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Entenda a veganofobia, a aversão – ou o famoso "ranço" – que algumas pessoas nutrem por veganos e vegetarianos

Veganofobia é um termo quase autoexplicativo, que se refere ao ódio irracional dirigido a pessoas adeptas do vegetarianismo ou do estilo de vida vegano. Os veganos tendem a ser especialmente afetados pela veganofobia, despertando em diferentes espaços sociais sentimentos de aversão e raiva que parecem desafiar a racionalidade.

Em 2015, um estudo publicado na revista Group Processes & Intergroup Relations concluiu que, em sociedades ocidentais, vegetarianos e veganos experimentam discriminação e preconceito em pé de igualdade com outras minorias. Aliás, segundo a pesquisa, somente os dependentes químicos inspirariam o mesmo grau de aversão e estigma que eles.

Mas o que estaria por trás de tanto ressentimento contra aqueles que simplesmente tentam minimizar os efeitos da ação humana sobre a qualidade de vida dos animais? E por que o veganismo, que abarca uma filosofia e um modo de vida baseados no respeito a todas as criaturas sencientes, acende tanto ódio em particular? A psicologia pode levantar algumas hipóteses e insights sobre o assunto.

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Por que o veganismo incomoda?

Se você se atrever a perguntar, veganofóbicos terão muitas explicações razoáveis ​​(e outras não tão razoáveis) para embasar sua fobia. Primeiro, vem o argumento da “hipocrisia”, fundamentado na ideia de que os veganos também têm sangue nas mãos. Isso na forma de massacres de plantas, do custo ambiental dos abacates e de todos os ratos do campo mortos durante colheitas de vegetais.

Por outro lado, uma pesquisa realizada na Austrália comprovou que homens são menos suscetíveis a adotar a filosofia de vida vegana. O motivo? Sua masculinidade. Ao serem perguntados se escolheriam uma alternativa plant-based de carne em restaurantes, os participantes da pesquisa negaram rapidamente. De acordo com as suas respostas, o consumo de produtos livres de carne poderia ser motivo de piada entre seus colegas, além de alegarem que a escolha “sacrificaria sua masculinidade”. 

Não é a primeira vez que a masculinidade frágil é associada à aversão ao veganismo. O cantor James Blunt já relatou que, ao se “irritar” com pessoas veganas, adotou uma dieta completamente carnívora. Essa adaptação resultou no desenvolvimento de escorbuto — a deficiência de vitamina C que pode ser evitada pelo consumo saudável de frutas e vegetais.

Outros argumentos populares incluem a percepção dos veganos como excessivamente presunçosos, arrogantes ou irritantes. Mas seriam essas realmente as razões pelas quais algumas pessoas odeiam veganos? Nem todo mundo está convencido. Alguns psicólogos acreditam que esse ressentimento possa estar associado a uma questão ética e/ou moral.

Questões éticas e morais

Quando um indivíduo se depara com um conflito interno é provável que ocorra um fenômeno chamado “dissonância cognitiva”, provocado pela sustentação de duas perspectivas incompatíveis ao mesmo tempo. Por exemplo, “por que condeno o consumo de carne de cachorro em algumas culturas, mas me sinto feliz comendo carne de vaca?”. Nesse caso, a afeição aos animais pode entrar em conflito com a noção de que é natural matar animais para comê-los (alguns, não todos!).

Alguns psicólogos chamam esse fenômeno de “paradoxo da carne” ou “esquizofrenia moral”. Uma maneira popular de resolver a dissonância cognitiva é raciocinar para resolvê-la. Esse “raciocínio motivado” pode ser um fator determinante para o esforço das pessoas em buscar explicações que justifiquem a escolha consciente pelo consumo de carne. Apesar da infinidade de evidências a respeito de seus impactos negativos na saúde humana e no meio ambiente.

Uma dessas explicações consiste em classificar adeptos do veganismo como pessoas chatas, ruins, hipócritas, ou arrogantes.

Em um estudo liderado por Julia Minson, psicóloga da Universidade da Pensilvânia, os participantes foram questionados sobre suas atitudes em relação aos veganos. Em seguida, foram solicitados a pensar em três palavras que associam a eles. Pouco menos da metade dos participantes tinha algo negativo a dizer e 45% incluíram na lista algum termo referente às suas características sociais. Por exemplo, os veganos foram descritos como esquisitos, arrogantes, entediantes, militantes, estúpidos e sádicos.

A descoberta também explica por que veganos e vegetarianos éticos são possivelmente mais irritantes para os onívoros do que aqueles que escolhem esse estilo de vida por motivos de saúde. Os argumentos que fogem totalmente da moralidade são muito menos agravantes. Porque não provocam no outro a sensação de que ele é quem está agindo de maneira incoerente.

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Cura para a veganofobia

Ironicamente, os mesmos preconceitos psicológicos também sugerem que campanhas pró-veganismo que enfocam o sofrimento animal poderiam ter o efeito oposto ao pretendido. Certas pessoas podem reagir às informações comendo menos carne. Porém, aqueles que optam por não mudar seu comportamento tendem, inconscientemente, a lidar com o próprio desconforto tentando justificar as suas ações.

Com poucas pesquisas sobre o tema e interesse ainda restrito a nichos, haveria “cura” para a veganofobia? Não se sabe. Mas, se a psicologia abriu o caminho para explorar o problema, talvez esteja nela a resposta. 

Enquanto isso, veganos e vegetarianos éticos continuarão irritando algumas pessoas e influenciando outras, em prol do bem-estar dos animais. Ainda bem.


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