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A implementação da economia circular é uma aposta para otimizar o ciclo de vida do plástico

O ciclo de vida do plástico é todo o decurso feito por qualquer produto de plástico, desde a extração e processamento de suas matérias-primas até seu pós-descarte.

Uma sociedade bem desenvolvida deve levar em conta o ciclo de vida do plástico na gestão de todos processos sócio-políticos-econômicos, de modo que os impactos socioambientais negativos desse tipo de produto sejam sempre os menores possíveis. Uma das formas de colocar em prática essa concepção econômica é por meio da implementação da economia circular.

Ciclo de vida do plástico e impactos ambientais

A produção e uso crescente do plástico superou a capacidade da sociedade gerenciá-lo de modo eficaz até o fim de sua vida útil. Em outras palavras, o manejo do plástico, um material tão útil e versátil, se desenvolveu de modo não sustentável.

No Reino Unido, menos da metade das embalagens de plástico, que representam mais da metade dos resíduos de embalagens, são recicladas. Em São Paulo, onde são produzidas 12 mil toneladas de lixo domiciliar todos os dias, o montante de lixo poderia cobrir até 53 metros de altura de toda a avenida Paulista, principal via da cidade. Porém, de um potencial de 40% de reciclagem de resíduos (incluindo os feitos de plástico, que representam parte significativa do total), São Paulo recicla atualmente apenas 7%. O restante segue diretamente para os aterros sanitários, onde são inutilizados e ainda contribuem para a poluição.

Estimativas apontam que até o ano de 2050, o oceano terá, em peso, mais plástico do que peixes. Além disso, está confirmado: o intestino humano também tem microplásticos. Isso muito provavelmente porque o plástico já entrou na cadeia alimentar. Ele está no sal, nos alimentos, no ar e na água.

Um ciclo de vida do plástico mal gerido dá brecha para que esse tipo de produto escape para o meio ambiente. O plástico mata 1,5 milhão de animais ao ano, e, uma vez no ambiente, acaba absorvendo substâncias bioacumulativas e com ação disruptora endócrina.

Sem falar dos que já possuem, de fábrica, substâncias perigosas, como os bisfenóis. Saiba mais sobre eles na matéria: “Conheça os tipos de bisfenol e seus riscos“.

Dessa forma, é preciso tornar mais eficaz o ciclo de vida do plástico, de modo que sejam levados em conta os seis erres da sustentabilidade e a circularidade econômica desse produto.

Os seis “erres”da sustentabilidade

De acordo com artigo publicado pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), os seis “erres” da sustentabilidade essas são as etapas para o planejamento de um novo produto ou para melhorar um que já existente. O pensamento se baseia nos seguintes conceitos:

Repensar:

Examinar o produto para que ele seja o mais eficiente possível;

Repor (substituir):

Verificar a possibilidade de substituir algum item que seja tóxico por outro que impacte menos a saúde humana e o ambiente;

Reparar:

Desenvolver um produto que possa ter suas partes ou peças reparadas;

Reduzir:

Pensar em uma forma de reduzir o consumo de matéria-prima, de energia, de água e a emissão de poluentes;

Reutilizar:

Pensar em um produto que tenha suas partes ou materiais passíveis de serem utilizadas novamente;

Reciclar:

Transformar os produtos e materiais que seriam jogados fora em matéria-prima ou em novos produtos com outra utilidade.

Economia circular e otimização do ciclo de vida do plástico

A categorização dos diferentes tipos de plástico é o primeiro passo ao encontro da otimização do ciclo de vida do plástico.

É preciso reconhecer que os plásticos não são todos iguais e desenvolver um novo sistema de categorização baseado no tempo que eles são usados. Um estudo que desenvolveu cinco “categorias de fase de uso” forneceu uma nova abordagem para enquadrar a discussão na eficiência do uso de recursos do ciclo de vida do plástico, concentrando a atenção nos impactos dominantes do ciclo de vida de diferentes materiais.

Conheça os tipos de plásticos existentes

Essas categorias são as seguintes:

Tempo de uso muito curto (menos que um dia) formato pequeno

Nessa categoria estão produtos de plástico como os cotonetes, filtro de café, embalagens para confeitaria, produtos médicos, higiênicos, lenços umedecidos, etiquetas de roupas, cápsulas de café (alguns modelos), entre outros. Formas de otimização do ciclo de vida desses produtos seriam a eliminação do produto no mercado ou ou a substituição do material plástico por outro menos impactante. No quesito “cápsulas de café”, o Brasil tem exemplos bem sucedidos, que você pode conferir na matéria: “Nespresso: café, cápsula, máquinas e sustentabilidade?“.

Formato médio de tempo de uso muito curto (menos que um dia)

Copos plásticos descartáveis, pratos descartáveis, recipientes para viagem, sacos de plástico, talheres de plástico, todos esse produtos de plástico se enquadram como de formato médio com tempo de uso muito curto.

