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Descendentes dos primeiros povos, que habitavam várias partes do mundo, os povos originários tem um papel fundamental na conservação e proteção da biodiversidade

Os povos originários são os primeiros habitantes, os povos que existiam e habitavam diferentes regiões do mundo que, posteriormente, foram colonizadas. 

Milhares de etnias formam os povos originários, que estão espalhados pelo planeta. Cada povo tem sua própria cultura, além de sua história e experiências acumuladas ao longo de milênios. Não existe uma forma de unificar todas as histórias, muito menos generalizar as diversas culturas. 

No entanto, apesar das características únicas de cada povo, os povos originários trazem algumas semelhanças. Um desses pontos em comum se refere a sua marginalização na presença das sociedades, em nível mundial. No histórico de todos os povos originários existe um capítulo, imposto pelo imperialismo ou colonialismo europeus, que perseguiu e tentou (e em muitos casos, conseguiu) suprimir sua existência. 

Em vários países do mundo, os povos originários sofrem com questões sociais associadas à falta de políticas públicas. Além disso, são vítimas de discriminação, racismo ambiental, preconceitos, desigualdades e intolerâncias. Sofrem todo o tipo de violência e vivem continuamente conflitos envolvendo, principalmente, a invasão e degradação de seus territórios.

Quem são os povos originários?

Os povos originários são formados por povos indígenas de diferentes etnias, espalhados por diversas regiões do mundo. São os Aborígenes na Austrália, os Mapuche na Patagônia, os Berberes ao norte da África, os Inuítes no Ártico Polar, os Guarani no Brasil e todas as outras mais de 5 mil etnias, presentes em 90 países.

Imagem de Vectonauta no Freepik

Dados da Organização das Nações Unidas (ONU) mostram que os povos originários somam mais de 476 milhões de pessoas.

Entrevista: o historiador John Hemming relata sua história com os povos indígenas amazônicos

Povos originários do Ártico

Apesar do frio intenso e de condições ambientais hostis, os povos originários habitam o Círculo Polar Ártico há milênios. Cerca de 10% da população dessas áreas é indígena. Estima-se que existam mais de 40 etnias dentre esses povos. 

Uma dessas etnias é a Saami. Os povos Saami habitam a região da Lapônia, conhecida no ocidente como a “terra do Papai Noel”. Para os povos originários, a região é chamada de Sápmi. A Lapônia engloba as áreas polares da Finlândia, Suécia, Noruega e a região noroeste da Rússia.

Povo Saami / Imagem de Old Photography from 1900 -1920, sob PDM 1.0 DEED, no Picryl

Segundo a cultura Saami, seus povos são as crianças do deus Vento, filhos do Sol e da Terra. De acordo com estudiosos, os ancestrais dos Saami chegaram à região de Sápmi cerca de 10 mil anos atrás. Por outro lado, os povos originários Saami trazem em seu histórico o sofrimento por questões relacionadas à violação de direitos, discriminação, violência racial e abusos. 

Esses povos tem enfrentado a perda de suas terras para fazendeiros e indústrias, sofrido discriminação por parte dos governos nórdicos, com tentativas constantes de ceifar sua cultura, língua nativa e religião.  

Mais ao leste, ao norte da Rússia, vivem os Nenets. Esses povos originários vivem difundidos entre o distrito siberiano autônomo Nenetsia, região costeira do oceano Ártico, e a Península Yamal. Yamal, na língua indígena dos Nenets, significa “fim do mundo”. 

Os Nenets são povos nômades, pastores de renas, que têm como padrão realizar migrações sazonais, viajando por rotas ancestrais. No inverno, quando as temperaturas chegam a 50 °C negativos, esses povos originários migram para o sul, para a Taiga, a floresta boreal russa. No verão, o sol da meia noite faz com que retornem ao norte. 

A cultura e o modo de vida desses povos foram ameaçados no passado, por invasões territoriais, colonização e aldeamento forçados, conflitos e todo tipo de violência. Já no século 21, eles têm sido afetados pela extração de gás natural na península. 

As estradas ficam comprometidas e a poluição, gerada pela atividade mineradora, impacta na pastagem. Além disso, os Nenets, que vivem em comunhão com a natureza, também sofrem os impactos do aquecimento global. As perigosas chuvas de inverno do Ártico têm aumentado sua frequência e intensidade, uma vez que a região ártica tem se tornado mais quente e úmida.

