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Aterramento de áreas que acomodam chuvas são retrocesso, para estudiosa

Segundo novo documento do Núcleo Latino-americano da Rede de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Urbanas, lançado na segunda semana de outubro, alterações climáticas consideráveis podem ocorrer em grandes cidades brasileiras. O estudo foi elaborado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com instituições de pesquisa internacionais – a entidade reúne 600 cientistas de 150 países e apresentará na Conferência do Clima, em Paris, relatório sobre os impactos que já estão ocorrendo.

De acordo com o documento, no Rio a previsão é que a temperatura suba 3,4 graus Celsius (º C) até 2080, com aumento de 82 centímetros do nível do mar e 6% no volume de chuvas. Em São Paulo, as chuvas podem subir 13,9% e a temperatura ser elevada em 3,9% – dentro da média prevista para as demais cidades do planeta, que terão entre 1º C e 4º C de aumento.

Uma das autoras da publicação, a professora do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), Cecilia Herzog, alerta que, no Rio, novas edificações, que suprimem áreas naturais, somadas à ausência de projetos para preservar e potencializar áreas verdes, desprezam evidências científicas dos riscos à população.

“Nesse momento, na zona oeste, na Barra da Tijuca, áreas para acomodar águas (de chuva e das marés, por exemplo) estão sendo aterradas violentamente. Ou seja, apesar das evidências, estamos repetindo os erros de século 20”, alertou.

Ela criticou também a construção do novo autódromo da cidade, em substituição ao que será demolido para dar lugar ao Parque Olímpico, na zona oeste, e previsto para ser erguido pelo governo federal em área de floresta. Por falta de licença ambiental, a obra está parada.

Mudanças do clima traz doenças

Nas cidades, as mudanças do clima, além de descontrolar a temperatura, provocam problemas de saúde e doenças. Tempestades e inundações são responsáveis por ferimentos, infecções, casos de hepatite, leptospirose e diarreia, por exemplo, constatou o relatório do núcleo.

Em cidades temperadas, o calor aumenta o número de insetos e mosquitos transmissores de doenças como dengue e malária, acrescentou a pesquisadora da Fiocruz Martha Barata, que coordena o Núcleo Latino-americano da Rede de Pesquisas. Segundo ela, mudanças no clima geram estresse, alergias e doenças cardiorrespiratórias.

A recomendação dos especialistas é reduzir a emissão de gases do efeito estufa, principalmente da queima de combustíveis, o vilão nas cidades, além de se investir em projetos que reduzam impactos desastres, entre eles a criação de parque e tetos verdes nos prédios.

“São estratégias que facilitam a absorção de água da chuva, retem a umidade do ar, combatendo efeitos como ilha e calor e capturando o gás carbônico”, explicou Cecilia Herzog.

A pesquisadora apresentou experiência inovadora em Seattle, nos Estados Unidos, onde um estacionamento foi substituído por um parque. “Havia um córrego canalizado – que é o que mais temos no Rio – para um estacionamento. A cidade acabou com o estacionamento e criou um parque, uma área de lazer, permitindo novos ecossistemas. É a volta à vida”.

Cidades mais resilientes

Conforme a prefeitura do Rio, a cidade está em transição e as mudanças são graduais. Especialistas listam experiências inéditas no país, como o veículo leve sobre trilhos, que retirará ônibus das ruas, e a implantação de sirenes de alerta em áreas de risco de deslizamento em favelas. Outro destaque é a construção de reservatórios para evitar alagamentos em áreas centrais.

“Por conta do piscinão [contra enchentes] na Praça da Bandeira, o Rio está incluído na relação de práticas bem-sucedidas entre as grandes cidades do mundo”, lembrou Rodrigo Pessoa, assessor do prefeito Eduardo Paes para o tema. “As questões que o Rio enfrenta (transporte e revitalização de áreas degradadas) outras cidades também enfrentam. Não estamos atrás”.

Cidades na Conferência do Clima

Na Conferência do Clima, as experiências do Rio e de Seattle serão apresentadas em encontro paralelo, junto com a de Oregon, também nos EUA, que instalou luzes LED (mais econômicas) em espaços públicos, e a de Paris, que, assim como São Paulo, amplia zonas com a redução da velocidade dos carros para reduzir a emissão de gases dos combustíveis.

“As cidades precisam começar agora a identificar áreas de risco e planejar ações sustentáveis. Não há como impedir as mudanças climáticas, mas minimizar o impacto, o que é urgente”, afirmou a cientista Cynthia Rosenzwig, uma das diretoras globais da rede.

Fonte: Agência Brasil


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