Esse tipo de resíduo plastico fornece poucos benefícios funcionais e contribuem significativamente para a poluição marinha e terrestre. Dessa forma, seu uso deve ser reduzido e, em casos em que isso não é possível, devem haver alternativas de reutilização ou que sejam compostáveis.

Tempo de uso curto (mais que um dia menos que dois anos)

Recipientes para alimentos e bebidas, cosméticos, filmes agrícolas e bolsas costumam ter um tempo de uso curto. Para esse tipo de resíduo, o estudo sugeriu a padronização do design ecológico, incluindo matéria-prima reciclada, classificação correta, aumento da separação, esquemas de devolução de depósitos e educação para aumentar a vida útil do produto.

Tempo de uso médio (maior que dois anos e menor que 12 anos)

Para objetos como peças de carro; componentes de equipamentos eletrônicos como celulares e computadores; caixas de distribuição reutilizáveis, brinquedos, equipamentos de pesca, sugere-se que sejam desenvolvidos de modo que tenham sua durabilidade estendida. Além disso, também devem ser desenhadas peças compatíveis e moduláveis. São necessários dados sobre as taxas de reciclagem desses objetos; ampliação da responsabilidade do produtor e melhoria na classificação e na separação.

Tempo de uso prolongado (maior que 12 anos)

Componentes de janelas, materiais de estruturas elétricas, encanamentos, placas isolantes, painéis de parede, telhas e tapetes, ao fim de sua vida útil, são resíduos que carecem de informação suficiente a respeito de taxas de reutilização e reciclagem. São necessárias melhorias nas operações de separação, classificação e informações a respeito do produto. Além disso, é necessário que essas peças sejam desenhadas para durarem mais, serem compatíveis e moduláveis.

É preciso gerar demanda por plástico reciclado de modo que sejam reduzidos os choques de mercado relacionados aos preços do petróleo e os impactos da produção de plástico.

De acordo com o Resourcing the Future Conference, para alguns itens da categoria 1, 2 e 3, há crescentes demandas para que os produtores paguem pelos custos de limpeza de lixo marinho e terrestre. Nesse sentido, de acordo o relatório, as intervenções ligadas ao número de produtos, em vez de peso, podem ser eficazes no reconhecimento e na correção dos custos de impacto.

A melhoria da classificação e separação dos componentes plásticos para viabilizar a reciclagem, requererá, como consequência, um aumento nas capacidades infraestruturais de processamento. As intervenções precisam atender às diferentes necessidades em todas as categorias de fase de uso, incorporando produtos de descartáveis e não descartáveis.

Os governos precisarão trabalhar com a indústria para elaborar uma gama de instrumentos financeiros e mecanismos que suportem esses requisitos do ciclo de vida do plástico.

Também é preciso um esclarecimento sobre o papel dos bioplásticos. A biodegradabilidade das embalagens tem sido considerada uma característica desejável para o plástico, juntamente com a reciclabilidade. No entanto, as implicações para o setor de recursos de expandir seu uso precisam de estratégias urgentes. É importante que qualquer decisão futura seja acordada, levando em conta o sistema de coleta e tratamento existente e outras partes do setor de reciclagem de plásticos.

A poluição marinha e o uso excessivo de embalagens motivaram uma série de iniciativas no Reino Unido, como “corredores livres de plástico” em supermercados, proibições de sacolas de compras e propostas de esquemas de devolução de embalagens.

No entanto, a publicidade negativa em torno dos plásticos e, em particular, dos plásticos descartáveis, tem o potencial de influenciar a tomada de decisões sem considerar evidências sólidas. Isso poderia resultar em consequências não intencionais em termos de impactos ambientais, sociais e econômicos, e trabalhar contra os esforços de transição para uma economia circular.

Na visão geral, a estrutura e a orientação de intervenção devem desenvolver estratégias para: projetar e fabricar produtos de plástico para uso mais longo e melhor tratamento ou descarte no fim da vida útil; maximizar os benefícios ambientais durante o uso de produtos de plástico e aumentar a quantidade de plásticos que são reutilizados, reciclados e recuperados.

Além disso, é preciso incentivar pontos de recarga de água em locais públicos e de negócios; implementar encargos negativos do uso de sacolas plásticas a pequenos varejistas; explorar a introdução de corredores de supermercado sem plástico e um conjunto de outras ações para “fechar” o ciclo de vida do plástico, mantendo o máximo valor e uso de matérias-primas, produtos e resíduos.

Essas ações vão encontro da concepção de economia circular, onde os resíduos são vistos como insumos para a produção de novos produtos. No meio ambiente, restos de frutas consumidas por animais se decompõem e viram adubo para plantas. Esse conceito também é chamado de “cradle to cradle” (do berço ao berço), onde não existe a ideia de resíduo, e tudo é continuamente nutriente para um novo ciclo. É um conceito baseado na inteligência da natureza, que se opõe ao processo produtivo linear.


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