Povo Nenets / Imagem de Romanov Empire – Империя Романовых, sob PDM 1.0 DEED, no Picryl

Alguns outros povos originários do Ártico são: os Khanty, os Evenk e os Chukchi, na Rússia, os Aleut, os Yupik e os Inuit Iñupiat, no Alasca, os Inuit Inuvialuit, no Canadá e os Inuit Kalaallit, na Groenlândia.

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Joenia Wapichana: defensora dos direitos dos povos indígenas

Povos originários da América do Norte

No extremo norte do continente americano, a Constituição canadense reconhece três povos indígenas: os Inuit, os Métis e as “Primeiras Nações” (também referidos, no Canadá, como Indians). 

Os Inuits são popularmente conhecidos como esquimós. Em sua língua Inuktut, Inuit significa “as pessoas”. Já os Métis são comunidades indígenas miscigenadas. Esses povos surgiram por volta de 1600, no leste canadense, com a chegada dos exploradores europeus. Os Métis surgiram, de modo geral, da união de mulheres indígenas e homens europeus.

As Primeiras Nações remetem aos primeiros povos, aqueles que chegaram ao continente americano por volta de 15 mil anos atrás.

Em maio de 2021, veio a público a descoberta dos restos mortais de 215 crianças indígenas, no local onde funcionava um antigo internato, na Colúmbia Britânica. Esse tipo de escola existia em várias partes do país. Eram coordenadas por igrejas e financiadas pelo governo canadense. Seu principal objetivo era suprimir a cultura e erradicar as línguas indígenas.

Ao longo do século 20, existiam, pelo menos, 139 internatos no Canadá. A estimativa é de que 150 mil crianças indígenas foram obrigadas a frequentar esses recintos. 

No país vizinho, os Estados Unidos contam com 574 povos originários reconhecidos nacionalmente. Esses povos são denominados tribos, nações, bandos, pueblos, comunidades e aldeias nativas. Cerca de 229 etnias estão situadas no Alasca, o restante está espalhado por 35 estados norte-americanos. 

Os povos indígenas Apache, por exemplo, foram os povos que resistiram aos ataques de colonizadores por mais tempo. Já os povos Comanche são famosos na história (e até no cinema) pelo uso de cavalos em batalhas.

Povo Comanche / Imagem de Benjamin A. Gifford, sob domínio público, no Wikimedia Commons

Seguindo adiante, o México tem cerca de 68 comunidades de povos indígenas. Uma estimativa, divulgada pela Comisión Nacional para el Desarrollo de los Pueblos Indígenas, mostrou que pouco mais de 20% da população nacional se identifica como indígena. 

Duas de suas etnias, conhecidas mundialmente, são relacionadas aos povos Maia e Asteca. Suas ricas culturas atraem turistas e fomentam a economia local. 

Os Astecas formaram uma sociedade organizada e desenvolvida. Praticavam a policultura, eram ótimos arquitetos, confeccionavam tecidos e objetos em ouro. Desenvolviam a matemática e a astronomia. 

No início do século 16, esses povos tinham cerca de 500 cidades, que juntas formavam o Império Asteca. Dentre os povos originários das Américas, os Astecas figuram como os povos mais desenvolvidos dentre os ameríndios (povos originários das Américas).

Entretanto, o início do século 16 também foi marcado pelo fim do Império Asteca, graças à invasão espanhola.

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Sonia Guajajara, a primeira ministra indígena do Brasil

Povos originários da América Central

Os Maias habitavam, além do México, o que hoje corresponde a Guatemala, Honduras, Belize e El Salvador. 

A Guatemala foi lar dos Maias, desde o século 4. Cerca de 60% da população guatemalteca tem descendência indígena, de uma das mais de 20 etnias de origem Maia, no país.

Em Belize a população indígena chega a 30 mil pessoas. Dentre as maiores etnias estão os Garífunas, os Maias e os Mopán. Em El Salvador, existem três etnias: os Kakawiras, os Lencas e os Náhuatl-Pipil

Já na Costa Rica, existem oito etnias indígenas, espalhadas por 24 territórios, falando seis idiomas diferentes: os Chorotegas, os Térrabas, os Malkus, os Bribris, os Ngäbe, os Borucas, os Huetares e os Cabécares. Os povos indígenas costarriquenhos somam mais de 100 mil pessoas.

Em Honduras há uma mescla de indígenas e afro descendentes, que formam os povos Garífunas, Nahuas, Misquitos, Pech, Tawahkas, Maia-Chortis e Lencas.

