Loja
Apoio: Roche

Saiba onde descartar seus resíduos

Verifique o campo
Inserir um CEP válido
Verifique o campo

Comportamentos como brincadeiras e vocalizações alegres indicam que a experiência subjetiva pode ser comum no reino animal

A ciência tem avançado na compreensão de que a alegria, o prazer e outras emoções positivas podem ser pistas importantes para identificar a consciência em animais. Comportamentos como o riso em ratos, a dança antecipatória de tartarugas e o balançar de rabos em cães sugerem que a experiência subjetiva não é exclusiva dos humanos. Pesquisadores estão utilizando esses marcadores emocionais para explorar uma questão antiga: os animais têm consciência?

A consciência, definida como a capacidade de ter experiências subjetivas, é um tema complexo e desafiador. Jeff Sebo, filósofo e diretor do Centro de Proteção Ambiental e Animal da Universidade de Nova York, explica que a busca por marcadores comportamentais e anatômicos associados à consciência em humanos pode ser estendida aos animais. Embora esses indicadores não provem definitivamente a existência de consciência, eles oferecem evidências que aumentam a probabilidade de sua presença.

Em abril de 2024, mais de 500 cientistas e pesquisadores assinaram a Declaração de Nova York sobre Consciência Animal, um marco que reforça a ideia de que muitos animais podem ter experiências conscientes. O documento, elaborado por Sebo, Kristin Andrews e Jonathan Birch, defende que comportamentos como a alegria e o sofrimento em animais devem ser considerados indícios de consciência.
A pesquisa sobre consciência animal tem se concentrado tradicionalmente em marcadores de dor, como respostas a ferimentos e o uso de analgésicos. No entanto, a inclusão de indicadores de alegria e prazer abre novas possibilidades de estudo. Por exemplo, ratos emitem vocalizações de alta frequência ao brincar, semelhantes ao riso humano, enquanto abelhas rolam bolas sem motivo aparente, exceto pelo prazer da atividade.

A presença de neurotransmissores como dopamina, serotonina e ocitocina no cérebro de animais também é um indicador relevante. Essas substâncias estão associadas a experiências positivas e reforçam a hipótese de que muitos animais podem ter uma vida emocional rica e consciente.

Kristin Andrews propõe uma mudança radical na abordagem científica: em vez de presumir que os animais não são conscientes até que se prove o contrário, devemos assumir que eles têm consciência e investigar suas dimensões. Essa postura não só é eticamente mais cuidadosa, mas também estimula hipóteses mais rigorosas e abrangentes sobre a natureza da consciência.

Essa inversão do ônus da prova tem implicações práticas. Se animais são considerados conscientes, as pesquisas que envolvem dor e sofrimento precisam ser revistas. Estudos observacionais em ambientes naturais, sem a necessidade de infligir dor, podem oferecer dados valiosos sem comprometer o bem-estar animal.

Enquanto a dor é um marcador mais fácil de observar, a alegria oferece uma visão complementar sobre a consciência. Comportamentos como o otimismo, medido pela disposição de animais em explorar o desconhecido, e a brincadeira, presente em espécies tão diversas como cães e insetos, são indicadores poderosos de experiências positivas.

A combinação de marcadores de dor, alegria e percepção pode fornecer uma compreensão mais completa da consciência animal. Se os animais têm uma probabilidade realista de serem conscientes, a ciência e a ética devem caminhar juntas para garantir que suas experiências sejam respeitadas e estudadas de forma responsável.

A Declaração de Nova York e os estudos recentes sobre emoções animais representam um avanço significativo na forma como entendemos e interagimos com outras espécies. Ao reconhecer a possibilidade de consciência em animais, a sociedade é desafiada a repensar práticas científicas, políticas públicas e hábitos cotidianos.

A alegria, muitas vezes negligenciada em pesquisas, emerge como um elemento central nessa discussão. Se os animais são capazes de experimentar prazer, brincar e expressar otimismo, isso não apenas enriquece nossa compreensão sobre a consciência, mas também reforça a necessidade de tratá-los com respeito e compaixão.

A ciência está apenas começando a explorar esse campo fascinante, mas uma coisa é clara: a alegria pode ser a chave para desvendar os mistérios da mente animal.


Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos. Saiba mais