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Os debates na COP23 passaram ao largo da necessidade de aumentar enormemente as metas de redução de emissões e de financiamento climático

A 23ª Conferência do Clima das Nações Unidas (COP23) chegou a seu encerramento em 17 de novembro, em Bonn, na Alemanha, cumprindo sua proposta inicial: foram aprovados diversos elementos para a construção, ao longo de 2018, do livro de regras que permitirá a implementação efetiva do Acordo de Paris sobre mudanças climáticas. Também foi criado um ambiente positivo entre os países para o Diálogo Talanoa, também em 2018, no qual deverá ser iniciado um esforço global de aumento de ambição. Infelizmente, porém, trata-se de sucessos pífios diante da escala da crise climática, que segue cada vez maior.

A COP23 foi bem-sucedida em evitar que o eterno racha entre países desenvolvidos e em desenvolvimento produzisse retrocessos na negociação internacional. Também conseguiu isolar os Estados Unidos, desfazendo o temor de que o governo negacionista de Donald Trump pudesse tentar atrapalhar o processo.

O Brasil chegou a Bonn tentando vender a imagem de bom moço com a queda na taxa de desmatamento, mas foi desmascarado rapidamente pelos atos do presidente Michel Temer em casa. Acabou levando um raro e merecido Fóssil do Dia pelos subsídios trilionários propostos ao pré-sal. No mesmo dia, se ofereceu para sediar a COP25, em 2019. Pode ser uma chance para o país reinserir o clima em sua agenda de desenvolvimento.

No entanto, os debates na COP23 passaram ao largo do que realmente importa: a necessidade de aumentar enormemente as metas de redução de emissões e de financiamento climático antes que a janela de oportunidade ainda aberta para limitar o aquecimento global a 1,5°C se feche. Segundo a ciência, a ambição coletiva precisa ser turbinada até 2020, mas os 195 membros da Convenção do Clima que permanecem fiéis ao Acordo de Paris até agora não se mostraram dispostos a botar as cartas na mesa. O blefe coletivo dos governos pode custar a segurança climática da humanidade neste século.

“A COP23 começou com o lema ‘mais longe, mais rápido, juntos’. Conseguiu entregar o ‘juntos’, o que é melhor que nada, mas não foi nem longe, nem rápido. Todas as expectativas agora ficam por conta da COP24, na Polônia, no ano que vem. O risco disso é enorme”, disse André Ferretti, gerente de Estratégias de Conservação da Fundação Grupo Boticário e coordenador-geral do Observatório do Clima.

“Vimos avanços importantes na regulamentação do Acordo de Paris, demonstrando alinhamento e comprometimento dos países. Entretanto ainda há uma lacuna muito grande entre os compromissos atuais e o que é necessário para entrar na rota do 1,5°C. Precisamos de mais ambição nas negociações, e muito mais ação prática nos países, onde as emissões ocorrem. O Brasil, em especial, continua tomando decisões políticas que vão na contramão dos objetivos do Acordo de Paris”, afirmou Maurício Voivodic, diretor-executivo do WWF Brasil.

“Em Bonn o a negociação internacional foi resgatada de uma possível reabertura do racha entre ricos e pobres países pobres. Só que, infelizmente, a atmosfera não está nem aí para nossos processos diplomáticos. O que precisamos agora é mais ambição em cortes de emissões e finanças, e isso esteve fora da mesa. Enquanto isso, a janela para prevenir o aquecimento global de 1,5°C está se fechando rapidamente”, disse Carlos Rittl, secretário-executivo do Observatório do Clima.

“O Brasil é muito importante para as negociações, mas nossas atuais políticas internas, que ameaçam as florestas e seus povos e dão grandes subsídios para energias poluentes, são tudo de que o mundo não precisa neste momento. Assim, saímos desta conferência como o país do faça o que eu digo, não o que eu faço. Há algum tempo deixamos de ser um bom exemplo na questão climática e agora caminhamos para o lado negativo da história”, afirmou Márcio Astrini, coordenador de Políticas Públicas do Greenpeace Brasil.



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