Loja
Apoio: Roche

Saiba onde descartar seus resíduos

Verifique o campo
Inserir um CEP válido
Verifique o campo

Infestação de piolho-do-mar compromete fazendas de salmão no oceano Ártico

Piolho-do-mar é o termo adotado para descrever espécies de crustáceos copépodes ectoparasitas dos gêneros Lepeophtheirus e Caligus. Em seu estado larval, esse animal representa a maior fonte de proteína nos oceanos do mundo consumida pela fauna marinha. 

Acredita-se que os piolhos-do-mar habitam os oceanos desde antes do surgimento do salmão — a fonte primária da alimentação da espécie L. salmonis. Entretanto, o conhecimento popular sobre esses animais foi impulsionado a partir da década de 80, com o advento da aquicultura de salmão marinho.

Desde então, houve a expansão de relatos publicados de epizootias de piolhos marinhos L. salmonis em áreas de aquicultura, destacando os impactos que essas infestações causam na fauna marinha. 

Existem duas espécies de piolho-do-mar que afetam os salmões — Lepeophtheirus salmonis e Caligus elongates. Enquanto o C. elongates afeta diversas espécies marinhas, o L. salmonis é responsável por afetar apenas salmões e espécies semelhantes. 

Esses crustáceos se alimentam da mucosa, sangue e pele dos peixes, formando pequenas lesões abertas que comprometem o sistema imunológico do animal e que, consequentemente, podem causar mortes em massa.

Fazendas de salmão estão dizimando peixes selvagens

Riscos das infestações de piolho-do-mar

Naturalmente, salmões selvagens adultos conseguem sobreviver às infestações de piolho-do-mar devido ao processo de migração da água salgada à água doce, em que os copépodes abandonam o corpo dos animais. 

Durante a expansão da aquicultura em locais como Noruega, Escócia, Irlanda e Colúmbia Britânica, especialistas temiam que o salmão do Atlântico cultivado escaparia das fazendas e competiria por comida com as populações nativas de salmão selvagem do Alasca. Entretanto, o aumento de espécies de L. salmonis encontrado em salmões selvagens juvenis migrando através de áreas próximas a fazendas de salmão tornou-se um problema ainda maior. 

Na natureza, os salmões adultos e juvenis raramente se misturam, o que reduz as chances de contaminação por piolhos-do-mar. Entretanto, a expansão da aquicultura e de fazendas de salmão possibilitou que salmões adultos fossem criados em cercados perto da rota migratória do salmão selvagem juvenil — o que aumenta a chance de infestações. 

De fato, o salmão selvagem próximo às fazendas possui 73 vezes mais chances de sofrer consequências letais do piolho-do-mar do que os juvenis não adjacentes às aquiculturas. Adicionalmente, salmões jovens não possuem escamas, tornando-os mais vulneráveis aos ataques dos crustáceos. 

“As larvas infectantes têm menos de um milímetro de comprimento, por isso, na natureza, encontrar um hospedeiro é uma parte difícil do ciclo de vida. Mas na aquicultura, os peixes são mantidos em densidades anormalmente elevadas, por isso os parasitas exploram isso e as suas vidas tornam-se mais fáceis”, disse o professor Geoff Boxshall, pesquisador de crustáceos copépodes ao Natural History Museum

três piolhos-do-mar, cada um em um estágio de vida. De cima para baixo: 1. Fêmea madura com fios de ovos. 2. Fêmea madura sem ovos. 3. Piolhos imaturos.
De cima para baixo: 1. Fêmea madura com fios de ovos. 2. Fêmea madura sem ovos. 3. Piolhos imaturos. Imagem editada e redimensionada de Thomas Bjørkan, disponível no Wikimedia sob a licença CC BY-SA 3.0

Soluções 

O tratamento mais comum para a infestação de piolho-do-mar envolve o uso de produtos químicos agressivos que, embora relativamente efetivos, possuem impactos negativos aos peixes. Entretanto, ao longo do tempo, os crustáceos criaram resistência às três principais classes de produtos químicos utilizados.

Um surto de piolhos-do-mar em fazendas de salmão na Islândia evidenciou o problema. Ao realizar o tratamento com inseticidas, a infestação cresceu: 

“Em duas a três semanas, houve um grande aumento no número de piolhos (…) Sabemos que os piolhos são muito adaptáveis ​​e um método que utilizam é ​​a mutação, especialmente com os medicamentos”, disse Berglind Helga Bergsdóttir, especialista em doenças de peixes da Autoridade Alimentar e Veterinária da Islândia, ao The Guardian.

Inibidores

Outra solução para diminuir as infestações de piolhos-do-mar em aquiculturas é o uso de inibidores de muda. A muda é um processo natural de crustáceos, em que os animais abandonam seus exoesqueletos para crescer. 

E, embora esse inibidor não apresente riscos à população de peixes, outras espécies de crustáceos, como camarões e lagostas, podem ser atingidas, o que reduz o seu uso em grande escala. 

Soluções naturais 

Algumas fazendas de salmão apostam em soluções naturais para controlar o problema. Uma delas é o uso de “peixes limpadores”, que se alimentam dos crustáceos. 

Para que o método funcione, os aquicultores precisam tratar os animais com outros métodos para controlar totalmente os piolhos, mas reduzindo significativamente o uso de produtos químicos. No entanto, esse método só tornou-se eficiente em algumas áreas. 

“Estranhamente, os peixes limpadores funcionam melhor na Noruega do que na Escócia. Os bodiões são peixes incomuns, pois semi-hibernam no inverno. Pode ter algo a ver com esse comportamento ou com a faixa de temperatura tolerada, mas na verdade são apenas suposições sobre qual é a causa real”, disse Boxshall. 

Outra solução natural para o controle de piolhos-do-mar é a instalação de redes próximas à superfície da água. As larvas dos piolhos são encontrados principalmente perto da superfície, portanto, manter o salmão em águas mais profundas diminui as oportunidades de contaminação.

Impactos ambientais de uma fazenda de camarão

Piolho-do-mar ou erupção dos banhistas do mar?

Coincidentemente, o termo “piolho-do-mar” também é utilizado para nomear uma tipo de dermatite. Entretanto, embora possuam esse nome, os animais que causam a condição são, principalmente, larvas de águas-vivas da espécie Linuche unguiculata

O parasita é transparente e quase invisível à olho nu. Ao sair da água, a larva fica presa no corpo humano. Consequentemente, a tração da roupa de banho com a pele faz com que os animais liberem suas toxinas através de picadas. 

As picadas resultam em erupções cutâneas vermelhas e coceiras em áreas do corpo cobertas por pelos ou pela roupa de banho de banhistas que visitam alguns corpos d’água como o Oceano Atlântico, Golfo do México ou Mar do Caribe.


Utilizamos cookies para oferecer uma melhor experiência de navegação. Ao navegar pelo site você concorda com o uso dos mesmos. Saiba mais