O que é biodiversidade, sua importância e perdas

Biodiversidade, expressão que provém da união dos termos “diversidade” e “biológica”. Significa variedade de vida ou a variedade de todas as formas de vida existentes na Terra, sejam elas macro ou microscópicas.

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Toda a diversidade biológica de espécies encontradas em uma área – animais, plantas, fungos e até microrganismos como as bactérias – faz parte da biodiversidade. Assim, quanto mais a variabilidade de organismos vivos, maior a biodiversidade.

Segundo a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), biodiversidade é “a variabilidade de organismos vivos de todas as origens, compreendendo, dentre outros, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros ecossistemas aquáticos e os complexos ecológicos de que fazem parte; compreendendo ainda a diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas”.

Qual é a importância da biodiversidade para o planeta?

Essas espécies e organismos trabalham juntos em ecossistemas, como uma teia intrincada, para manter o equilíbrio e sustentar a vida. A biodiversidade sustenta tudo o que precisamos para sobreviver na natureza: comida, água limpa, remédios e abrigo.

Os humanos colocam uma pressão crescente no planeta, usando e consumindo mais recursos que os limites planetários permitem. Por isso, há um risco de perturbação do equilíbrio dos ecossistemas e, consequentemente, de perda de biodiversidade.

A diversidade biológica é estudada em diversos níveis:

  • O mais alto, onde são consideradas todas as espécies diferentes da Terra;
  • Até os mais baixos, como as espécies integrantes do ecossistema de um lago;

Mas… Espécies? Ecossistema?

A ecologia realmente tem uns termos altamente “confundíveis”, como “espécie”, “população”, “comunidade”, e “ecossistema”.

Para que estejamos aptos a ler e aprender um pouco mais sobre biodiversidade, precisamos primeiramente estar cientes das diferenças entre esses conceitos.

Ecossistema

Ecossistema é um conceito holístico que agrega as comunidades biológicas e o ambiente físico onde ocorrem. Compreendendo ainda a diversidade da paisagem, ecossistemas marinhos, terrestres e entre outros.

A palavra foi empregada pela primeira vez pelo ecólogo inglês Sir Arthur G. Tansley em 1935. De modo geral, um ecossistema é constituído por um agrupamento de componentes abióticos e bióticos. Esses ficam presentes em um determinado local, que está em interação por meio do fluxo de energia e da ciclagem de materiais. 

O mangue, entre outros ecossistemas aquáticos e complexos ecológicos, é considerado de extrema importância para a biodiversidade.

Espécie

Imagem editada e redimensionada de Tomas Sobek, disponível no Unsplash

Uma espécie corresponde a uma subdivisão ou conjunto de indivíduos que apresentam características comuns distinguindo-se dos demais por este caráter específico. Como por exemplo sua morfologia, anatomia e fisiologia.

São também capazes de se reproduzir entre si e gerar descendentes férteis. Em biologia, todas as espécies são denominadas como a unidade básica das classificações biológicas, ou grupo taxonômico.

População

Imagem editada e redimensionada de Thomas Kelley, disponível no Unsplash

Uma população representa a dinâmica de relação entre os indivíduos. Isso considerando o conjunto de indivíduos de uma espécie em uma unidade de espaço/tempo.

Comunidade

Imagem editada e redimensionada de Hidde Rensink, disponível no Unsplash

Já os estudos de comunidades consideram as populações em conjunto em uma unidade de espaço/tempo. Enquanto os ecossistemas consideram conjuntamente o meio biótico e abiótico em uma unidade de espaço/tempo. Dessa forma, a biodiversidade resume-se na diversidade dentro de espécies, entre espécies e de ecossistemas.

Medidas de riqueza e abundância de espécies

Uma das formas de se quantificar a biodiversidade é utilizar mecanismos matemáticos chamados “medidas de riqueza”. Ela estima o número de espécies presentes em uma comunidade. Há ainda dois tipos de medidas de riqueza: a riqueza específica e a densidade de espécies.

A riqueza específica está relacionada ao número de espécies em uma comunidade. Já a densidade de espécies se relaciona ao número de espécies presentes em determinada área ou volume.

Outro método que pode ser utilizado também é o cálculo para “abundância de espécies”. Esse vai determinar quão abundante uma espécie é em relação às outras, dentro de um grupo estabelecido de indivíduos.

Porém, biodiversidade não é um conceito que abrange apenas espécies. Para considerarmos toda a diversidade da vida na Terra, é necessário que reconheçamos a diversidade genética das espécies que fazem parte.

Biodiversidade genética e ecológica

Biodiversidade genética inclui a variação existente nos genes dentro de uma mesma espécie.

Já a biodiversidade ecológica é toda aquela existente nos ecossistemas, habitats naturais e comunidades. De uma forma mais simples, a biodiversidade ecológica representa as diferentes maneiras de interação das espécies entre si. Mas também destas com o meio ambiente.

Fatos sobre a biodiversidade

  • São estimadas que mais de 100 milhões de espécies diferentes habitam o planeta Terra;
  • Foram identificadas, até o momento, apenas cerca de 1,7 milhão. Por isso ainda temos um longo caminho até que possamos descobrir todas elas.
  • Foi identificado também que ecossistemas e florestas tropicais possuem maior biodiversidade que outros ecossistemas;
  • De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Brasil abriga a maior biodiversidade do planeta. Cerca de 20% do número total de espécies do mundo. Devido à diversidade de biomas que reflete a enorme riqueza de fauna e flora brasileiras;
  • O grupo de animais com maior diversidade de espécies é o dos invertebrados. Sendo que mais da metade dos animais já identificados pertencem a este grupo.

