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Entenda como é a vida útil de um bicho-da-seda e como a indústria da seda explora esse animal

O bicho-da-seda é a larva, ou lagarta, da mariposa doméstica Bombyx mori, nativa da China e que foi introduzida no mundo inteiro através de um processo de domesticação. O inseto é o produtor primário da seda, material usado na indústria têxtil, mas que deriva do casulo que o animal usa para se proteger durante o estágio de pupa. 

A história da seda, ou do bicho-da-seda remonta aos tempos antigos da China — que continua sendo o maior produtor mundial do material. A lenda mais comum da origem do tecido data de 2640 a.C., quando a imperatriz chinesa Si-Ling-Chi andava por seu jardim e, aparentemente, um casulo do inseto caiu em sua xícara de chá, dissolvendo-se e revelando fios de seda. Ao procurar a origem do casulo, a imperatriz se deparou com uma amoreira que carregava os insetos. 

Bicho-da-seda pode ser importante para criar projetos sustentáveis e com design atraente

Ciclo de vida do bicho-da-seda

O ciclo de vida total do bicho da seda dura por volta de 6 a 8 semanas e se inicia a partir da eclosão dos ovos da mariposa, que leva de 7 a 10 dias. Tipicamente, quanto mais quente o tempo, mais rápido o inseto completará o seu ciclo de vida. No entanto, fatores como a umidade e a exposição à luz solar também podem influenciar esse tempo. 

Idealmente, o inseto recebe 12 horas diárias de exposição solar e 12 horas de escuridão por dia, em uma temperatura que varia entre 23 a 28ºC, em 85% a 95% de umidade. Porém, é quase impossível adquirir essas condições sem uma incubadora, o que contribuiu para a domesticação do bicho-da-seda.

Durante 22 a 30 dias, a lagarta se alimenta de folhas de amoreira e então se prepara para formar o casulo — processo que pode levar até 48 horas. Cada casulo é feito de um fio de seda contínuo, podendo atingir até 1 quilômetro de comprimento.

Depois de 14 dias dentro do casulo, as mariposas são formadas. Porém, devido a domesticação e criação do bicho-de-seda, elas não podem voar. A mariposa vive uma vida breve de 5 a 10 dias, com os machos geralmente vivendo mais que as fêmeas. 

A espécie acasala logo após de sair do casulo, podendo botar de 300 a 500 ovos.

mariposa do bicho-da-seda
Imagem de Nikita, disponível em Flickr sob a licença CC BY 2.0

Qual é a função do bicho-da-seda?

As lagartas do bicho-da-seda produzem a seda ao formarem seus casulos. Porém, essa não é a sua única função dentro dos costumes da humanidade. De fato, algumas culturas asiáticas consomem o animal após a produção do tecido. 

Na China e no Vietnã, por exemplo, os insetos são fritos para o consumo. Na Coreia do Sul, os bichos-da-seda são conhecidos como peondegi, temperados e cozidos em grandes caldeirões, comumente encontrados em mercados ao ar livre.

Existem duas motivações ambientalmente conscientes para o consumo da iguaria. Em primeiro lugar, ele faz parte de um tipo de consciência de desperdício zero, em que é um subproduto da produção da seda. 

Além disso, como a maioria dos outros insetos usados na alimentação humana, o bicho-da-seda não é um grande contribuinte para as emissões de gases do efeito estufa, diferentemente de outros animais criados para consumo. 

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O problema da produção da seda 

Produtos de seda são fabricados a partir do casulo do bicho-da-seda há mais de 4 mil anos e, atualmente, mais de 10 milhões de agricultores criam os insetos na China, produzindo cerca de metade da oferta mundial. Entretanto, muitos acreditam que o material é uma consequência do sofrimento de milhões de animais. 

Embora muitos questionem a senciência de insetos em geral, a seda é um produto do sofrimento animal — estima-se que mais de 6 mil insetos sejam mortos para a confecção de apenas um quilo do material. Na produção convencional do tecido, os trabalhadores da indústria da seda muitas vezes fervem os casulos para ter acesso ao material. Similarmente, a seda também pode ser feita matando as larvas pouco antes de começarem a tecer os casulos, a partir da extração das glândulas de seda.

Além disso, as mariposas fêmeas da indústria são descartadas e seus corpos são examinados ao microscópio em busca de doenças após botarem os ovos. Os machos, por outro lado, são imediatamente descartados após o acasalamento.

Frente aos problemas da indústria da seda, muitos consumidores procuraram alternativas cruetly-free do tecido, o que impulsionou a criação da seda ohimsa, ou “seda da paz”. Porém, segundo informações da PETA, “embora os vendedores afirmem que estes materiais foram produzidos a partir de casulos recolhidos após o surgimento natural das mariposas, não existem autoridades de certificação para garantir que estes padrões sejam respeitados, e há relatos de seda convencional sendo vendida como ‘seda da paz’.”

Existem tecidos similares à seda, mas confeccionados através de fibras sintéticas, como o poliéster e o nylon, cuja produção possui impactos ambientais. Portanto, a melhor alternativa é a exclusão de fibras sintéticas e animais. 

Outros animais produzem seda? 

A maioria da seda comercializada em escala industrial é feita a partir do bicho-da-seda, porém, alguns fabricantes exploram outros métodos de confecção do tecido. Esse é o caso da teia de aranha, que é vista como uma alternativa ao material convencional devido à sua resistência.

Pensando nisso, Junpeng Mi, pesquisador da Faculdade de Ciências Biológicas e Engenharia Médica da Universidade Donghua, criou a primeira seda feita a partir de bichos-da-seda geneticamente modificados. 

Em uma pesquisa publicada no jornal Matter, o especialista evidenciou sem campo de estudo. Nele, Mi e seus colegas introduziram uma proteína específica de uma espécie de aranha ao DNA dos bichos-da-seda, o que resultou na criação de fibras de alta resistência à tração (1.299 MPa) e tenacidade (319 MJ/m3).

“A seda da aranha é um recurso estratégico com necessidade urgente de exploração. O desempenho mecânico excepcionalmente alto das fibras produzidas neste estudo é uma promessa significativa neste campo. Esse tipo de fibra pode ser utilizado como suturas cirúrgicas, atendendo a uma demanda global superior a 300 milhões de procedimentos anuais”, disse o especialista. 


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