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Segundo relatório, o mundo está a caminho de produzir cerca de 50% mais combustíveis fósseis em 2030 do que seria consistente com limitação do aquecimento a 2 °C

O setor dos transportes é o principal consumidor de combustíveis fósseis na região latino-americana e a principal fonte de poluição atmosférica. Imagem de Pexels por Pixabay

O mundo está caminhando para produzir muito mais carvão, petróleo e gás natural do que seria consistente com a limitação do aquecimento a 1,5 °C ou 2 °C, criando uma “lacuna de produção” que dificulta o alcance das metas climáticas, de acordo com o primeiro relatório que avalia planos e projeções dos países para a produção de combustíveis fósseis.

O Relatório sobre a Lacuna de Produção complementa o Relatório sobre a Lacuna de Emissões do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), que mostra que as promessas dos países ficam aquém da redução de emissões necessária para atender aos limites globais de temperatura.

Os países planejam produzir combustíveis fósseis muito além dos níveis necessários para cumprir suas promessas climáticas sob o Acordo de Paris, que estão longe de ser adequadas. Esse superinvestimento no suprimento de carvão, petróleo e gás dificultará a redução de emissões, ao reforçar a infraestrutura de combustíveis fósseis estabelecida.

“Na última década, a conversa sobre o clima mudou. Entendemos, hoje, o quanto a expansão desenfreada da produção de combustíveis fósseis contribui para o enfraquecimento das ações climáticas”, disse Michael Lazarus, principal autor do relatório e Diretor do Centro dos EUA do Stockholm Environment Institute.

“Este relatório mostra, pela primeira vez, quão grande é a desconexão entre as metas de temperatura de Paris e os planos e políticas dos países para produção de carvão, petróleo e gás. Ele também compartilha soluções, apontando políticas domésticas e cooperação internacional como formas de ajudar a preencher essa lacuna.”

O relatório foi produzido por diversas organizações de pesquisa, incluindo Instituto de Meio Ambiente de Estocolmo (SEI, em inglês), Instituto Internacional do Desenvolvimento Sustentável, Instituto de Desenvolvimento Ultramarino, Centro CICERO de Pesquisa Internacional em Clima e Ambiente, Climate Analytics e PNUMA. Mais de 50 pesquisadores contribuíram para a análise e revisão, abrangendo inúmeras universidades e organizações de pesquisa adicionais.

No prefácio do relatório, a diretora-executiva do PNUMA, Inger Andersen, observou que as emissões de carbono permaneceram exatamente nos níveis projetados há uma década.

“Isso exige foco, específico e inadiável, sobre os combustíveis fósseis”, escreveu. “O suprimento de energia do mundo permanece dominado por carvão, petróleo e gás, impulsionando níveis de emissão incompatíveis com as metas climáticas. Para esse fim, este relatório apresenta a lacuna na produção de combustíveis fósseis, uma nova métrica que mostra claramente a diferença entre o aumento da produção de combustíveis fósseis e o declínio necessário para limitar o aquecimento global.”

As principais conclusões do relatório incluem:

O mundo está a caminho de produzir cerca de 50% mais combustíveis fósseis em 2030 do que seria consistente com a limitação do aquecimento a 2 °C e 120% a mais do que seria consistente com a limitação do aquecimento a 1,5 °C.

Essa diferença de produção é maior para o carvão. Os países planejam produzir 150% a mais de carvão em 2030 do que seria consistente para limitar o aquecimento a 2 °C e 280% a mais do que seria consistente para limitar o aquecimento a 1,5 °C.

O petróleo e o gás natural também estão a caminho de exceder os orçamentos de carbono, com investimento contínuo e bloqueio da infraestrutura no uso desses combustíveis, até que os países produzam entre 40% e 50% mais petróleo e gás até 2040 do que seria consistente com a limitação do aquecimento para 2 °C.

Projeções nacionais sugerem que os países estão planejando produzir 17% a mais de carvão, 10% a mais de petróleo e 5% a mais de gás em 2030 do que os consistente com a implementação das contribuições nacionalmente determinadas (CNDs), que, por si só, não são suficientes para limitar o aquecimento a 1,5 °C ou 2 °C.

Os países têm inúmeras opções para diminuir o déficit de produção, incluindo limitar a exploração e a extração, remover subsídios e alinhar os planos de produção futuros com as metas climáticas. O relatório detalha essas opções, bem como as disponíveis através da cooperação internacional sob o Acordo de Paris.

Os autores também enfatizam a importância de uma transição justa dos combustíveis fósseis.

“Existe uma necessidade premente de garantir que aqueles afetados por mudanças sociais e econômicas não sejam deixados para trás”, disse a autora do relatório e Pesquisadora da SEI, Cleo Verkuijl. “Ao mesmo tempo, o planejamento de transição pode gerar consenso para políticas climáticas mais ambiciosas”.

O Relatório de Lacunas na Produção vem do fato de mais de 60 países já se comprometerem a atualizar suas contribuições nacionalmente determinadas (CNDs), que estabelecem seus novos planos de redução de emissões e compromissos climáticos sob o Acordo de Paris, até 2020.

“Os países podem usar esta oportunidade para integrar estratégias em gerenciar a produção de combustíveis fósseis em suas CNDs – o que, por sua vez, os ajudará a alcançar metas de redução de emissões”, disse Niklas Hagelberg, coordenador de mudanças climáticas do PNUMA.

“Apesar de mais de duas décadas de formulação de políticas climáticas, os níveis de produção de combustíveis fósseis estão mais altos do que nunca”, disse o diretor executivo da SEI, Måns Nilsson. “Este relatório mostra que o apoio contínuo dos governos à extração de carvão, petróleo e gás é uma grande parte do problema. Estamos em um buraco profundo – e precisamos parar de cavar”.


Fonte: ONU Brasil

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