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A organização britânica Earthsight revela conexões sombrias por trás da produção de calças jeans, meias, camisetas e bermudas de algodão pela Inditex, proprietária da Zara, e pela H&M

As riquezas naturais do Cerrado brasileiro sofrem com mais do que apenas a expansão da soja. Os campos de algodão também desempenham um papel significativo nessa tragédia ambiental. Em uma investigação minuciosa intitulada Fashion Crimes, publicada nesta quarta-feira (11), a organização britânica Earthsight revela as conexões sombrias por trás da produção intensiva dessa matéria-prima, que é exportada do Brasil para a Ásia e transformada em calças jeans, meias, camisetas e bermudas de algodão pela Inditex, proprietária da Zara, e pela H&M.

A responsabilidade das grandes empresas pela destruição ambiental já foi alvo de debates, como em 2021, quando a Ikea e o selo FSC foram questionados sobre o uso sustentável das florestas. No Brasil, uma investigação de doze meses envolveu análise de dados, observações de satélite, entrevistas com agricultores e investigações em campo. O resultado revelou que dois dos principais produtores de algodão do Brasil, Grupo Horita e SLC Agrícola, lucraram com desmatamentos ilegais na parte ocidental do estado da Bahia, exportando seu algodão certificado como Better Cotton (BC), uma marca que supostamente garante a qualidade ao consumidor, para as lojas Zara e H&M.

As empresas mencionadas não escaparam às consequências. Recentemente, foram alvo de processos judiciais e exigências de alterações por parte das autoridades brasileiras, evidenciando a exploração das lacunas legais criadas em prol de interesses ilegítimos. Na região oeste da Bahia, a SLC Agrícola, líder na produção brasileira de algodão, controla 44.000 hectares de plantações, enquanto o Grupo Horita possui aproximadamente 140.000 hectares, alternando entre algodão, milho e soja.

O algodão cultivado por estas agroindústrias está enraizado em uma parte valiosa do bioma do Cerrado, que tem sido intensamente devastado nas últimas décadas para dar lugar à agricultura em grande escala.

Ao contrário da Amazônia, o Cerrado está enfrentando uma escalada no desmatamento, ameaçando a biodiversidade única que abriga. Se as atuais tendências de desflorestação persistirem, muitas espécies correm o risco de extinção devido à perda de habitat.

Durante séculos, as comunidades tradicionais viveram em harmonia com o ambiente do Cerrado. No entanto, estas comunidades estão sendo deslocadas e sofrendo violações por parte de agroindústrias que servem aos mercados globais de algodão e praticam desmatamento, grilagem de terras e violação de direitos humanos no Brasil. 

De acordo com o relatório, o algodão presente nas cadeias de abastecimento da H&M e da Zara, embora certificado como ético pelo maior sistema de certificação de algodão do mundo, o Better Cotton, foi manchado por ilegalidades cometidas pela SLC e pela Horita.

As conclusões do relatório apontam que o fracasso do setor da moda em monitorar e garantir a sustentabilidade e a legalidade em suas cadeias de abastecimento de algodão exige uma intervenção regulatória por parte dos governos dos mercados consumidores mais ricos.


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