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Mulheres indígenas estão na linha de frente da luta por maior participação política pelo alistamento eleitoral

Por Isabel Clavelin em Nações Unidas BrasilComo forma de lutar pelos direitos dos povos indígenas, os jovens estão aumentando a sua participação como voluntários em movimentos sociais, principalmente os que pregam o empoderamento feminino.

A ONU Mulheres conta a história de voluntários indígenas que estão lutando para que estes povos tenham maior participação na política, mídia e também dados estatísticos mais precisos sobre grupos étnicos.

Um destes movimentos é o de alistamento eleitoral, onde jovens estimulam outros jovens a tirarem seus títulos eleitorais e elegerem representantes locais.

Jaciara Vasconcelos fez o seu título eleitoral aos 16 anos e, em 2022, é voluntária no alistamento eleitoral de adolescentes e jovens indígenas.
Legenda: Jaciara Vasconcelos fez o seu título eleitoral aos 16 anos e, em 2022, é voluntária no alistamento eleitoral de adolescentes e jovens indígenas.Foto: © Webert da Cruz/ONU Mulheres

Os jovens têm desempenhado diferentes funções na organização política dos povos indígenas no Brasil e feito avançar a busca por direitos humanos. Como voluntários, eles têm estimulado mudanças em áreas cruciais como participação política, representatividade na mídia e produção de dados estatísticos. 

Como forma de se preparar para as eleições de 2022, por exemplo, líderes da juventude indígena estão se mobilizando voluntariamente para cadastrar e credenciar novos eleitores, no chamado processo de alistamento eleitoral.  Voluntária neste movimento, Jaciara Vasconcelos conta que se uniu a um grupo de alistamento eleitoral indígena como uma forma de incentivar outros jovens a votarem. “Várias pessoas entre 16 a 18 anos não têm título e há uma baixa muito grande de vários anos para cá. A gente considerou a possibilidade de trazer à tona essa consciência de ter um futuro melhor”, comenta 

Eleitora desde os 16 anos, Jaciara diz estar feliz em participar do alistamento como voluntária. “A gente viu essa possibilidade de colocar os parentes para votar e também nos colocar dentro da política. A gente precisa ter os nossos representantes. É importante os jovens estarem conscientes do seu voto, ter o seu título e eleger os parentes nos estados, nos governos, para que a gente consiga também incidir sobre as leis. É uma forma de inspirar outros jovens a estarem aqui e querer ver a representação, o rosto indígena lá na política, lutando pelo nosso território”, comentou.

Lídia Guajajara, do coletivo Mídia Índia, faz uso das novas tecnologias e das redes sociais na contínua trajetória de mulheres indígenas na comunicação, intensificada desde a década de 1970.
Legenda: Lídia Guajajara, do coletivo Mídia Índia, faz uso das novas tecnologias e das redes sociais na contínua trajetória de mulheres indígenas na comunicação, intensificada desde a década de 1970.Foto: © Webert da Cruz/ONU Mulheres

Voz e visibilidade – Integrante do coletivo Mídia Indígena, Lídia Guajajara luta para fazer da comunicação uma área de protagonismo destes povos. “A gente consegue levar informação e tecnologia para produzir conteúdos de forma democrática, contando a nossa versão. A versão de quem realmente vive no território, porque a grande mídia, às vezes, não conta a nossa história e mostra apenas o lado negativo”.

Outro ponto de trabalho da comunicadora é o empoderamento das mulheres. “Na comunicação, a gente tem participação. Temos voz ativa. A gente tem conquistado vários locais para trazer a nossa fala, mostrar a nossa realidade, para contar a nossa história. É uma oportunidade, aqui no movimento, para a gente trazer essa visão que parte da sociedade não conhece. A gente consegue transitar entre a aldeia e a cidade, porque aqui também é nosso território. Este país é nosso território”, revelou. 

Secretariado e logística – Encontros indígenas criam oportunidades para atualização de cadastro e credenciamento de novas pessoas guarani. Jeni Lopes, estudante de pedagogia na Universidade Federal de Santa Catarina, e Larissa Uruí, estudante de ensino médio, são algumas das voluntárias que prestam apoio operacional ao secretariado e logística da Comissão Guarani. 

Para Jeni, o trabalho na comissão representa uma missão de vida com o seu povo. “Eu entrei na faculdade para ajudar o meu povo. Hoje em dia, a gente vive no meio da cidade. Vê a preocupação de defender o nosso povo e o nosso território. Há muita gente que não fala português. Quando eu comecei na comissão, entendi bem que a gente precisa dar força para as mulheres, umas as outras”, considerou.

Já Larissa avalia que os encontros indígenas nacionais são importantes para o fortalecimento do movimento social. Ela participa dos movimentos de juventude indígena e também de mulheres indígenas. “Nós jovens, toda vez que participamos de algo sobre a nossa cultura, a gente avalia a participação e troca de conhecimento entre nós. Caciques e lideranças nem sempre estarão ali. Nós, jovens, estamos nos interessando mais nisso”, pontua. “Fora da aldeia fazem muito bullying com a gente. Mesmo assim, estamos ali estudando. A gente discute sobre isso porque queremos passar também essa experiência para as criancinhas”, revela.

Este texto foi originalmente publicado por Nações Unidas Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não representa necessariamente a opinião do Portal eCycle.


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