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Inspirada nas autoridades monetárias, Autoridade Nacional para o Risco Climático deve atuar de maneira interdisciplinar

Agência Pública

Por Anna Beatriz Anjos em Agência Pública | Em entrevista à Agência Pública nesta quarta-feira (10), a deputada federal eleita Marina Silva (Rede-SP) falou sobre sua proposta de criação de uma Autoridade Nacional para o Risco Climático, que coordenaria de maneira interdisciplinar a ação climática do governo brasileiro. Foi a estreia da ex-ministra do Meio Ambiente, cotada para reassumir o cargo no governo Lula, na Conferência do Clima da ONU, a COP27, que acontece em Sharm el-Sheikh, no Egito.

Segundo Marina, a ideia foi inspirada nas autoridades monetárias que “ficam de olho se estão sendo cumpridos os mecanismos de controle da inflação”. “Nesse caso, [a Autoridade supervisionaria] se estão sendo cumpridos os mecanismos de controle e redução das emissões [de gases do efeito estufa] para que o governo, nos seus mais diferentes segmentos responsáveis pela implementação dessa agenda, possa corrigir rumos, aprofundar políticas, e assim por diante”, explicou. “A ideia é evitar a inflação climática.”

Entre colaboradores da campanha de Lula, havia também a sugestão de construção de uma secretaria de emergência climática, que seria vinculada à Presidência da República. Questionada sobre o assunto, Marina afirmou que são duas propostas diferentes: a sua se refere a um órgão para “fazer o acompanhamento, a articulação da implementação e capacidade de resiliência do Brasil no plano nacional referente aos compromissos assumidos no âmbito do Acordo de Paris”.  Há expectativas de que o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que deve chegar à COP27 na próxima semana, faça algum anúncio sobre as áreas de clima e meio ambiente de seu governo durante a participação na conferência. 

Encontro com Kerry

Durante o dia, Marina cumpriu diversas agendas no evento: se encontrou com a vice-presidente da Colômbia e ativista ambiental Francia Márquez e com o vice-presidente para a América Laitina e o Caribe do Banco Mundial, Carlos Felipe Jaramillo. Também se reuniu com o enviado especial para o Clima dos Estados Unidos, John Kerry, a quem sugeriu um mecanismo de financiamento envolvendo os dois países. “Falei que já temos uma cooperação com a Noruega e a Alemanha [o Fundo Amazônia] e que seria muito bem-vinda a possibilidade de um aporte de recursos também por parte dos Estados Unidos”, relatou.


A deputada também destacou que os representantes dos EUA sinalizaram “fortemente” que o presidente Joe Biden vê com “muita expectativa” a vitória de Lula “para ampliarmos e aprofundarmos a cooperação em várias frentes”. Biden chega nesta sexta (11) à conferência.


Marina comentou ainda a retomada do multilateralismo que deve ocorrer durante o governo Lula. O Brasil já negocia com Indonésia e República Democrática do Congo um bloco de proteção das florestas tropicais no âmbito das negociações climáticas (os BICs, junção das letras iniciais dos três países), uma proposta defendida pela campanha de Lula nos últimos meses. A ex-ministra disse que o novo governo tem interesse na agenda de proteção de florestas por meio dos países “megaflorestais” – juntos, as três nações reúnem 52% das florestas primárias remanescentes no mundo. 

No entanto, critica o nome pelo qual a nova aliança tem sido apelidada – “Opep das florestas”, em alusão à Organização dos Países Exportadores de Petróleo. “A Opep é um cartel, um vetor de emissões. E, no caso, as florestas não são um cartel, [os países com florestas] trabalham muito com a ideia de cooperação, e em lugar de ser emissão é sequestro, estoque de carbono”, avaliou.

*Atualização: corrigimos o nome do representante do Banco Mundial com quem Marina Silva se encontrou.

Este texto foi originalmente publicado por Agência Pública de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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