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Alternativas sustentáveis e eficientes ganham espaço como solução para o caos urbano

A expansão de rodovias, uma prática comum em diversas cidades dos Estados Unidos, tem se mostrado uma solução ineficaz para reduzir o congestionamento no longo prazo. Projetos bilionários, como a ampliação da Interstate 45 em Houston e da I-35 em Austin, prometem alívio imediato, mas acabam sucumbindo ao fenômeno da demanda induzida, em que novas faixas rapidamente são ocupadas, trazendo de volta os engarrafamentos. Enquanto isso, estratégias como a precificação de congestionamento, já adotadas em cidades como Nova York, Londres e Estocolmo, surgem como alternativas mais viáveis e menos custosas para melhorar a mobilidade urbana.

A lógica por trás da ampliação de rodovias parece simples: aumentar a oferta de faixas para atender à alta demanda por deslocamentos. No entanto, essa abordagem ignora um efeito colateral inevitável. Ao adicionar mais faixas, o custo de dirigir — em termos de tempo, estresse e inconveniência — diminui, incentivando mais pessoas a utilizar o veículo próprio. Susan Handy, engenheira de transportes da Universidade da Califórnia, Davis, explica que, após uma breve melhora, o trânsito retorna aos níveis anteriores, criando um ciclo vicioso de expansões contínuas.

Em áreas com alta demanda reprimida, como grandes centros urbanos, o alívio proporcionado pela ampliação é ainda mais efêmero. Kelcie Ralph, pesquisadora de planejamento de transporte na Universidade Rutgers, destaca que os motoristas ajustam seus hábitos para evitar o trânsito, seja mudando o horário de deslocamento, optando por rotas alternativas ou até mesmo abandonando certas viagens. Quando uma rodovia é ampliada, esses ajustes são revertidos, e o congestionamento retorna.

Além da ineficiência no combate ao trânsito, a ampliação de rodovias traz consigo custos significativos. Projetos como a expansão da I-80 na Califórnia, com um orçamento de quase US$ 500 milhões, ou a New Jersey Turnpike, que deve custar US$ 10,7 bilhões, representam investimentos vultosos. Esses valores, somados aos gastos com manutenção, poderiam ser direcionados para soluções mais sustentáveis, como a melhoria do transporte público, a construção de ciclovias e a expansão de redes ferroviárias.

Outro aspecto preocupante é o impacto ambiental e social dessas obras. Aumentar a capacidade das rodovias eleva o número de veículos em circulação, intensificando a emissão de poluentes como dióxido de carbono e material particulado. Comunidades marginalizadas, frequentemente localizadas próximas a grandes vias, são as mais afetadas, sofrendo com o aumento de doenças respiratórias, cardíacas e até atrasos no desenvolvimento infantil.

Nesse contexto, a precificação de congestionamento surge como uma alternativa promissora. Diferentemente da ampliação, que reduz o custo de dirigir e estimula a demanda, essa estratégia regula o tráfego por meio de pedágios ou faixas de alta ocupação (HOT, na sigla em inglês). Em cidades como Londres e Estocolmo, a implementação desses programas resultou em melhorias significativas na fluidez do trânsito e na qualidade do ar. Além disso, a receita gerada pode ser reinvestida em outras formas de transporte, beneficiando a população como um todo.

Apesar dos desafios iniciais de aceitação, a eficácia da precificação de congestionamento tende a conquistar os motoristas. Mark Burris, engenheiro civil da Texas A&M University, observa que, à medida que os resultados positivos se tornam visíveis, a aprovação pública aumenta. Programas como o recém-implementado em Nova York e as faixas HOT em cidades como Seattle e Los Angeles já demonstram que é possível equilibrar mobilidade e sustentabilidade.

Enquanto a ampliação de rodovias continua a ser uma opção atraente para muitos gestores públicos, é essencial questionar se os benefícios temporários justificam os custos de longo prazo. A busca por soluções inovadoras e sustentáveis, como a precificação de congestionamento e o investimento em transporte coletivo, pode ser o caminho para cidades mais eficientes e menos dependentes do automóvel. Afinal, como alerta Kelcie Ralph, é preciso fazer escolhas conscientes que considerem não apenas o presente, mas também o futuro que se deseja construir.


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