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Nurdles poluem praias, dificultam o turismo e também são empecilhos para a pesca

Em maio de 2021, o X-Press Pearl, um navio da Singapura, pegou fogo na costa de Sri Lanka e resultou no derramamento de 87 contêineres cheios nurdles. Esse foi considerado o pior desastre marinho no Sri Lanka pela Organização das Nações Unidas. É estimado que cerca de 1.680 toneladas de nurdles se espalharam pelo oceano.

Nurdles são pellets da pré-produção de plástico, um microplástico do tamanho de um grão de lentilha que ajuda na confecção de outros plásticos e que é considerado o segundo pior micropoluente já encontrado.

O chefe executivo da X-Press Feeders afirmou que o derramamento é de responsabilidade dos embarcadores e que a exportação do material segue a regulamentação de transporte indicada pela Organização Marítima Internacional (OMI). 

Até 88% da superfície dos oceanos está contaminada por microplásticos, afirma pesquisa

A OMI não considera o nurdle como um material perigoso. Portanto, seu transporte não é proibido. Frente aos acontecimentos na costa da Sri Lanka, a OMI atestou que é impossível evitar com que isso aconteça novamente. Se estes microplásticos fossem classificados como perigosos para a OMI, seu transporte seria mais regulado, diminuindo as chances de sua proliferação pelo oceano. 

A maioria dos nurdles foi parcialmente queimada no incêndio e contaminada com outros resíduos do derramamento. Isso fez com que o plástico oferecesse um risco à vida marinha, por conta da capacidade dos pellets de agir como uma “esponja”, atraindo substâncias tóxicas já presentes no mar para suas superfícies.

Desde o acidente, a vida da comunidade local foi dificultada pela presença desses micropoluentes. As praias que antes eram cartões postais para impulsionar o turismo agora estão contaminadas por minúsculas partículas de plástico. Areias brancas foram substituídas por sedimentos pretos, repletos de nurdles.

Os pescadores locais não conseguem mais achar peixes maiores, que eram grande parte de sua renda. Agora são encontradas apenas espécies menores, que são menos lucrativas. Esses trabalhadores pescam no mesmo local desde novembro de 2021 e afirmam que nenhum dia foi produtivo. Nos meses decorrentes do derramamento, o governo do país ofereceu compensação para pescadores que perderam o emprego. 

Porém, em alguns casos, o dinheiro não foi suficiente para sustentar os pescadores por conta da permanência dos microplásticos na água. Alguns trabalhadores afirmam que o governo deveria considerar a contaminação da água como um fator a mais que pesaria na compensação final. 

Outro fator prejudicial para a renda do país foi o turismo. Em 2019, ele foi responsável por mais de 12% do PIB total do Sri Lanka. 

Espécie de peixe é capaz de sobreviver em águas altamente poluídas

A Autoridade de Proteção do Meio Ambiente Marinho do Sri Lanka alega que organizou 50 mil voluntários para ficarem responsáveis pela limpeza das praias. Além disso, de acordo com a organização, conseguiram remover cerca de 60 mil sacolas de nurdles do ambiente. Esses voluntários ganham compensação monetária pelo trabalho diário — 3000 rúpias (equivalente a aproximadamente 80 reais). 

A remoção do material é feita com a ajuda de máquinas e peneiras que filtram o plástico da areia. É estimado que 80 a 100 kg sejam removidos por dia, apenas na praia de Sarakkuwa, onde pessoas locais ajudam na limpeza.

Entretanto, essa limpeza é superficial. Diversas toneladas de nurdles permanecem enterradas na areia ou no fundo do mar. As peneiras não são capazes de filtrar pellets derretidos, que diminuem de tamanho consideravelmente. 

Uma máquina capaz de remover partículas menores foi desenvolvida, mas negada pela Autoridade de Proteção do Meio Ambiente Marinho do Sri Lanka por seu custo de fabricação. 


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