementes requer que elas sejam depositadas perto das raízes de um hospedeiro compatível.

Para investigar a hipótese, cientistas observaram os hábitos dos coelhos-de-amami através de câmeras infravermelhas. Assim, comprovaram que esses animais eram os principais consumidores da planta.

Adicionalmente, amostras fecais coletadas no campo continham pelo menos algumas sementes viáveis ​​de B. yuwanensis, provando o papel do mamífero como dispersor de sementes. 

Confira o vídeo a seguir, que mostra o coelho-de-amami consumindo a planta: 


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