O Panamá é formado, em parte, por cerca de 150 mil indígenas que habitam, principalmente, as cidades Bocas del Toro, Darién e Chiriquí. A população índigena panamenha é formada por sete povos originários: os Emberá, os Ngäbe, os Bribri, os Naso, os Bugle, os Guna e os Wounaan.

Em Nicarágua, em torno de 9% da população é descendente dos povos originários. Por outro lado, há uma mistura de culturas, formada por traços espanhóis, britânicos, africanos e ameríndios. Os povos Ostional e Nancimí, além dos Chorotega, os Garígunas e os Creoles são alguns exemplos.

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Genética ajuda a demonstrar colapso populacional de povos indígenas no Brasil após chegada de europeus

Povos originários da América do Sul

Dos países que formam a América do Sul, o Brasil é o país com a maior variedade étnica de povos originários. São 305 etnias indígenas vivas, somando quase 1.7 milhão de pessoas vivendo no território brasileiro. 

Na Argentina, são 35 povos originários reconhecidos formalmente. Os direitos dos povos indígenas só foram incluídos na Constituição argentina em 1994, apesar desta ter sido sancionada em 1853. Alguns dos povos indígenas argentinos são: os Atacama, Mapuche, Pampa, Quechua, Tupi Guarani, entre outros.

Na costa do pacífico, o Chile divide seus povos originários em três grupos principais, falantes da língua mapudungún. O primeiro grupo é dos Picunches, que significa “gente do norte”. Pela região que habitam, próximo ao rio Aconcágua, também são chamados de “Aconcáguas”. O segundo grupo é formado pelos Mapuches, ou “gente da terra”, o mais numeroso do país. E o terceiro são os Huilliches, que significa “gente do sul”.

Povo Mapuche, Chile / Imagem de Koebel, William Henry, 1872-1923, sob domínio público, no Wikimedia Commons

Além desses povos, também existiram os Rapanui, da Ilha de Páscoa. Extintos desde o século 19, os Rapanui eram um povo de cultura polinésia. Alguns outros povos originários chilenos incluem: os Diaguitas, os Atacameños e os Caucahués.

Por outro lado, a cultura uruguaia se considera, tradicionalmente, com uma população sem indígenas. Isso porque a etnia indígena só passou a ser incluída no censo do país a partir de 2011. Nessa ocasião, mais de 76 mil pessoas se declararam de ancestralidade indígena no Uruguai. 

Os Guarani são um dos povos originários que habitavam a região, além de outros, que também se expandiram para países vizinhos: os Charrúas, os Minuanes, os Bohanes, os Guenoas, os Yaros e os Chanaes.

No Paraguai, existem 19 povos indígenas. Apesar das fronteiras políticas dos países, os indígenas são povos transfronteiriços, que se comunicam e convivem com outros dos seus, no que costumava ser seu território ancestral. Mais uma vez, os Guarani estão presentes dentre os povos indígenas, além dos povos Ayoreo, que são povos indígenas isolados.

Existem 36 povos originários reconhecidos na Bolívia. Os povos Quechua e os Aymara estão em maior número na região ocidental dos Andes. Nas Terras Baixas, os Chiquitano, os Guarani e os Moxeño são os povos mais presentes.

No Peru habitam 55 povos indígenas. Só na região amazônica estão presentes 51 desses povos. Os outros quatro se encontram na região dos Andes. Os Quechua, por exemplo, habitam os Andes. Dos povos amazônicos, nove vivem isolados.

Mais ao norte, no Equador, existem 14 etnias indígenas, com aproximadamente 1 milhão de pessoas. Cerca de 24% desses povos habitam a região amazônica. Cerca de 800 mil indígenas equatorianos são dos povos Kichwa.

A Colômbia, com toda sua diversidade geográfica, tem 115 etnias indígenas diferentes em seu território. Pouco mais de 1.9 milhão de pessoas se reconhecem pertencentes aos povos originários. São 827 reservas indígenas formalizadas no país, a maior parte na região amazônica. 

Na Venezuela são 51 povos indígenas com etnias distintas. Os indígenas venezuelanos são alguns dos mais vulneráveis da América do Sul, graças ao aumento das atividades extrativistas e a total ausência de demarcação de seus territórios. Algumas das comunidades buscaram refúgio, inclusive, no Brasil. Alguns exemplos de povos indígenas refugiados são os Warao, os E’ñepa, os Pémon, os Kariña e os Wayúu.