A biodiversidade também pode ser considerada muito importante para a saúde humana e ecossistêmica. Pois ela proporciona a variedade de alimentos que nos são essenciais, além de outros materiais que contribuem para a economia.

Além disso, a diversidade de polinizadores também é essencial. Pois sem isso não haveria essa variedade de alimentos tão grande que encontramos no mercado.

Biodiversidade faz bem à saúde mental

Há, também, uma relação entre a biodiversidade e a saúde mental dos seres humanos. Cientistas da Senckenberg Gesellschaft für Naturforschung, do iDiv e da Universidade de Kiel estudaram a ligação entre a diversidade de espécies e a satisfação com a vida de mais de 26 mil adultos de 26 países europeus.

A conclusão do estudo é que as pessoas ficam mais satisfeitas quando encontram grande diversidade de espécies de pássaros em seus arredores.

Os pássaros são bons indicadores de diversidade biológica. Eles são encontrados em áreas com uma alta proporção de paisagens mais naturais e diversas. Isso indica que o ambiente com áreas verdes também pode influenciar na felicidade das pessoas.

A maioria das descobertas médicas se deram pela investigação da biologia e genética de animais e plantas (via biomimética). A todo momento alguma espécie entra em extinção. Por isso, nunca saberemos se uma investigação dela nos levaria à descoberta de uma nova vacina ou medicamento.

A biodiversidade permite que ecossistemas se ajustem após uma perturbação, como um incêndio ou uma inundação extrema (fenômeno chamado resiliência). Da mesma forma, a diversidade genética previne doenças e permite que espécies se adaptem às mudanças no ambiente.

Qual é a maior biodiversidade do Brasil?

A Mata Atlântica, presente em 17 estados brasileiros, é o bioma com a maior biodiversidade do País e do mundo todo. Entretanto, sua existência é constantemente ameaçada pela urbanização e desmatamento.

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O que ameaça a biodiversidade?

A extinção, apesar de ser tratada com uma certa repulsa e um grande medo, é natural e faz parte da vida na Terra. Ao longo da história do planeta, a maioria das espécies que já existiram, evoluíram para então se extinguirem gradualmente. Isso devido a, por exemplo, mudanças climáticas naturais que ocorrem em longas escalas de tempo (como nas Eras Glaciais).

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“Mas então não devemos nos preocupar, não é?” Pois devemos, sim! Principalmente porque as espécies vêm se extinguindo em um ritmo muito acelerado, graças a mudanças ambientais e climáticas provocadas pela ação humana, de acordo com boa parte da comunidade científica.

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Inclusive, na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD), realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992, foi criada a Convenção sobre Diversidade Biológica (CDB), um tratado sobre instrumentos internacionais relacionados ao meio ambiente.

Algumas das consequências da interferência humana que causa a perda acelerada de biodiversidade são a perda de habitats ou a sua degradação. Além da superexploração de recursos naturais, a busca por matéria prima e a introdução de espécies exóticas, que causam a propagação de espécies e/ou doenças não nativas.

Cerca de um terço do total de espécies conhecidas se encontra ameaçada de extinção, segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN).

Este número engloba cerca de 29% dos anfíbios, 21% dos mamíferos e 12% de todas as aves. É estimado que hoje em dia, as espécies têm se extinguido cerca de 100 a 1000 vezes mais rapidamente do que o que era esperado para a taxa natural de extinção.

São aproximadamente 1.700 espécies extintas por ano, o que corresponde a uma perda de cerca de quatro espécies por dia. 

Áreas protegidas são essenciais para que possamos reduzir estas taxas, ou pelo menos as mantermos estáveis. Estas áreas acabam por funcionar como refúgios para espécies, abrigos para a diversidade genética e para os processos ecológicos.

Além disso, elas fornecem espaço para a evolução natural e, por possuírem temperaturas mais amenas, protegem os animais e plantas do aquecimento global acelerado enquanto o resto do mundo busca a solução a longo prazo, que é a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2).

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Um milhão de espécies em risco de extinção

De acordo com Relatório de Avaliação Global, cerca de 1 milhão de espécies de animais e plantas estão ameaçadas de extinção. As ações humanas mudaram o mundo natural em todos os lugares.

Três quartos do ambiente terrestre e cerca de 66% do ambiente oceânico foram significativamente alterados. Essa influência é tão grande que alguns especialistas afirmam que estamos na Era do Antropoceno.

Mais de um terço da superfície terrestre do mundo e quase 75% dos recursos de água doce são agora dedicados à produção agrícola ou pecuária.

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Infelizmente, o relatório da Avaliação Global oferece provas irrefutáveis ​​de não apenas o declínio sem precedentes da natureza, mas seus riscos para vidas humanas e prosperidade.

A necessidade de ação urgente não tem sido mais clara. O business as usual não é mais uma opção. O relatório oferece esperança para definir a natureza no caminho da recuperação, por meio de mudanças transformadoras. Assim, redefinindo nossa abordagem para um futuro mais sustentável.

Equipe eCycle

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