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Rolinha-do-planalto é redescoberta no interior de Minas Gerais

Imagem: Pedro Develey/Save Brasil

A rolinha-do-planalto (Columbina cyanopis), uma das aves mais raras do planeta, era considerada criticamente em perigo e possivelmente extinta na natureza desde 1941. Mas a ave foi novamente avistada por pesquisadores brasileiros numa região do Cerrado do interior de Minas Gerais. Pequena, possui belos olhos azuis, plumagem mesclada em tons de laranja, marrom e cinza, diferenciada pelos pequenos salpicos de azul escuro nas asas.

Identificada também pelos nomes de rolinha-brasileira ou pombinha-de-olho-azul, essa ave, exclusiva do Brasil, era conhecida somente pelos exemplares coletados no século passado, empalhados e expostos em museus, e por relatos descritivos sem comprovação. Vista pela primeira vez em 1823, até então nada se sabia sobre seu comportamento, nem acerca da beleza do seu canto.

Alvoroço

No mês de maio de 2016 sua redescoberta na natureza foi noticiada pelo ornitólogo da Sociedade para Conservação das Aves do Brasil (Save Brasil), Rafael Bessa, o primeiro pesquisador a avistar, fotografar e gravar o canto da ave em junho do ano passado, em expedição pelo Cerrado mineiro. Desde então, ele e outros ornitólogos voltaram várias vezes à região e confirmaram a presença do animal. Foram identificadas 12 dessas rolinhas de olhos azuis.

Rafael Bessa conta que estava fazendo um levantamento ornitológico (de pássaros) numa determinada área e buscou um atalho para economizar tempo, porque já estava escurecendo. “Foi quando me deparei com um local de beleza cênica diferente. Parei para tirar fotos e ouvi um canto que não conhecia”. Voltou no dia seguinte e conseguiu gravar o canto do bicho. “Quando reproduzi o som daquela voz, a ave se aproximou e pude ver que era um bicho fantasma, desaparecido”, relata.

Essa redescoberta é considerada um fato da maior importância, garante o secretário-substituto da Secretaria de Biodiversidade e Florestas (SBF) do Ministério do Meio Ambiente (MMA), Ugo Vercillo. “Primeiro, quero parabenizar os pesquisadores por reencontrarem a espécie, mas, de posse dessa informação nova, vamos traçar, urgentemente, medidas para evitar que ela desapareça de verdade da natureza”, enfatiza Vercillo.

Situação crítica

Diante da novidade surpreendente, o secretário-substituto da SFB/MMA avalia que, em função da enorme diversidade do Brasil, do alto grau de endemismo (aquilo que se desenvolve numa região) e da dimensão do país, “não é raro que espécie consideradas extintas sejam redescobertas, a exemplo do que ocorreu com o mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus), o rato-do-mato-laranja (Rhagomys rufescens) e o tatu-bola (Tolypeutes tricinctus), entre outros, o que denota a necessidade permanente de pesquisa e geração de dados sobre a biodiversidade brasileira”.

A coordenadora do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave) do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Priscilla Prudente do Amaral, explica que o Centro recebeu, em anos anteriores, alguns relatos de observação de indivíduos dessa espécie, mas sem registro de fotos, nem coleta de animal. “Por isso, ficávamos na dúvida, porque essa é uma ave que se parece com outras espécies, e quando não temos certeza, categorizamos como criticamente em perigo e possivelmente extinta, pois existia a possibilidade de ela não existir mais na natureza”.

Agulha no palheiro

Priscilla do Amaral conta que o último exemplar da rolinha-do-planalto foi coletado numa fazendo próxima a Rio Verde, Goiás, entre 1940 e 1941. Depois, houve relatos de observação nas décadas de 1980, em Mato Grosso, e 1990, em Mato Grosso do Sul, “mas eram registros duvidosos, porque não havia documentação, como fotos, que comprovasse a presença da ave”, insiste.

A rolinha-do-planalto, agora classificada na categoria criticamente em perigo, está contemplada no Plano de Ação Nacional para Conservação das Aves do Cerrado e Pantanal, que prevê a realização de expedições de busca para encontrar a espécie. “Mas não sabíamos onde procurar, porque sua distribuição ocorre em vários estados, e não tínhamos registro dela em Minas Gerais”, diz a coordenadora do Cemave. Priscilla comemora: “Essa notícia da redescoberta é maravilhosa. É como encontrar uma agulha no palheiro. Não é algo simples. Agora que sabemos da sua localização, podemos pensar em ações mais específicas, porque sabemos por onde começar”.

Fonte: Ministério do Meio Ambiente

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