Na Guiana, os povos indígenas são oficialmente reconhecidos como ameríndios e formam 10.5% da população. Os ameríndios compõem 9 diferentes etnias indígenas no país. Alguns deles, como os Wapichana, são povos transfronteiriços, com parte de seus habitantes no Brasil. 

Já na Guiana Francesa, habitam 10 mil indígenas que, tanto quanto no Brasil, sofrem diversas ameaças causadas pelo garimpo do ouro em suas terras. Ao todo, são 7 diferentes etnias.

Finalmente, no Suriname vivem quatro povos originários, somando mais de 20 mil pessoas. Além disso, existem pequenas comunidades de povos indígenas amazônicos, que somam cerca de 13 etnias. O sistema legislativo do país permanece colonial, não reconhecendo as comunidades indígenas, representando um desafio de sobrevivência a esses povos. 

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Povos originários do Brasil: os guardiões das florestas

Povos originários da Ásia

Nos países asiáticos “povos originários” ou “povos indígenas” são conhecidos, pelos governos, como minorias étnicas, tribos ou povos nativos. Segundo o tailandês Chiang Mai, do Asia Indigenous Peoples Pact (AIPP), os povos indígenas estabelecem, desde sempre, uma relação espiritual com seus territórios, que os caracterizam como guardiões de suas terras. 

Na Ásia ou em qualquer outra parte do mundo, os povos indígenas sofrem dos mesmo problemas, principalmente no que diz respeito à invasão de suas terras. Cerca de dois terços da população indígena mundial está concentrada na Ásia.

Na Indonésia, por exemplo, o governo reconhece oficialmente 365 povos indígenas de etnias diferentes. No entanto, esse número ultrapassa a 700 grupos indígenas. Mais de 7.5 milhões de hectares de terra estão cobertas com plantações de palma, para a retirada de seu óleo. Muitas dessas, em áreas que antes eram florestas nativas, habitadas por povos indígenas. Conflitos de terra também são comuns no Camboja, em Laos, na Malásia e nas Filipinas.

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Quem são e como vivem os indígenas Yanomami?

Povos originários da Oceania

Na Oceania, os povos originários são divididos em quatro grandes grupos, entre aborígenes australianos, polinésios, melanésios e micronésios. Na ilha australiana da Tasmânia, os aborígenes eram chamados de Palawa. Esse povo indígena foi praticamente dizimado, bem como os aborígenes continentais, no período de colonização britânica.

Povo Aborígene / Imagem de Historical Australian Towns, sob PDM 1.0 DEED, no Flickr

Os polinésios, além de habitarem a Nova Zelândia, também representam parte dos povos indígenas do Havaí (território norte americano) e, em tempos longínquos, habitaram a Ilha de Páscoa. Os Māori, Rapanui e Tongan são alguns outros povos originários dessa região.

Povos originários da África

O continente africano, formado por 54 países, é também o berço da humanidade. De acordo com o The Indigenous Peoples of Africa Co-ordinating Committee (IPACC), a África abriga 135 povos indígenas de etnias diferentes, espalhados por 21 países, do Marrocos até a África do Sul, passando pelas Ilhas Maurício.

Os povos originários San e Khoekhoe, por exemplo, são habitantes da África do Sul. O país, que passou pelo longo período racista do Apartheid, um regime de segregação racial que durou de 1948 a 1994, costumava identificar os povos indígenas pejorativamente como “coloured” (“de cor”, no idioma local que é o inglês). A comunidade indígena representa cerca de 1% da população total da África do Sul.

Segundo a bióloga e geneticista Tábita Hünemeier, de acordo com a teoria clássica, a origem de todos os povos vem do oriente africano subsaariano. Essa macro região fica ao leste do continente africano, sua costa é banhada pelo oceano Índico. 

O Homo sapiens (H. sapiens), ancestral do humano moderno, teria surgido há 200 mil anos. Ele teria se espalhado e se diversificado pelo continente africano, durante 100 mil anos. Para se situar no tempo, vale lembrar que o planeta Terra tem cerca de 4.5 bilhões de anos.

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Como os povos originários se espalharam pelo mundo?

Os H. sapiens teriam convivido com os Homo erectus no continente africano e também com os neandertais, no continente europeu. Nesse período, há 70 mil anos, nossa espécie teria começado a explorar novos continentes, saindo da África. 

Os H. erectus, os homens da caverna, se originaram por volta de 1.8 milhões de anos atrás. Eles também tiveram origem no continente africano, mas foram extintos há 100 mil anos. Já os neandertais (H. neanderthalensis) provavelmente têm o mesmo ancestral que os sapiens. Entretanto, as duas espécies passaram a se diferenciar há 400 mil anos. Os neandertais foram se extinguiram há, mais ou menos, 30 mil anos. 

