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Os tokens não fungíveis (NFTs) são códigos que provam a autenticidade de uma arte digital e podem ser comercializados por milhares de dólares

NFTs ou Tokens Não-Fungíveis (Non-Fungible Token) são códigos que ficam ligados a alguma arte digital, identificando-a como a arte original e exclusiva. Essa arte pode ser uma imagem, um gif, uma música ou algum outro tipo de arquivo digital.

Esse termo tem ganhado cada vez mais popularidade e impactado diversos mercados, como o das obras de artes visuais e da música. Para os artistas, os NFTs são uma nova forma de garantir autoria e exclusividade às suas obras e, ainda, monetizá-las e envolver o público. Para investidores, os tokens são ativos digitais que podem se valorizar com o tempo e com percepção coletiva. Para o meio ambiente, é mais uma fonte de impacto com altos gastos de energia e emissões de gases do efeito estufa.

O que é token não-fungível (NFT)?

“Token” é como uma chave eletrônica, é um dispositivo físico que gera uma senha temporária para que um indivíduo possa realizar algo, como movimentações financeiras, com mais segurança. No contexto dos NFTs, “token” se refere ao nome de registro da arte digital. Por sua vez, “não-fungível” significa que os bens são únicos e insubstituíveis.

Portanto, os tokens não-fungíveis funcionam como um selo criptográfico e podem ser usados para provar a autenticidade de bens nos ambientes virtuais. Há quem defina o NFT como uma espécie de contrato no blockchain que garante que um determinado arquivo é original e que certa pessoa é oficialmente seu proprietário.

Muitos comparam os tokens não-fungíveis às cartas colecionáveis, como aquelas coleções de banca de esportes ou desenhos animados. A partir do momento que você tem uma carta, pode colecioná-la, vendê-la ou trocá-la. Tudo isso depende de sua raridade e do valor atribuído a ela pela sociedade naquele momento.

À primeira vista, é um conceito um pouco abstrato e complicado, por isso, também precisamos entender sua base tecnológica: o blockchain.

Blockchain

O NFT é baseado em blockchain, a mesma tecnologia que torna as criptomoedas (como o bitcoin) seguras. O blockchain foi descrito em 1991 como uma forma de validar no tempo documentos digitais, impedindo que eles fossem alterados posteriormente e tornando-os livres de falsificação. Ele começou a ser usado em 2009, por Satoshi Nakamoto, que criou a moeda digital criptográfica chamada bitcoin.

O blockchain funciona como um banco de dados não tradicional que pode ser acessado de qualquer computador. Cada informação nova é armazenada em um novo bloco que fica ligado aos outros blocos já existentes. Assim, forma-se uma cadeia de blocos com dados denominada blockchain.

Os dados são armazenados de forma linear e cronológica, sempre direcionados ao final da cadeia. Cada bloco tem um código chamado de hash e também apresenta o hash do bloco anterior a ele. O hash é criado a partir de uma função matemática que transforma as informações digitais em uma sequência de números e letras. Portanto, se algum bloco for editado, o hash muda e os outros blocos posteriores tornam-se inválidos.

É essa alteração do hash que faz com que a tecnologia torne os roubos mais difíceis – mas não impossíveis, tanto é que criptomoedas já foram roubadas. Para que um hacker consiga mudar um bloco, ele precisa mudar todos os outros blocos que vêm em sequência e precisaria de um computador mais potente que a tecnologia blockchain.

A maioria dos NFTs funcionam a partir do blockchain chamado Ethereum, uma plataforma em que a criptomoeda (Ether) equivale a R$ 11.944,04.

Crypto art

Jason Bailey, criador do blog Artnome, afirma que o blockchain impacta de quatro maneiras o mercado da arte:

  • Impulsionando vendas de arte digital por meio da escassez;
  • Democratizando o investimento em artes;
  • Reduzindo a falsificação;
  • Criando uma forma mais ética de pagar os artistas.

Os tokens não-fungíveis também deram luz a um novo universo: o da crypto art, que são obras de arte digitais raras associadas a NFTs únicos.

Isso nos leva a questionar qual é o real valor de uma imagem no ambiente digital, já que podemos reproduzi-la inúmeras vezes até mesmo por meio de um screenshot. O NFT se baseia na ideia de escassez digital, permitindo comprar e vender bens como se fossem objetos físicos. O token não-fungível coloca a pessoa como o proprietário do bem digital. E essa “propriedade” não pode ser copiada, pois é protegida pela tecnologia do blockchain.

