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Um dos mais afetados pela pandemia, setor enxerga potencial nas unidades de conservação

Por Tassia Menezes e Giovana Gimenes em Conexão UFRJ A pandemia fez do turismo um dos setores mais afetados economicamente pelos efeitos do isolamento e da necessidade de distanciamento social. Agora, com o avanço da vacinação no Brasil e mais de 62% da população completamente vacinados, é possível a retomada mais segura dessas atividades, que movimentaram mais de R$ 9,6 bilhões apenas no mês de maio deste ano. A flexibilização para a retomada do turismo no pós-pandemia tem apresentado também mudanças na preferência dos turistas, que estão priorizando áreas abertas, relacionadas ao ecoturismo, turismo de natureza e aventura.

Até 2019, ano anterior à pandemia, o número de visitantes em parques e unidades de conservação (UCs) federais brasileiros cresceu mais de 300%, subindo de cerca de 2,9 milhões de visitantes em 2006 para aproximadamente 12,4 milhões em 2019. Durante o período de isolamento, as visitas à maioria dos parques foram suspensas. No entanto, vários já retomaram suas atividades e estão abertos para receber visitantes, fortalecendo uma movimentação que gera recursos de diversas maneiras.

Além de movimentar receita para o próprio parque, que pode ser usada para conservação, o turismo nessas regiões desenvolve o comércio local, bem como outras atividades turísticas: visita guiada, observação de aves e cetáceos (baleias e golfinhos), turismo de base indígena, quilombola, ribeirinho e caiçara. Esses são alguns exemplos de uma cadeia que abrange ainda restaurantes, pousadas e profissionais.

Em entrevista, Carlos Eduardo Frickmann Young, coordenador do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Gema) do Instituto de Economia (IE) da Universidade Federal do Rio de Janeiro, lembrou: “A gente precisa abrir os parques, parar com essa ideia idealizada de uma natureza sem gente. O que muda é como se faz essa visitação”. Segundo ele, é importante priorizar atividades de baixo impacto ecológico, sobretudo nos parques e unidades de conservação brasileiros.

De acordo com o professor, turismo de natureza não necessariamente significa ecoturismo. Enquanto o primeiro pode incluir turismo de aventura − realizado em áreas naturais − e também outras atividades de visitação a parques, praias e unidades de conservação, o segundo foca em atividades de preservação e tem o cuidado de não afetar negativamente o espaço visitado. Dessa forma, o ecoturismo em cidades remotas e pequenas vilas é responsável por mudar as dinâmicas dos locais, gerando renda e propiciando o desenvolvimento das regiões alinhadas à preservação do meio ambiente, principal fonte de renda da população local.

Quanto vale o verde?

As UCs são os principais instrumentos de política pública para a preservação da biodiversidade brasileira. Importantes para a movimentação da economia, são um caminho para se pensar modelos de negócios e geração de renda sustentáveis. No entanto, apesar da importância, elas estão em risco de redução ou até desaparecimento no país, com recordes de desmatamento na Amazônia e focos de incêndio no Pantanal.

Nos últimos dois anos, mais de 13 mil quilômetros foram desflorestados na região amazônica, 22% a mais do que no período anterior. As queimadas no Centro-Oeste do país também se tornaram comuns: Chapada dos Guimarães e Pantanal foram, mais uma vez, palco de incêndios, que consumiram 1,3 milhão de hectares de janeiro a setembro deste ano, o equivalente a 8,7% do bioma, de acordo com o Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da UFRJ. A maioria dessas queimadas (86%) é criminosa, como informa o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

No estudo “Quanto Vale o Verde: A Importância Econômica das Unidades de Conservação Brasileira”, organizado por Young e Rodrigo Medeiros, pesquisadores buscam ampliar e consolidar o sistema das UCs. O objetivo é de que seja compreendido que, além de um espaço de conservação da biodiversidade, elas também são locais de geração de renda e movimentação financeira. Para o coordenador do Gema, essa compreensão fortaleceria a política ambiental, que desde o começo dos anos 90 contava com a tradição de continuidade, o que não tem acontecido.

Carlos Young explica que muitas das catástrofes que vemos hoje são resultado do desrespeito aos cargos técnicos, devido à decisão do governo federal de definir cargos militares para garantir a manutenção das UCs. “O militar não é treinado para proteção ambiental. O resultado foi um aumento do desmatamento, queimadas etc. Agora era para estar expandindo com gente de fora vindo para conhecer os parques, mas também a gastronomia, o artesanato. Mas infelizmente o que a gente vê é um receio”, concluiu.

Este texto é resultado das atividades do projeto de extensão “Laboratório Conexão UFRJ: Jornalismo, Ciências e Cidadania” e teve a supervisão da jornalista Tassia Menezes. 


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