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Derretimento acelerado do Yala, que perdeu 66% de sua área em 50 anos, simboliza crise climática global

Em maio deste anos, sob o som de mantras budistas e bandeiras de oração ao vento, dezenas de pessoas subiram até a geleira Yala, no norte do Nepal, para uma cerimônia fúnebre incomum. O ritual marcou não apenas o desaparecimento iminente de uma massa de gelo milenar, mas também soou como um alerta dramático sobre o colapso acelerado das geleiras no planeta.  

O funeral de um gigante de gelo

Localizado entre 5.170 e 5.750 metros de altitude no Vale de Langtang, o Yala já foi uma das geleiras mais estudadas do Himalaia. Hoje, é um símbolo da crise climática: desde 1974, perdeu 66% de sua área e recuou 784 metros. Cientistas do Centro Internacional para o Desenvolvimento Integrado das Montanhas (ICIMOD) projetam que, se o aquecimento global persistir, ela pode sumir completamente até a década de 2040.  

Sharad Prasad Joshi, especialista em criosfera, testemunhou a agonia do Yala por quatro décadas. “Vi seu tamanho reduzir pela metade. Tememos que a próxima geração nem o conheça”, lamentou à revista Phys. 

Durante o ritual, monges budistas abençoaram duas placas de granote com mensagens em nepalês, inglês e tibetano. Uma delas trazia um trecho do escritor islandês Andri Snaer Magnason, cujas palavras também marcam o local do primeiro funeral de geleira do mundo, na Islândia.  

Crise global, alerta urgente

O evento ocorreu em um contexto alarmante. Dados do serviço climático Copernicus revelaram que abril de 2025 foi o segundo mês mais quente já registrado. Em 21 dos últimos 22 meses, as temperaturas globais ultrapassaram 1,5°C acima dos níveis pré-industriais – limite estabelecido pelo Acordo de Paris para evitar catástrofes irreversíveis.  

O Yala integra um grupo de sete geleiras monitoradas há mais de uma década no Hindu Kush Himalaia, região que abriga o maior volume de gelo fora dos polos. Sua água derretida sustenta quase 2 bilhões de pessoas, mas o derretimento acelerado – 65% mais rápido neste século – ameaça desestabilizar ecossistemas e economias.  

O preço da inação

Em 2024, todas as 19 regiões glaciais do mundo registraram perda de massa pelo terceiro ano consecutivo, somando 450 bilhões de toneladas de gelo desaparecidas, segundo a ONU. Maheshwar Dhakal, do governo nepalês, destacou a ironia trágica: o país, responsável por menos de 0,1% das emissões globais, está na linha de frente do colapso.  

“O destino das geleiras como Yala é o nosso próprio destino. Pedimos ação imediata, porque essa perda é irreversível em escala humana”, afirmou Dhakal ao Phys. Enquanto as placas do funeral ecoam a pergunta “Vocês saberão se agimos?”, a resposta ainda depende de escolhas globais.  


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