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A melatonina é um hormônio que promove o sono e está relacionado ao combate de doenças como diabetes e obesidade

A melatonina é um hormônio produzido pela glândula pineal, uma pequena estrutura com aproximadamente 25 milímetros de diâmetro, que pesa 500 mg e está localizada próxima ao centro do cérebro. A melatonina é conhecida como o hormônio do sono, mas também possui diversas outras funções, como combater diabetes e obesidade, trazer mais energia e concentração, prevenir a perda de memória e retardar o envelhecimento.

Em entrevista à Agência Fapesp, o pesquisador Dr. José Cippola Neto, da Universidade de São Paulo (USP), deixa clara a importância da melatonina para além do adormecimento. A presença do hormônio no organismo é fundamental para a produção da insulina, ligada ao combate a diabetes, e ajuda o funcionamento do metabolismo energético, ou, dito de outro modo, a forma como “queimamos gordura”, sendo isso fator positivo no combate à obesidade e à consequente hipertensão.

Comprimidos de melatonina

A reposição terapêutica do hormônio por comprimidos para ajudar em distúrbios do sono é permitida no Brasil. No entanto, os comprimidos são comercializados em farmácias de manipulação a partir de receita médica.

Além disso, antes de fazer uso da melatonina, deve ser feito um trial clínico, uma experimentação, sob orientação de um especialista, determinante para a dosagem correta do medicamento. Ele deve ser tomado por volta de uma hora antes de dormir, momento em que deveria ocorrer a produção natural do hormônio, para um melhor ajuste do nosso relógio natural.

Os neurocientistas Zhao-Wen Wang e Bojun Chen e seus colegas da UConn Health School of Medicine relataram a maneira como esse suplemento age no corpo a partir de um experimento com vermes.

A melatonina ingerida se liga aos receptores de melatonina no cérebro para produzir seus efeitos de promoção do sono. Funciona como um buraco de fechadura e uma chave (a melatonina ingerida). Os buracos da fechadura nas células humanas são chamados de MT1 e MT2.

Quando a melatonina se encaixa no receptor MT1 no cérebro do verme, ela abre um canal de potássio conhecido como canal BK. O BK é responsável por limitar a liberação de neurotransmissores, que são substâncias químicas usadas para a comunicação entre os neurônios.

Os pesquisadores descobriram, ainda, que o sono é semelhante entre vermes e mamíferos, como os humanos. Outra observação curiosa é que a melatonina também pode promover o sono em vermes ao ativar o canal BK, no entanto, vermes sem receptor de melatonina ou canal BK podem passar menos tempo dormindo.

Apesar de existir esse suplemento de melatonina, há outras práticas que podem ajudar a manter os níveis naturais do hormônio, como respeitar o tempo biológico.

Tempo biológico

Seguir o relógio biológico, ritmo ou ciclo circadiano (saiba mais sobre essa tema na matéria: “O que é ritmo circadiano?“) é essencial para uma boa saúde – isso não é novidade. Quando percebemos e atendemos o que o nosso corpo precisa, os resultados são notados em curto prazo.

Curiosamente, o tempo nunca é levado em conta quando pensamos a interação entre o organismo e o meio ambiente, como já foi apontado em artigo científico. Apesar disso, a ciência não para de mostrar as relações entre o uso consciente do nosso tempo, e de que cada momento deve ser vivido em condições adequadas e pertinentes às nossas necessidades.

No mesmo artigo, nomeado Environmental Control of Biological Rhythms: Effects on Development, Fertility and Metabolism e publicado no Journal of Neuroendocrinology, pesquisadores não se furtam de lembrar que a vida na Terra está condicionada aos ciclos do dia, o mais antigo organizador de tempo conhecido.

Em nossa sociedade, cada vez mais ligada ao tempo do relógio e de nossa vida “light-at-night“, com grande exposição à iluminação artificial, certamente prolongamos nossas horas produtivas, mas trazemos junto a isso graves prejuízos para a saúde (saiba mais sobre esse tema na matéria: “Luz azul: o que é, benefícios, danos e como lidar“).

Menos pessoas ouvem o “relógio biológico” e acabam sucumbindo à “cronorruptura” (chronodisrupiton), ou seja, uma desregulagem na rotina e na produção endócrina e metabólica, ligada não só à questão da melatonina, mas também a doenças como o câncer.

A pesquisa do Dr. Cippola confirma essa questão, ao associar a epidemia de obesidade com nossos problemas de sono. Quando nos deixamos levar por hábitos aparentemente inofensivos, como nos expormos à luz azul de computadores e smartphones em horas inadequadas, estamos inibindo a produção de melatonina e abrindo mão de seus benefícios para a qualidade de sono.

Como produzir melatonina

Nosso corpo não é diferente de toda a vida na Terra quando o assunto é a luz: estamos adaptados ao tempo de nossa maior fonte, o Sol. Sendo assim, quando estamos expostos à luz artificial, e especialmente à luz azul (de 480 nanômetros), na hora em que nosso corpo está preparado para o sono (em torno de 20 horas ativo), estamos inibindo nosso relógio biológico e a produção de melatonina.

Uma saída é o uso de filtros de luz azul nos monitores de computadores e smartphones durante o dia, que amenizariam o problema. No caso das pessoas que têm hábitos notívagos, que trabalham ou saem durante a noite, é preciso que estejam atentas aos sinais do corpo e ao descanso, evitando a claridade na hora de dormir.

Tomar sol também é um ponto importante para a produção de melatonina natural. A luz solar produz serotonina que é precursora da melatonina. Algumas mudanças na alimentação também são necessárias, por exemplo, reduzir os níveis de ingestão de cafeína, uma substância capaz de suprimir a melatonina. Práticas e atividades de relaxamento também podem ajudar, tais como ouvir música, usar difusores de óleos essenciais, tomar chás, praticar meditação, yoga ou mesmo tomar um banho relaxante.

Em todo caso, ao notar mudanças na saúde e distúrbios do sono, como insônia, lembre-se de buscar orientação médica.


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