A sensação de insegurança no transporte público é comum, especialmente em grandes cidades, onde relatos de crimes em estações de metrô ou ônibus ganham destaque na mídia. No entanto, estatísticas revelam que viajar de carro é significativamente mais perigoso, tanto em termos de acidentes fatais quanto de exposição à violência. Enquanto manchetes sensacionalistas alimentam o temor, os números mostram uma realidade diferente: o transporte coletivo oferece menos riscos à vida do que o tráfego de veículos particulares.
Dados do Victoria Transport Policy Institute apontam que a taxa de mortalidade em acidentes de trânsito é dez vezes maior para quem dirige em comparação com quem utiliza trens ou ônibus. Bairros com boa estrutura de transporte público registram um quinto das mortes no trânsito per capita em relação a áreas dependentes de automóveis. Além disso, a presença de alternativas de locomoção reduz comportamentos perigosos, como dirigir embriagado ou usar o celular ao volante.
Criminalidade: mito versus realidade
Apesar do aumento de crimes em sistemas de transporte durante a pandemia, os índices permanecem muito abaixo dos registrados em vias públicas. Roubos de carros e casos de violência no trânsito, incluindo agressões e disparos, superam em magnitude os incidentes em estações e veículos coletivos. Especialistas atribuem a distorção na percepção de risco à cobertura midiática, que privilegia eventos raros e impactantes, como empurrões em plataformas, em detrimento de acidentes rotineiros nas estradas.
Preconceito e infraestrutura influenciam percepção
Fatores sociais também contribuem para a visão negativa do transporte público. A associação entre ônibus e trens com populações de baixa renda ou imigrantes reforça estereótipos, enquanto o estilo de vida suburbano, centrado no automóvel, é idealizado. Autoridades frequentemente reforçam o medo ao priorizar mensagens de alerta em vez de destacar a segurança relativa desses sistemas. Estratégias mais eficientes incluiriam divulgar estatísticas positivas e promover interações sociais benéficas, como conversas entre passageiros, que podem reduzir a solidão.
Como melhorar a segurança e a confiança
Investir em infraestrutura é essencial para aumentar a adesão e a sensação de segurança. Medidas como melhor iluminação em paradas, contratação de mais motoristas mulheres e políticas rigorosas contra assédio podem fazer diferença. Reduzir limites de velocidade em vias urbanas, como fez Nova York com a Lei Sammy, também diminui acidentes. Enquanto alguns países possuem sistemas modernos e eficientes, os EUA ainda carecem de investimentos consistentes para tornar ônibus e trens mais limpos e pontuais.
Apesar dos desafios, especialistas reforçam que o transporte coletivo é uma das melhores alternativas para reduzir mortes no trânsito. Desinvestir nesse setor significaria colocar mais vidas em risco, enquanto aprimorá-lo traria benefícios não apenas para a mobilidade, mas para a saúde pública e a coesão social.