Umidade dos oceanos é transportada por ventos monçônicos, alimentando tempestades
A relação entre os oceanos e o clima acaba de ganhar um novo capítulo. Cientistas identificaram que fenômenos oceânicos em diferentes partes do mundo funcionam como alertas antecipados para chuvas persistentes e intensas na China durante o verão. O estudo, publicado na revista Advances in Atmospheric Sciences, revela que as temperaturas das águas no inverno podem prever com até 75% de precisão a duração desses eventos extremos meses antes de sua ocorrência.
A pesquisa analisou dados de precipitação entre 1961 e 2020, cruzando informações sobre duração, volume total e intensidade diária das chuvas. Os resultados mostram que seis padrões oceânicos principais, incluindo oscilações no Pacífico tropical e no Índico, influenciam diretamente a umidade transportada para o território chinês. Quando combinados, esses fatores respondem por 85% da variação na persistência das tempestades.
O mecanismo por trás desse fenômeno envolve o aquecimento das superfícies oceânicas. Águas mais quentes aumentam a evaporação, liberando maior quantidade de vapor na atmosfera. Esse fluxo é então direcionado para a China por correntes de vento associadas à monção e ao anticiclone subtropical, criando condições ideais para precipitações prolongadas. Experimentos com modelos climáticos confirmaram que o aumento das temperaturas no Pacífico e no Índico intensifica as chuvas no continente.
Os pesquisadores já começaram a integrar as descobertas ao sistema nacional de alertas de enchentes da China, com testes previstos para a estação chuvosa de 2025. A expectativa é que os novos modelos permitam antecipar eventos extremos com seis a oito meses de antecedência, oferecendo mais tempo para medidas de prevenção.
Apesar do avanço, limitações persistem. Modelos atuais ainda não conseguem capturar interações oceano-atmosfera em escalas de tempo superiores a um ano, e parte das relações climáticas permanece desconhecida. Novas pesquisas com simulações mais sofisticadas devem aprofundar o entendimento desses processos.
Com as mudanças climáticas alterando padrões oceânicos, o estudo reforça a importância de monitorar os oceanos para melhorar previsões sazonais. Governos e agências de emergência podem se beneficiar desses insights para reduzir os impactos de desastres naturais cada vez mais frequentes.