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A questão central reside na necessidade de reciclar mais desses pneus, o que resultaria na redução do consumo de petróleo, energia e florestas para a fabricação de produtos à base de borracha

A produção de borracha natural consumiu mais de 4 milhões de hectares de floresta no sudeste da Ásia desde 1993, revela estudo recente. Esse impacto ambiental é consideravelmente maior do que se estimava anteriormente, representando de 2 a 3 vezes mais destruição na floresta tropical para plantações de borracha.

A borracha natural desempenha papel crucial na fabricação de pneus, oferecendo maior resistência, durabilidade e flexibilidade em comparação com a borracha sintética. Diversas composições de borracha natural e sintética são utilizadas na produção de diferentes partes dos pneus.

A questão central reside na necessidade de reciclar mais desses pneus, o que resultaria na redução do consumo de petróleo, energia e florestas para a fabricação de produtos à base de borracha. Além disso, a reciclagem de pneus contribuiria para a diminuição da acumulação de resíduos em aterros ou sua queima prejudicial.

Apesar desses benefícios, a maioria dos produtos de borracha contém ínfimas quantidades de material reciclado. Globalmente, menos de 2% dos produtos de borracha são reciclados ou reutilizados, conforme apontado em um artigo de 2021. A pergunta que persiste é: o que nos impede?

A dificuldade reside no processo de cura ou vulcanização, necessário para tornar a borracha resistente a produtos químicos e ao calor, tornando-a desafiadora de reciclar. Contudo, uma solução promissora está surgindo através de um novo método de reciclagem desenvolvido por pesquisadores, incluindo este autor.

A complexidade da reciclagem de borracha é evidenciada pelo fato de que a borracha aquecida não derrete facilmente; ela queima, liberando grande quantidade de energia. A queima, que atualmente é uma prática comum na Europa para gerar energia, recupera apenas 37% da energia incorporada na borracha, gerando vapores tóxicos. A reciclagem, por outro lado, recupera mais valor material e limita a poluição.

Diversas empresas já possuem tecnologias de reciclagem capazes de decompor resíduos de borracha. A Continental, por exemplo, firmou parceria para fornecer borracha reciclada, reduzindo as emissões de CO₂ em até 90%. No entanto, a borracha reciclada ainda é limitada a concentrações de até 25%, resultando em produtos de qualidade inferior.

Recentemente, pesquisadores desenvolveram um material composto por 70% de borracha reciclada, mantendo a rigidez da borracha natural. Este avanço pode representar uma mudança significativa no cenário da reciclagem de pneus.

O processo de reciclagem da borracha exige a quebra seletiva das ligações químicas introduzidas durante o processo de cura, sem danificar o material em grande escala. Comparando a borracha a uma confusão de cabos, é essencial entender que os clipes devem ser quebrados cuidadosamente, sem comprometer os cabos.

Na Universidade de Bradford, pesquisadores desenvolveram uma tecnologia que decompõe seletivamente a borracha, produzindo um pó que pode ser utilizado na fabricação de novos produtos de borracha. Este método preserva a integridade dos cabos, tornando o pó mais compatível com as propriedades da borracha virgem.

Para tornar essa solução circular uma realidade, dependeremos do comprometimento dos fabricantes. Transformar o pó resultante em produtos exigirá esforço adicional, dada a complexidade da composição dos pneus, que inclui borracha sintética e natural, enchimentos, óleos de processamento e outros aditivos químicos.

No futuro, investimentos adequados poderiam impulsionar pesquisas sobre a química da borracha reciclada, incentivando os fabricantes a adotar esse material em seus produtos. Hoje, os pneus obsoletos são tratados como resíduos custosos, mas se a reciclagem de pneus puder gerar produtos de alto valor, poderão ser reconhecidos como recursos valiosos.

Aumentar o valor material dos resíduos de pneus não apenas impedirá o armazenamento ilegal, evitando potenciais incêndios tóxicos, mas também reduzirá a exportação de resíduos de pneus para países em desenvolvimento. Com investimentos adicionais, a economia circular dos pneus poderá ser uma realidade, dando uma nova vida aos 1,5 bilhão de pneus desperdiçados anualmente.

Fonte: The Conversation


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