No universo dos objetos físicos, como as obras de arte, isso seria como ter o original de uma obra ou a assinatura do artista. Todo mundo pode ter uma cópia ou uma réplica, mas somente um indivíduo tem o original da obra.

Surgiram vários mercados para que as pessoas comercializem os NFTs, como o OpenSea, Rarible, Grimes e a DADA, que funciona como uma galeria de arte on-line que permite a comercialização das obras.

Música

Os NFTs têm se expandido para outros tipos de comercializações e não somente obras de artes visuais. Artistas da música, por exemplo, também começaram a usar os tokens não-fungíveis para suas músicas, álbuns, lançamentos e uma série de outras possibilidades.

No Brasil, o músico André Abujamra vendeu um dos primeiros NFTs musicais brasileiro e é embaixador da plataforma Phonogram.me. Ela permite que qualquer pessoa compre o NFT de fonogramas que serão disponibilizados pelos músicos.

Ao comprar um NFT de determinado fonograma, a pessoa passa a ter o passe dele, ganhando em cima do que ele fizer parte. Ou seja, funciona como um investimento em música. Se o fonograma toca em alguma plataforma on-line ou no rádio, quem possui o NFT obtém uma parte dos ganhos.

A era dos memes

Os tokens não-fungíveis também são utilizados para os memes. O famoso Nyan Cat, por exemplo, teve seu gif vendido por 300 ETH, que equivale a quase US$ 450 mil.

Outros memes estão sendo comercializados por milhares de dólares, o que fez com que o criador do Nyan Cat criasse o evento chamado de “Memeconomy” que constitui, basicamente, um leilão de memes.

Em suma, os NFTs se espalharam pelas inúmeras possibilidades do universo digital e diversos mercados têm aproveitado os tokens. Os jogos também não ficaram de fora e já ensaiam a possibilidade de itens colecionáveis que podem ser valorizados com o passar do tempo.

O CryptoKitties é um jogo que já fez bastante sucesso e causou polêmicas. Nele, os usuários podem comprar gatos digitais exclusivos e criá-los no blockchain. Um dos gatos mais caros custou aproximadamente 170 mil dólares.

Os tokens não-fungíveis trazem uma reflexão sobre o real valor de um bem digital, afinal, o que nos leva a querer ser proprietário de algo que pode ser facilmente reproduzido? Tudo indica que o valor de um NFT é definido de acordo com a percepção do coletivo em relação à sua autenticidade. É a lógica da escassez e a necessidade de posse de algo autêntico e exclusivo.

Apesar de apontar benefícios para os artistas, também nasceu um novo risco: alguém pode criar um NFT para a obra antes mesmo do artista ou até se passar por ele. E o lado negativo não se resume a isso, também há sérios impactos ambientais advindos dos tokens não-fungíveis.

Os NFTs impactam negativamente o ambiente

Os NFTs consomem muita energia. Os principais mercados – como Nifty Gateway e Superare – utilizam a criptomoeda Ethereum que mantém um registro seguro de transações por meio de um processo denominado mineração, semelhante ao sistema que verifica os bitcoins. Isso envolve uma rede de computadores e bastante energia.

Diversos artistas têm trazido o debate à tona. O arquiteto Precht criou três obras de arte digitais com o objetivo de vendê-las usando a tecnologia blockchain, mas desistiu quando calculou o que isso consumiria de eletricidade e descobriu que seria o equivalente à energia que ele usaria em 20 anos.

Um artigo publicado no Quartz evidenciou a pegada de carbono, mostrando que, ao longo de seu ciclo de vida, um NFT pode acumular uma pegada de 211 quilos de dióxido de carbono, o equivalente a dirigir cerca de 825 quilômetros em um carro dos EUA movido à gasolina.

Em um evento promovido por Valérie Lemercier, cineasta e cantora, em que foram vendidos seis tokens não-fungíveis, foram consumidos 8,7 megawatts-hora de energia, número equivalente a dois anos de uso de energia de seu estúdio.

Um amigo de Lemercier, que a ajudou na investigação sobre os impactos dos NFTs, criou o Cryptowart.WTF que seleciona uma obra de crypto art e apresenta uma estimativa aproximada do uso de energia e das emissões associadas a ela.

Apesar de ter recebido muitas críticas por, de certa forma, culpar os artistas, a plataforma tornou mais forte o debate sobre os impactos dos NFTs. Com isso, muitos artistas têm buscado e incentivado cada vez mais uma maneira eco-friendly de negociar e vender os tokens não-fungíveis, há até mesmo um guia que descreve e sugere processos e plataformas para tornar os NFTs menos insustentáveis.


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