Estudo revela que exposição crônica a fungos em ambientes domésticos pode desencadear doenças pulmonares graves
Um em cada quatro casos de pneumonia por hipersensibilidade registrados em um centro especializado nos Estados Unidos teve relação direta com a presença de mofo nas residências dos pacientes. A descoberta, publicada na revista PLOS ONE, alerta para os riscos pouco conhecidos da exposição prolongada a fungos em ambientes fechados, problema que tende a se agravar com as mudanças climáticas e a falta de manutenção adequada em construções antigas.
Pesquisadores da Universidade do Texas Southwestern Medical Center analisaram registros de 231 pacientes diagnosticados com pneumonia por hipersensibilidade entre 2011 e 2019. Desse total, 54 tiveram contato comprovado com mofo em suas casas, principalmente em banheiros, quartos e sistemas de ar-condicionado. A maioria apresentava doença fibrótica, e quase 41% necessitavam de suporte de oxigênio.
O mofo se prolifera em áreas úmidas, como locais afetados por infiltrações, vazamentos ou enchentes. Mesmo pequenas quantidades de umidade, muitas vezes imperceptíveis, criam condições ideais para o crescimento de fungos. O problema é agravado pela falta de ventilação e por construções mal conservadas, fatores que favorecem a concentração de esporos no ar.
O estudo destacou que, entre os pacientes que eliminaram a exposição ao mofo, 12,2% tiveram melhora significativa na capacidade pulmonar em poucos meses—inclusive em casos de fibrose, condição antes considerada de difícil reversão. A sobrevida média sem necessidade de transplante pulmonar foi de 97,7 meses, resultado semelhante ao de pacientes expostos a agentes externos, como aves ou mofo ambiental.
Apesar dos impactos na saúde, a associação entre doenças respiratórias e mofo doméstico ainda é subdiagnosticada. Médicos frequentemente deixam de investigar o ambiente dos pacientes devido à falta de ferramentas padronizadas para identificar contaminação por fungos. Os pesquisadores recomendam que profissionais de saúde incluam questionários detalhados sobre exposição ambiental em casos de pneumonite crônica.
Com o aumento de chuvas intensas e temperaturas elevadas—condições que favorecem o crescimento de mofo—a conscientização sobre os riscos e a adoção de medidas preventivas tornam-se essenciais. Remover materiais porosos contaminados, consertar vazamentos e melhorar a ventilação são passos fundamentais para reduzir a presença de fungos em residências e, consequentemente, os riscos à saúde pulmonar.
A pesquisa reforça a necessidade de políticas públicas que abordem a qualidade do ar em ambientes internos, especialmente em regiões com alto índice de umidade. Enquanto isso, a população deve ficar atenta a sinais de infiltração e umidade excessiva, buscando resolver esses problemas antes que se tornem uma ameaça à saúde.