Nossa espécie teria chegado à Ásia há 70 mil anos, alcançado a Austrália 20 mil anos depois e migrado para a Europa por volta de 40 mil anos atrás. As latitudes polares da Europa passaram a ser habitadas também em meados desse período. 

Os sapiens teriam atingido algumas ilhas do sul da Indonésia até Nova Caledônia, Fiji e as redondezas, no oceano Pacífico, há 30 mil anos.

A região da Eurásia passou a ser habitada pelos sapiens há cerca de 25 mil anos. Depois disso, veio a vez das Américas. A vinda dos sapiens para as Américas é mais recente. Há cerca de 15 mil anos, os povos originários atravessaram da Sibéria para o Alasca, pela Beríngia. 

Beríngia era uma porção de terra que funcionava como uma ponte. Submersa, era situada onde hoje é o Estreito de Bering. Essa região conectava desde o leste da Sibéria, na Rússia, até o rio Mackenzie, no Canadá. Por volta de 12 mil anos atrás, os primeiros povos americanos se dispersaram pelo continente, chegando à América do Sul.

As regiões canadenses do círculo polar ártico e a Groenlândia passaram a ser exploradas em torno de 4500 anos atrás. Enquanto a Nova Zelândia, Madagascar e outras ilhas do leste africano passaram a ser habitadas apenas 1500 anos atrás.

A inóspita Antártida é o único continente sem povos nativos. Sua descoberta passa por histórias de exploradores russos, britânicos e norte-americanos, no século 19. 

Por outro lado, um estudo realizado por cientistas neozelandeses, mostra que o continente pode ter sido descoberto pelo povo Māori, o povo indígena da Nova Zelândia. A exploração do oceano pelos povos Māori e a descoberta, por eles, do continente antártico, teria ocorrido há 1300 anos.

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Quais são os direitos dos povos originários?

No dia 13 de setembro de 2007 a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou a Declaração das Nações Unidas sobre os Direitos dos Povos Indígenas. Na ocasião, 144 países votaram em prol da Declaração, 11 países se abstiveram e quatro países (Austrália, Nova Zelândia, Canadá e Estados Unidos) votaram contra. No entanto, desde então, esses quatro países mudaram de posição e passaram a endossar o documento.

Segundo o documento, os direitos “constituem os padrões mínimos para a sobrevivência, a dignidade e o bem-estar dos Povos Indígenas do mundo”. Além disso, a Declaração visa proteger direitos individuais e coletivos dos povos originários, respeitando sua cultura e autonomia, direitos à terra, educação, saúde, entre outros.

Segundo James Anaya, ex-relator da ONU sobre dos Direitos dos Povos Indígenas, os nativos devem “ser participantes plenos e iguais na criação das instituições de governo sob as quais vivem e, além disso, viver dentro uma ordem institucional governante na qual eles estão perpetuamente no controle de seus próprios destinos”.

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Qual é o papel dos povos originários na conservação e na proteção do meio ambiente?

De acordo com o International Work Group for Indigenous Affairs (IWGIA), é essencial reconhecer o papel e toda a contribuição dos povos originários enquanto guardiões da biodiversidade. Os indígenas são peças fundamentais da busca pela conservação, restauração e uso sustentável dos ambientes naturais pelo mundo afora.

Reforçando seu protagonismo, é tão importante quanto implementar políticas que garantam os direitos desses povos, bem como o respeito às suas visões de mundo, valores, práticas e conhecimentos ancestrais.

Os direitos dos povos indígenas e seu conhecimento com o manejo do meio ambiente contribuem para alcançar metas de proteção ambiental e de desenvolvimento sustentável. Sociedades indígenas são responsáveis pela proteção de quase 30% da biodiversidade terrestre. Isso é reflexo da conservação de seus territórios. Por outro lado, segundo o IWGIA, a violação de direitos e o avanço de atividades extrativistas sobre terras indígenas é um problema generalizado, que atinge praticamente todo o mundo.

O Relatório Anual de Desmatamento no Brasil, publicado pelo MapBiomas, em 2022, mostra que, apesar do desmatamento ter aumentado, houve a diminuição dessa prática apenas em terras indígenas no Brasil. Não à toa, os povos originários, que enfrentam tantos reveses, são reconhecidos como guardiões da natureza.


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