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Nota de posicionamento do WWF-Brasil sobre o resultado do pleito presidencial

Por WWF-Brasil | O WWF-Brasil vem a público parabenizar o recém eleito Presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, escolhido democraticamente por 51% dos brasileiros e das brasileiras num processo eleitoral que, assim como os anteriores, se mostrou seguro, confiável e limpo.

O novo Presidente da República herdará um país dividido politicamente e com numerosos e profundos problemas a serem resolvidos. O primeiro e mais imediato, sem sombra de dúvidas, é a fome, que voltou a assolar milhões de famílias nos últimos anos. A prioridade número um do novo governo deve ser não apenas garantir uma renda mínima a essas famílias, mas também condições para se alimentar bem. Em seu primeiro governo, Lula estruturou, com ampla participação da sociedade, um dos mais exitosos programas de soberania alimentar e incentivo à produção de alimentos saudáveis do mundo, que foi o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), totalmente desestruturado sob a gestão Bolsonaro. Sua tarefa será colocar de pé novamente essa premiada política pública, que tanta diferença fez nas vidas de agricultores familiares, responsáveis pela produção de alimentos livres de agrotóxico, e das famílias carentes, que puderam consumir alimentos bons para a saúde e o ambiente.

Mas há um outro problema tão urgente quanto o da fome que demandará uma ação contundente e imediata: o desmatamento sem controle no país. O desmatamento na Amazônia cresceu 73% entre 2019 e 2021 e apenas nesse período perdemos uma área de floresta maior que a do Estado de Alagoas. Se continuar nesse ritmo, até o fim do novo mandato presidencial alcançaremos o extremamente perigoso ponto de não retorno, o que poderá comprometer não só a própria existência da maior floresta tropical do Planeta, mas também a produção de alimentos no restante do país, a qual depende das chuvas produzidas pela floresta. A destruição da floresta produzirá um problema crônico de fome num futuro próximo.

O histórico de Lula no combate ao desmatamento da Amazônia deveria nos trazer otimismo, afinal ele conseguiu reduzir as taxas anuais em 70% entre seu primeiro e último ano de mandato. Mas a situação atual é bastante diferente. Durante a gestão Bolsonaro, os órgãos ambientais foram desmontados, o orçamento, cortado e o desmatamento, incentivado –inclusive aquele praticado de forma ilegal. Reverter essa situação demandará tempo, inteligência, recursos financeiros, cooperação internacional e, sobretudo, vontade política.

O resultado das eleições demonstra que pelo menos esse último existe: o presidente eleito disse mais de uma vez –e voltou a reafirmar em seu primeiro discurso após a vitória– que iria atuar firmemente contra o desmatamento ilegal, contra a invasão de terras indígenas e contra a ameaça a defensores ambientais, ao contrário do que disse e vem praticando o governo Bolsonaro. Podemos considerar, portanto, que sua vitória é um endosso popular a essa proposta.

O duplo desafio de combater a fome de hoje e a fome de amanhã exigem a convergência do desenvolvimento econômico com a sustentabilidade e a preservação ambiental, motivo pelo qual acreditamos que Lula liderará essa agenda, podendo deixar um valioso legado para o país.

Mas, para conseguir de fato inverter a trágica tendência atual, o presidente eleito terá que não só arrumar a casa, reestruturando os órgãos ambientais e eventualmente criando uma secretaria especial para tratar da agenda climática, mas também precisará negociar muito com o Congresso Nacional. Há vários projetos de lei aguardando aprovação que são verdadeiras bombas, por beneficiarem criminosos ambientais e eliminarem regras de proteção. Se aprovados, produzirão inexoravelmente mais destruição no curto e no longo prazo. Lula terá que rapidamente compor uma base parlamentar que possa impedir o avanço dessas propostas e sua tarefa não será fácil, apesar do apoio popular.

O brasileiro quer um país que volte a ser respeitado internacionalmente e retome seu  protagonismo global na luta contra a crise climática. Podemos ser os maiores exportadores agrícolas do Planeta preservando a maior floresta tropical do planeta e o que restou dos demais biomas de nosso território, com respeito às comunidades e povos tradicionais. Precisamos apenas voltar à razão, ao debate qualificado e à construção coletiva de soluções viáveis. Se traçarmos esse caminho, seguramente teremos apoio internacional e voltaremos a trilhar o caminho do desenvolvimento sustentável. Essa é a esperança e o desejo do WWF-Brasil.

Este texto foi originalmente publicado por WWF Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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