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A afirmação é do professor Pedro Luiz Côrtes ao constatar que a Região Metropolitana de São Paulo voltou a sofrer com a crise de abastecimento

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Por Jornal da USP.

Por Rádio USP.

Apesar das chuvas mais frequentes nos últimos meses do ano, os principais reservatórios de água da Região Metropolitana de São Paulo estão sofrendo com a crise de abastecimento. De acordo com a última atualização da Sabesp, às 9 horas do dia 25 de novembro de 2022, a Represa de Guarapiranga está com 64% do seu volume operacional, o Alto Tietê está com 45,6% e o Sistema Cantareira com apenas 32,3%.

Para efeito de comparação, em um ano comum, como 2009, nesse mesmo período, o Sistema Cantareira estava com 80,8% do seu volume, o Alto Tietê estava com 56% e o Guarapiranga estava com 94,6%, dados que evidenciam as mudanças ocorridas em pouco mais de dez anos. Hoje, considerando todos os reservatórios da Região Metropolitana de São Paulo, o volume operacional total é de 44,8%.

O professor Pedro Luiz Côrtes, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) e do Instituto de Energia e Ambiente (IEE) da USP, comenta que, no segundo semestre deste ano, ainda não há uma recarga substancial dos reservatórios. Para ele, a situação é preocupante se for comparada a outros anos: “Nós estamos muito abaixo do volume que seria desejável, do volume que seria esperado para esta época do ano”.

Um fator que pode ter contribuído para a irregularidade na distribuição das chuvas é o fenômeno climático-oceânico La Niña, caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do oceano Pacífico e pela influência no regime das chuvas no Brasil. Côrtes relata que existem divergências entre meteorologistas acerca da interferência do fenômeno nas chuvas em São Paulo. 

O professor entende que existe influência: “Ela tem acontecido, não na irregularidade das chuvas, mas também com uma redução do padrão do volume de chuvas. Às vezes, há uma notícia de que em algum lugar a chuva foi muito intensa e dá impressão de que choveu muito o mês inteiro, o problema é que a chuva é muito mal distribuída e na soma final do mês ela tem ficado abaixo do que seria esperado dentro de um padrão normal”.

Crise no abastecimento

O abastecimento de água da Região Metropolitana não passa por uma situação confortável. “Nós entramos no processo de uma outra crise hídrica”, afirma Côrtes. “A diferença é que, ao invés de termos um racionamento de um dia sem água e dois dias com água, algo desse tipo, em muitos bairros da cidade de São Paulo nós estamos tendo cortes noturnos de água”, completa. Por conta disso, algumas casas têm ficado cerca de 12 horas sem fornecimento de água, o que impacta principalmente a população que mora nos bairros mais distantes ou que não possui caixa d’água.

Além do fenômeno La Niña e da possibilidade da ocorrência do El Niño — responsável pelo aquecimento anormal das águas do oceano Pacífico — no segundo semestre de 2023, os reservatórios, sobretudo o Sistema Cantareira, também dependem das chuvas transportadas da Amazônia. Os chamados rios voadores carregam umidade à região Centro-Sul do Brasil, mas, nos últimos anos, o volume transportado está diminuindo sucessivamente.

Tendo em vista a situação preocupante dos reservatórios, em especial o do Sistema Cantareira — principal fonte de abastecimento da Região Metropolitana de São Paulo —, o professor alerta para a necessidade de novos modelos de abastecimento nas próximas décadas: “O sistema atual infelizmente não tem conseguido mostrar resiliências fáceis às mudanças climáticas”.

Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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