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Seria a mudança climática a razão da ida de pragas para o Hemisfério Norte?

Você já ouviu falar nas antigas pragas do Egito? Segundo a Bíblia, as pragas foram uma forma do Deus de Israel atacar o Faraó egípcio para que seu povo fosse libertado. Uma das pragas era uma nuvem de gafanhotos que arruinaria as plantações do país.

Como é de costume, essas histórias sempre despertam a curiosidade de devotos e até de cientistas – estes últimos desejam encontrar um motivo lógico para explicar tais acontecimentos. No caso da nuvem de gafanhotos, umas das explicações encontradas pelos pesquisadores é que ela seria causada pelas alterações ambientais, que poderiam afetar o comportamento dos gafanhotos, provocando o “enxame”. O solo úmido devido às chuvas de granizo também atrairia os insetos.

Apesar de toda a polêmica que existe quando há o confronto com uma teoria religiosa, o resultado prático (e não ideológico) desses embates pode ser satisfatório para encontrar razões naturais de fenômenos parecidos, o que pode nos servir de alerta. Veja como isso se aplica na prática: o estado norte-americano do Colorado, em 1996, recebeu um convidado faminto, o “besouro de pinho-da-montanha”. Esse apetite voraz exterminou milhões de acres de pinho. Como os besouros ainda não estavam satisfeitos (e a demanda de pinheiros estava escassa), eles resolveram se mudar para Columbia Britânica, onde devoraram mais da metade da madeira de pinho da província.

De acordo com os cientistas locais, essa verdadeira praga de proporções bíblicas pode ser resultado de mudanças climáticas, que teriam contribuído decisivamente para o deslocamento desses besouros. Mas não pense que apenas o besouro de pinho-da-montanha preocupa.

Efeitos do aumento de temperatura

O aumento das temperaturas equatoriais tem empurrado uma mistura variada de pragas para o Hemisfério Norte a uma taxa alarmante (de quase 10 mil pés). Isso acontece todos os anos desde 1960, de acordo com uma nova pesquisa publicada na revista Nature.

Pesquisadores liderados pelo biólogo Dan Bebber, da Universidade de Exeter, no Reino Unido, vasculharam bancos de dados hospedados pela organização sem fins lucrativos CABI (que agrega literatura científica e comércio em agricultura), para averiguar a primeira aparição documentada de mais de 600 tipos de pragas no Hemisfério Norte (incluindo insetos, fungos, vírus e bactérias), durante um período de 50 anos. Eles encontraram em 14 grupos taxonômicos – grupos de organismos biológicos – que originalmente encontram-se no Sul uma distinta migração para o Norte.

Sendo assim, a equipe do Bebber depara-se com a urgência de alertar a fazendeiros e agricultoras sobre a chegada desses “indesejados visitantes”. Segundo ele, estudos mostram que essas pestes são responsáveis pela perda de 10% da colheita global.

Fator humano

O biólogo enfatiza a necessidade de se aprofundar nas pesquisas sobre o papel das mudanças climáticas nesse quadro, pois este não é o único fator que motivou a presença de tais espécies no Norte. Também é preciso levar em consideração a contaminação por via humana: as pragas podem ter pego uma carona em carregamentos de gado ou aparecido no fluxo do comércio internacional de plantas vivas.

Bebber também alerta que, antes de se começar uma caça às bruxas (ou às pragas), é preciso entender que o acompanhamento mais detalhado de pragas é necessário, especialmente em Estados mais pobres, para dar um aviso prévio detalhado a países que podem se deparar com novas pragas.



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