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Médico coreano aposta em tratamento tradicional: vinho medicinal à base de fezes

A medicina ocidental pode ser muito eficaz, mas quem nunca procurou tratamentos alternativos? Afinal, muitos outros povos de culturas diversas criaram diferentes soluções e formas de tratamentos que podem ser, muitas vezes, tão eficientes quanto os nossos métodos. Mas até onde você iria? Beberia talvez um vinho medicinal à base de fezes? O Dr. Lee Chang Soo, da Coréia do Sul, defende o uso desse medicamento tradicional e expressa tristeza quando afirma que as fezes deixaram de ser utilizadas na medicina oriental.

Segundo a Vice, todo o processo de produção do vinho contém fezes vermifugadas de crianças entre 4 e 7 anos de idade. O excremento é, primeiramente, refrigerado e depois fica descansando para o processo de fermentação durante 24 horas, em que são acrescentados 70% de arroz não glutinoso e 30% de arroz glutinoso – o primeiro é para fermentação de álcool e contém bastante proteína; e o segundo é como um anti-inflamatório e também melhora o sabor. Por fim, é adicionada a levedura e, após o processo de fermentação, a mistura fica preenchida por bactérias benéficas ao organismo humano, segundo seus produtores.

Chamado “Ttongsul”, o vinho medicinal já foi muito utilizado na medicina tradicional coreana, mas hoje, o Dr. Lee Chang Soo é um dos poucos que ainda o produz. Existem muitas documentações históricas do uso de fezes. As fezes de morcegos, por exemplo, eram utilizadas no tratamento do alcoolismo; e as de galinha, para dores de estômago. Chang afirma que o vinho funciona a longo prazo – os efeitos não são imediatos, no entanto, ele ajuda a aliviar a dor e torna os tratamentos mais eficazes.

Cultura perdida

De fato, são poucos os que têm conhecimento sobre o “Ttongsul”, mesmo na Coreia do Sul. O doutor ressalta que, antigamente, as fezes e a urina não eram vistas como algo completamente imundo. E, durante visitas guiadas a construções históricas de Seul, é ensinado que, antigamente, os habitantes locais acreditavam que, quando o cocô possuía uma cor assemelhada ao dourado, ele era de fato ouro. Além disso, na época em que a dinastia dos reis vigorava, seus serventes cheiravam e até experimentavam os excrementos reais, pois acreditavam que isso lhes daria uma saúde semelhante à dos senhores.

Será que estamos sendo injustos com o cocô? Acontece que ele é visto como a total imundície, e apenas falar dele é desagradável no atual contexto cultural em diversas partes do mundo – sua citação na mesa de jantar é completa falta de educação. O banheiro é um dos espaços mais privados e não cabe a ninguém saber o que é feito ali, mesmo que todos o façam. Há os que distinguem por números as suas necessidades (um e dois), mas é preciso entender que em outros povos ou épocas, os excrementos não remetiam a essa mesma imundície. No nosso dia a dia, inserimos em nosso corpo, através da alimentação e medicamentos, substâncias inimagináveis, mas nossas referências culturais nos fazem repudiar certas coisas que, em outras culturas, são aceitas. Comer insetos, por exemplo, é completamente inaceitável na cultura ocidental, por outro lado, já se fala que futuramente será parte de nossa cultura alimentar. Claro que não se pode afirmar se o doutor Chang tem razão em insistir no tratamento através do vinho de fezes, mas é preciso entender o contexto e o valor que ele tem na tradição coreana. Reconhecemos a medicina ocidental pelo seu elevado status de ciência, mas ela não é a única que deu respostas ao tratamento de doenças e, muitas vezes, ela não traz soluções para tudo. Por isso, muitas pessoas procuram alternativas, e estas podem estar não nas novas descobertas, mas lá atrás, com nossos ancestrais.


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