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Por Nações Unidas Brasil | Para marcar a data, a Agência da ONU para as Migrações (OIM) no Brasil conta a história de Rafael, um músico venezuelano que encontrou no Brasil um espaço de acolhida para ele e seu violino. 

Hoje em Boa Vista, Rafael é professor no Instituto Boa Vista de Música (IBVM), desenvolvido desde 2005 pela Prefeitura Municipal com a finalidade de ensino gratuito e o desenvolvimento artístico. Na turma de Rafael, são mais de 50 alunos com idades a partir dos 6 anos. 

Na rua da casa dos avós, em uma pequena região do estado de Bolívar, na Venezuela, Rafael encontrou a primeira paixão da vida. Todos os dias, o som vindo de uma escola de música chegava aos ouvidos cada vez mais atentos e curiosos do rapaz. Aos seis anos, a tia o convidou para conhecer o que acontecia naquela sala. Foi quando descobriu a Orquestra Sinfônica Infantil.  

“Foi o meu primeiro contato com a música. Desde esse momento, foi uma paixão. E é assim até hoje”, sorri com a lembrança. 

Os primeiros caminhos com a música erudita ocorreram com a flauta, mas quando ganhou um violino soube que havia encontrado o que desejava. Com o instrumento, recebeu todas as instruções e preparações dentro da orquestra para seguir na carreira musical.  

“Eu era uma criança, mas eu já queria tocar como os outros tocavam. Era uma emoção e gratidão por fazer algo que eu realmente queria fazer. Eles me deram uma oportunidade de conhecer um mundo que, para mim, era totalmente desconhecido”, relembra. Aos 13 anos, teve contato com as famosas orquestras venezuelanas, em Caracas, ao ser selecionado para estar em um grupo que tocaria em grandes teatros. “Ali, eu fiquei totalmente apaixonado. Eu estava fazendo parte de alguma coisa”, complementa. 

Motivado, terminou os estudos escolares e declarou para os pais: “quero estudar música”. Foi quando fez uma audição para o Conservatório de Música Simon Bolívar, que fica na capital venezuelana, onde estudou durante oito anos, se tornando músico profissional. 

Porém, as dificuldades de seguir carreira na Venezuela começaram a aparecer. Para continuar tocando, decidiu atravessar a fronteira que delimita o próprio país com o norte do Brasil. Ao chegar no município de Pacaraima, no estado de Roraima, percebeu o contexto que estava e que, a partir daquele momento, era uma pessoa em deslocamento.  “Era fevereiro de 2020. Vi muitas pessoas venezuelanas esperando a documentação e entendi a realidade do meu país”, comenta. 

Com a permissão de entrada, seguiu viagem para a capital Boa Vista para finalizar o processo de regularização migratória apoiado pela Agência da ONU para as Migrações (OIM). Em terras brasileiras, viu a oportunidade de seguir com a música e, dessa vez, unindo a educação a sua paixão. 

No Instituto Boa Vista de Música (IBVM), encontrou colegas músicos venezuelanos, que traçaram os mesmos passos que ele, permitindo uma interculturalidade junto com crianças refugiadas, migrantes e brasileiras. O instituto é desenvolvido desde 2005 pela Prefeitura Municipal com a finalidade do ensino gratuito e o desenvolvimento artístico. Na turma de Rafael, são mais de 50 alunos com idades a partir dos 6 anos.  

“O que sinto no Brasil é que é um país apaixonado pela educação. Estou fazendo parte de uma instituição que leva para crianças com vulnerabilidade uma educação de qualidade. Eu sinto um espelho do que eu fui, estou olhando e sendo parte do que uma vez eu recebi”, celebrou.  

Futuro – Além de apoiar futuros músicos em um novo país, Rafael também passou a ter novos sonhos. Com o mesmo violino que ganhou quando criança e o acompanhou durante os 25 anos de carreira, irá finalizar a licenciatura em Música, assim como deseja fazer parte de uma grande orquestra profissional brasileira. 

“A música é vida. Forma parte de mim. Sinto que eu não conseguiria continuar em outro caminho porque me ensinou a ser parte integralmente de uma sociedade, me colocou nos melhores palcos do mundo e agora estou no Brasil, graças a uma instituição que me acolheu”, conta. “Eu sou imigrante. A música é um reencontro quando saímos do nosso país, ela me trouxe de volta, me deu chão novamente. Por isso eu falo: a música está ligada à migração. É uma linguagem universal. Quando tocamos, lembramos das nossas orquestras na Venezuela. E aqui criamos esse laço de continuar o nosso legado de músicos profissionais”, finaliza. 

Este texto foi originalmente publicado pela Nações Unidas Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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