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Conclusão é de estudo conduzido na UFSCar e premiado na edição mais recente do Congresso Brasileiro de Limnologia

Por Agência FAPESP | Quais impactos a transformação de florestas em monoculturas causa no funcionamento de riachos tropicais1? Essa foi a questão central de uma pesquisa de mestrado desenvolvida na Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

O estudo verificou que as mudanças no uso do solo alteram a estrutura das comunidades biológicas, os organismos presentes e suas redes de interações, fragilizando o funcionamento dos fluxos de energia – termo que se refere ao potencial que todo organismo tem para ser usado como fonte de energia por outro organismo.

A pesquisa foi desenvolvida durante o mestrado de Giovanna Collyer, sob orientação de Victor Satoru Saito, professor no Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais da UFSCar. Collyer recebeu o prêmio Harald Sioli de melhor artigo do biênio 2021-2022 no Congresso Brasileiro de Limnologia, promovido pela Associação Brasileira de Limnologia em novembro de 2022.

A pesquisa teve como objetivo estudar as comunidades de invertebrados aquáticos em riachos no Estado de São Paulo com o foco no gradiente de mudança de uso do solo, indo de florestas bem preservadas até riachos dentro de plantações de cana-de-açúcar.

“Analisamos o tamanho corpóreo dos organismos, considerando que em teias tróficas [cadeias alimentares] os organismos maiores se alimentam dos menores; então, compreender quantos e quais os tamanhos dos organismos presentes nos possibilita entender o funcionamento dessas teias tróficas”, explicou o orientador da pesquisa à Assessoria de Imprensa da UFSCar.

“Muitos desses organismos atuam no fluxo de energia e matéria, dentro e entre ecossistemas, processando a matéria orgânica que adentra os riachos e exportando energia para ecossistemas terrestres [por exemplo, insetos que emergem dos riachos e servem de alimento para aves]”, complementou o docente.

A partir dessa análise, o trabalho chegou a dois resultados interligados. O primeiro é que existe uma perda de diversidade nos riachos de monocultura, ou seja, menos espécies são encontradas. Além disso, mostrou-se que essas comunidades simplificadas, menos diversas, são compostas por uma teia trófica com menor quantidade de organismos grandes, predadores de topo.

“Esses resultados sugerem que as teias tróficas são simplificadas nos locais mais impactados, potencialmente gerando instabilidade no fluxo de energia. Imagine que uma rede trófica é uma malha de blusa. Em uma malha complexa, a retirada de um fio da blusa não impacta a estrutura da roupa, mas em uma blusa feita por poucas linhas interligadas a retirada de uma só linha pode colapsar a roupa toda! É dessa forma que vemos fragilizada a rede trófica em locais impactados. Por serem menos diversas, o fluxo de energia deve ser mais instável, o que pode resultar em menos predadores de topo, que dependem do fluxo de toda a rede para receberem energia”, explica Saito.

O trabalho de mestrado foi desenvolvido em São Paulo, onde a monocultura prevalente é a cana-de-açúcar. “As implicações observadas, porém, não se restringem ao Brasil. Acreditamos que as consequências encontradas sejam abrangentes para sistemas aquáticos sob a influência da intensificação do uso do solo”, afirmou o pesquisador.

O material biológico utilizado no trabalho foi coletado no âmbito de um projeto apoiado pela FAPESP.

Este texto foi originalmente publicado por Agência FAPESP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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