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O esqueleto tem uma morfologia craniana semelhante à de Luzia, o mais antigo fóssil humano encontrado até hoje na América do Sul, razão pela qual os pesquisadores achavam que ele poderia pertencer a uma população biologicamente diferente dos indígenas atuais

Um artigo recente publicado na revista Nature Ecology & Evolution apresenta evidências sugerindo que o crânio de Luzio, um fóssil de aproximadamente 10.000 anos encontrado em São Paulo, descende da população ancestral progenitora de todos os grupos indígenas atuais.

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Encontrado na restinga do rio Capelinha, no vale do Ribeira de Iguape, o esqueleto tem uma morfologia craniana semelhante à de Luzia, o mais antigo fóssil humano encontrado até hoje na América do Sul, razão pela qual os pesquisadores pensaram que ele poderia pertencer a uma população biologicamente diferente dos indígenas atuais. 

O estudo, que refutou essa hipótese, foi realizado em quatro regiões distintas do Brasil, e analisou dados genômicos de 34 fósseis, incluindo restos de esqueletos maiores, bem como montes costeiros de conchas e espinhas de peixe, conhecidos como sambaquis

sambaqui
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Os sambaquis, símbolos da arqueologia brasileira, são caracterizados por enormes pilhas de conchas e espinhas de peixe usadas como casas, cemitérios e marcos de fronteira. 

“A análise genética mostrou que Luzio era um indígena, como os Tupi,  Quechua ou  Cherokee. Isso não significa que sejam todos iguais, mas de uma perspectiva global, todos derivam de uma única onda migratória que chegou às Américas há não mais de 16.000 anos. Se havia outra população aqui 30.000 anos atrás, ela não deixou descendentes entre esses grupos”, disse Strauss.

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O DNA de Luzio também revelou que os sambaquis ribeirinhos são diferentes dos litorâneos, portanto o achado não pode ser considerado um ancestral direto dos enormes sambaquis clássicos que surgiram posteriormente. Esta descoberta sugere que houve duas migrações distintas – uma para o interior, e outra para o longo da costa.

“Estudos de morfologia craniana realizados nos anos 2000 já apontavam para uma sutil diferença entre essas comunidades, e nossa análise genética confirmou isso”, disse Strauss. “Descobrimos que uma das razões era que essas populações costeiras não estavam isoladas, mas ‘trocavam genes’ com comunidades do interior. Ao longo de milhares de anos, esse processo deve ter contribuído para as diferenças regionais entre os sambaquis.”

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As amostras de DNA revelaram que a civilização costeira desaparecida, composta pelos primeiros caçadores-coletores do Holoceno, passou a substituir a construção de sambaquis pela construção de cerâmicas.  “Essa informação é compatível com um estudo de 2014 que analisou cacos de cerâmica de sambaquis e descobriu que as panelas em questão serviam para cozinhar não vegetais domesticados, mas peixes. Eles se apropriaram da tecnologia do sertão para processar alimentos que já eram tradicionais por lá”, disse Strauss.


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