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Cerca de 55% das mulheres brasileiras já tiveram gravidez não planejada, situação que pode ser revertida com informação de qualidade e acesso à contracepção eficaz

Por Jornal da USP.

Por Rádio USP.

Os métodos contraceptivos reversíveis de longa ação, conhecidos como LARCs, têm potencial para mudar o atual cenário da gravidez indesejada no País. Segundo os especialistas, são métodos de alta eficácia que podem diminuir o problema, principalmente nos grupos de mulheres mais vulneráveis, como as adolescentes e as de baixa renda. Para isso, é preciso levar informação de qualidade às brasileiras e facilitar o acesso aos métodos que ainda têm custo elevado.

O baixo número de mulheres brasileiras usando os LARCS pode ajudar a explicar a diferença nos índices de gravidez não planejada entre Brasil e Reino Unido. Enquanto mais da metade das brasileiras já tiveram gravidez indesejada, segundo a pesquisa Nascer no Brasil, desenvolvida pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, no Reino Unido, esse índice é de 16%, conforme pesquisa do National Health Service.

O médico especialista Silvio Franceschini, da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto, conta que o Brasil tem “em torno de 5,5% de mulheres usando LARCs, enquanto no Reino Unido são 31% das mulheres usando esses métodos”, o que, segundo o médico, mostra a grande diferença com relação à quantidade de gravidez indesejada onde o uso do LARC é mais difundido e acessível.

No Brasil, as mulheres ainda escolhem métodos mais tradicionais, em especial pela falta de conhecimento sobre outros métodos, como os LARCs. “A Pesquisa Nacional de Saúde, de 2019, realizada pelo IBGE, avaliou o uso de métodos anticoncepcionais entre mulheres de 15 a 49 anos; 40% usavam pílula; 20% usavam camisinha e 17% realizaram a  laqueadura tubária”, esclarece Erciliene Moraes Martins Yamaguti, médica associada do Departamento de Obstetrícia e Ginecologia da Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto.

Além da falta de informação sobre esses métodos, é preciso ampliar os programas de acesso nos municípios, Estados e até mesmo de forma nacional. No Sistema Único de Saúde, apenas o DIU de cobre está disponível em todo o território. O que existe em alguns municípios são programas de acesso, como em Ribeirão Preto, onde “as pacientes vulneráveis têm acesso ao implante subdérmico, alguns grupos têm acesso ao DIU hormonal também, isso acaba mudando a realidade do município”, conta Erciliene.

Mas o que são os LARCs?

A sigla LARC vem do inglês, long-acting reversible contraceptives, na tradução: métodos reversíveis de longa ação. Esses métodos têm a duração de pelo menos três anos, e nesse rol se enquadram o DIU de cobre e hormonal e o implante contraceptivo subdérmico. Esses métodos são altamente eficazes, pois “têm o uso típico e o uso ideal muito parecidos, porque não dependem da memória da paciente”, conta Franceschini.

Ao comentar sobre a taxa de falha desses métodos, a médica Erciliene informa que “o DIU de cobre tem uma taxa de falha de 0,8%, de mil pacientes, oito engravidam; já no DIU hormonal, a taxa é de 0,2%, ou seja, de mil pacientes, duas engravidam, e o implante hormonal subdérmico é ainda mais eficaz, com a taxa de falha de apenas 0,05%, ou seja, cinco mulheres engravidam entre 10 mil usuárias”.

Barreiras de acesso ao uso dos LARCs

Apesar do alto índice de eficácia, esses métodos apresentam algumas barreiras de acesso que dificultam maior uso entre as mulheres no Brasil. A primeira dificuldade é a falta de conhecimento, “as pacientes têm pouca informação sobre os métodos contraceptivos”, conta Erciliene.

A segunda barreira está relacionada ao alto custo desses métodos. “O DIU de cobre, se a gente fosse comprar, é vendido por volta de RS$ 150; o DIU hormonal e o implante subdérmico, por volta de R$ 1.000, além das despesas para inserir os dispositivos na mulher,” comenta a médica especialista. Essa barreira é ainda maior para aquelas pacientes vulneráveis e de baixa renda.

Por fim, Erciliene aponta ainda a falta de capacitação profissional. No mercado existem muitos profissionais que não recebem o treinamento para inserir esses métodos, além daqueles médicos que passam informações incompletas para as pacientes, as desencorajando. “A gente precisa orientar, mas é a paciente que decide, ela tem autonomia na decisão”, conta Erciliene.

Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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