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Modelagem inversa aponta capacidade surpreendente de sequestro de CO₂ em matas maduras

As florestas nativas da Nova Zelândia estão capturando dióxido de carbono (CO₂) em quantidades significativamente maiores do que as estimativas anteriores. A descoberta, publicada na revista Atmospheric Chemistry and Physics, pode alterar a forma como o país calcula suas emissões de gases de efeito estufa, redefine o valor dos créditos de carbono e influencia políticas climáticas e de uso do solo.

Utilizando técnicas avançadas de modelagem inversa e o supercomputador do Instituto Nacional de Pesquisa em Água e Atmosfera (NIWA), os pesquisadores analisaram dados atmosféricos coletados entre 2011 e 2020. O método combina medições de gases estufa com simulações de circulação do ar para identificar fontes e sumidouros de CO₂. Os resultados contrastam com os modelos tradicionais do Inventário de Gases de Efeito Estufa, que se baseiam em medições de campo, sensoriamento remoto e cálculos de processos ecossistêmicos.

A pesquisa revelou que os ecossistemas terrestres da Nova Zelândia absorvem cerca de 171 milhões de toneladas de CO₂ por ano, valor bem acima das projeções anteriores, que variavam de 24 a 118 milhões de toneladas. As diferenças foram mais acentuadas na Ilha Sul, especialmente em regiões cobertas por florestas nativas maduras e pastagens. O estudo também identificou variações sazonais, com menor liberação de CO₂ no outono e inverno.

Beata Bukosa, cientista atmosférica do NIWA e líder do estudo, explica que matas nativas antes consideradas neutras em carbono estão, na verdade, atuando como sumidouros robustos. Um estudo piloto em 2017 já apontava essa tendência em Fiordland, mas os novos dados confirmam que o fenômeno é mais amplo e persistente.

As implicações são relevantes para as metas climáticas do país. Andrea Brandon, cientista do Ministério do Meio Ambiente e coautora da pesquisa, ressalta que o Inventário de Emissões precisará ser ajustado para incorporar esses achados. Enquanto isso, Sara Mikaloff-Fletcher, coordenadora do programa CarbonWatch NZ, destaca que o manejo adequado dessas áreas pode reduzir a dependência de compensações internacionais e trazer benefícios adicionais para a biodiversidade.

Apesar dos avanços, persistem dúvidas sobre os mecanismos por trás do maior sequestro de carbono. Novas pesquisas buscarão esclarecer se fatores como mudanças climáticas ou características específicas das florestas nativas explicam a discrepância entre os métodos de medição. Enquanto isso, os resultados reforçam a importância de preservar ecossistemas maduros não apenas para a conservação, mas também como estratégia eficaz no combate ao aquecimento global.


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