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Conflito com a Rússia expõe a necessidade da Europa de tornar suas fontes renováveis ainda mais competitivas. Na ambição de ser o primeiro continente “carbono zero” do mundo em 2050, várias indústrias precisam se adaptar ou mesmo se reinventar. É o caso da aviação

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Por Mariana Galvão Lyra em Página 22Arecente invasão de tropas russas na Ucrânia traz consequências econômicas importantes para a Europa e demais países com forte dependência no fornecimento de petróleo e gás russos. Com a alta no preço do petróleo, e o risco de interrupção no fornecimento dessas fontes de energia, há um crescente estímulo de que os investimentos atuais em energias renováveis se intensifiquem. E que, com isso, essas energias fiquem mais competitivas e próximas de serem o grande motor da matriz energética global.

Academia e empresas traçam estratégia para os biocombustíveis na aviação

Alinhada com as metas de redução de emissões de carbono do Acordo de Paris e as novas definições do novo Acordo Verde Europeu, a Comissão Europeia lançou a ambição de ser o primeiro continente “carbono zero” do mundo em 2050. Para que consigam atingir esse objetivo, várias indústrias precisam se adaptar ou mesmo se reinventar. É o caso da aviação. Esta indústria, que sofre economicamente desde o início da pandemia em 2020, tem agora uma tímida retomada de voos, mas um perfil de consumidor que vem mudando ao longo dos anos.

Principalmente nos países mais ricos, cresce individualmente o pensamento e a reflexão da pegada de carbono pessoal, agora acrescida ao risco de transmitir ou se contagiar com Covid-19 durante um voo ou uma viagem. Uma pesquisa feita em abril de 2020 com 14 países revelou que 65% dos entrevistados gostariam que a recuperação econômica após a pandemia seja feita considerando a mudança climática como prioridade.

Uma outra pesquisa [1], com a população da cidade de Bristol, no Reino Unido indicou que 83,6% dos entrevistados acreditam que suas decisões pessoais de viajar de avião tenham impacto no clima. Com relação aos efeitos da pandemia, 76,9% disseram que esses aspectos podem fazer com que decidam não viajar de avião em um futuro próximo.

Novos investimentos

Ao mesmo tempo, a União Europeia criou em 2008 a Clean Sky, iniciativa para acelerar e desenvolver novas tecnologias e inovações para a indústria. Na primeira rodada do programa, 1,6 bilhão de euros por ano foram investidos em demonstrações e testes de sistemas avançados de baixa pressão, novas tecnologias associadas às turbinas e asas, principalmente soluções em fluxo de ar livres de turbulência. O Clean Sky II elevou o orçamento programa para investimentos de 4 bilhões de euros por ano, contando com a participação de 30 países, 310 membros da indústria e mais de 250 universidades e centros de pesquisa, e mais de 350 pequenas e médias empresas.

Em março, uma nova chamada para projetos está para abrir. É esperado que inicialmente a Comissão Europeia invista 700 milhões de euros, e estes sejam somados com investimentos da indústria que acontecerão via parcerias público-privadas. Com o foco bem específico desta vez, o programa se chamará Clean Aviation e terá no escopo o desenvolvimento de soluções e tecnologias voltadas para aviões híbridos e elétricos, considerando o uso de hidrogênio como principal combustível em voos.

Essas inovações no setor fazem parte de uma nova tecnologia que vem sendo bastante utilizada nas transições energéticas, o “power-to-x”. O que isso significa?

Para os processos de eletrificação se tornarem uma realidade global, é necessário desenvolver soluções que atuem no armazenamento e transporte da energia gerada por fontes renováveis. Considerando que no futuro o abastecimento de transportes de todos os tipos será feito com energia limpa, surge a demanda de soluções power-to-x. O xis significa diferentes gases, líquidos e compostos químicos utilizados para gerar energia, como o hidrogênio e o metanol. Esses combustíveis sintéticos são também conhecidos como e-fuels, ou combustíveis elétricos.

O processo funciona da seguinte maneira: durante o dia, o excedente de energia gerado pela energia solar é usado para iniciar o processo de eletrólise. O hidrogênio rico em energia é então produzido a partir de moléculas de água e pode ser usado em diferentes soluções. Alternativamente, o hidrogênio é também combinado com o CO2 da atmosfera.

Catalisadores apropriados são usados na produção limpa de combustíveis sintéticos, como hidrogênio, metanol e metano, que atuam no setor automotivo, de aviação e aquecimento de moradias, por exemplo. Assim, o excesso de energia gerada pode ser armazenado e transportado para infraestruturas que já existem nos dias de hoje via dutos e tanques de gás, por exemplo.

Empresas como a ZeroAvia, que é pioneira no setor, estão apostando firme na eletrificação da aviação. Eles têm a visão de uma aviação no futuro que seja abastecida por hidrogênio-elétrico e renovável. Os principais parceiros e investidores da ZeroAvia já investiram mais de US$ 120 milhões na ideia de que a ZeroAvia oferecerá o primeiro powertrain (trem de força) com praticamente zero em emissões. Eles têm planos de oferecer soluções elétricas e abastecidas por hidrogênio a partir de 20 até 100 assentos para voos de longa distância.

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Todavia, o setor como um todo tem como princípio-mestre a segurança. Isso implica em processos de certificação e regulamentação pesados, longos e de alto custos, para garantir que essas inovações possam chegar o mercado sem infringir ou limitar os parâmetros de um voo seguro para todos. As projeções são de que em 2024 o mercado conheça ofertas de 10 a 20 assentos, chegando a ofertas de 200 assentos apenas em 2035.


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