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O aterro sanitário é uma obra de engenharia projetada para garantir a disposição correta dos resíduos sólidos urbanos

O aterro sanitário é uma obra de engenharia projetada sob critérios técnicos, cuja finalidade é garantir a disposição correta dos resíduos sólidos urbanos que não puderam ser reciclados, de modo que os descartes não causem danos à saúde pública ou ao meio ambiente. Teoricamente, o aterro sanitário é considerado uma das técnicas mais eficientes e seguras de destinação de rejeitos.

Rejeito é um tipo específico de resíduo sólido – quando todas as possibilidades de reaproveitamento ou reciclagem já tiverem sido esgotadas e não houver solução final para o item ou parte dele, trata-se de um rejeito. As únicas destinações plausíveis são encaminhá-lo para um aterro sanitário licenciado ambientalmente ou incineração.

Resíduo e rejeito
Você sabe a diferença entre resíduo e rejeito?

No Brasil, uma das funções dos municípios é coletar e dispor o resíduo gerado adequadamente. Por várias razões, como escassez de recursos, deficiências administrativas e falta de visão ambiental, é comum que os resíduos sejam descartados em locais inapropriados. Isso provoca degradação do solo, contaminação dos rios e lençóis freáticos e emissões de biogás.

Resultante da decomposição da matéria orgânica dos resíduos sólidos urbanos, o biogás é rico em metano (CH4). O metano, por sua vez, é uma substância que, além de possuir grande potencial combustível, contribui significativamente para o aquecimento global.

O que são Resíduos Sólidos Urbanos?

Os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), vulgarmente chamados de lixo urbano, resultam da atividade doméstica e comercial das cidades. Sua composição varia de população para população, dependendo da situação socioeconômica e das condições e hábitos de vida de cada localidade. Esses resíduos podem ser subdivididos em seis categorias:

  1. Matéria orgânica: restos de comida;
  2. Papel e papelão: caixas, embalagens, jornais e revistas;
  3. Plástico: garrafas, embalagens;
  4. Vidro: garrafas, copos, frascos;
  5. Metais: latas;
  6. Outros: roupas, eletrodomésticos.

Em 2018, foram geradas no Brasil 79 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos, um aumento de 1% em relação ao ano anterior. Os dados fazem parte do Panorama dos Resíduos Sólidos, da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe). Comparando com os países da América Latina, o Brasil é o campeão de geração de lixo, representando 40% do total gerado na região (541 mil toneladas/dia, segundo a ONU Meio Ambiente).

Enquanto os rejeitos são materiais que não possuem nenhuma possibilidade de reaproveitamento ou de reciclagem, os resíduos correspondem a tudo aquilo que pode ser reutilizado e reciclado. Para isso, eles precisam ser separados de acordo com a sua composição.

É importante ressaltar que muitos resíduos podem ter destinações melhores que o aterro sanitário – como a coleta seletiva ou a compostagem.

O que é um aterro sanitário?

Os aterros sanitários são obras projetadas para o descarte seguro do lixo urbano. De acordo com as formas de construção e operação adotadas, eles se dividem em dois grupos: aterros convencionais e aterros em valas.

O aterro convencional é formado por camadas de resíduos compactados, que são sobrepostas acima do nível original do terreno, resultando em configurações típicas de escadas ou pirâmides. Já o aterro em valas é projetado para facilitar o aterramento dos resíduos e a formação de camadas por meio do preenchimento total de trincheiras, de modo a devolver ao terreno a sua topografia inicial.

Independente do tipo, a decomposição dos resíduos depositados nos aterros sanitários gera como subprodutos o chorume e o biogás (metano), que precisam ser tratados para não causar contaminação. O chorume, conhecido por lixiviado de aterro sanitário, é um efluente líquido e escuro, rico em matéria orgânica e metais pesados, que na ausência de tratamento adequado pode causar diversos impactos ambientais.

Como funciona um aterro sanitário?

Aterro sanitário. Imagem editada e redimensionada de HRL, está disponível no Wikimedia e licenciada sob CC by 3.0

O projeto de um aterro sanitário deve prever a instalação de elementos para captação, armazenamento e tratamento do chorume e do biogás, além de sistemas de impermeabilização superior e inferior. Esses elementos são fundamentais para que a obra seja considerada segura e ambientalmente correta, e por isso precisam ser bem executados e monitorados.

Sistema de drenagem das águas superficiais

Tem o objetivo de evitar a entrada de água de escoamento superficial no aterro. Além de aumentar o volume de lixiviado, a infiltração das águas superficiais pode causar instabilidade na massa de resíduos.

Sistema de impermeabilização de fundo e de laterais

Esse sistema tem a função de proteger e impedir a infiltração do chorume no subsolo e nas águas subterrâneas.

Sistema de drenagem de lixiviado

A implementação desse sistema permite coletar e conduzir o lixiviado para o seu devido local de tratamento. A contaminação dos lençóis freáticos ocorre quando ele infiltra no solo através do substrato inferior do aterro sem que antes tenha passado por um processo de tratamento. Por essa razão, um sistema eficiente de drenagem é importante para evitar sua acumulação dentro do aterro. A drenagem pode ser executada através de uma rede de drenos internos que levam o chorume para um sistema de tratamento.

Sistema de tratamento de lixiviado

O lixiviado é composto por metais pesados e substâncias tóxicas, o que faz com que seja considerado um problema do ponto de vista do tratamento. A legislação ambiental exige que os aterros sanitários tratem adequadamente o lixiviado e, para atender os padrões estabelecidos, é necessária uma combinação de diferentes métodos. Os mais usuais são: tratamentos aeróbios ou anaeróbios (lodos ativados, lagoas, filtros biológicos) e os tratamentos por processos físico-químicos (diluição, filtração, coagulação, floculação, precipitação, sedimentação, adsorção, troca iônica, oxidação química). O chorume pode ser encaminhado, ainda, para Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) – em condições especiais e desde que estas suportem a carga adicional representada pelo chorume sem prejudicar seu processo de tratamento.

Sistema de drenagem dos gases

Esse sistema é composto por uma rede de drenagem adequada, capaz de evitar que os gases gerados pela decomposição dos resíduos escapem através dos meios porosos que constituem o subsolo do aterro sanitário e atinjam fossas, esgotos e até edificações.

Cobertura intermediária e final

O sistema de cobertura diário, realizado ao final de cada jornada de trabalho, tem a função de eliminar a proliferação de animais e vetores de doenças, diminuir as taxas de formação de lixiviado, reduzir a exalação de odores e impedir a saída do biogás. A cobertura intermediária é necessária naqueles locais onde a superfície de disposição ficará inativa por mais tempo, aguardando, por exemplo, a conclusão de um determinado patamar. A cobertura final, por sua vez, tem como objetivo evitar a infiltração de águas pluviais e o vazamento dos gases gerados na degradação da matéria orgânica para a atmosfera.

Logística reversa em vez de aterro sanitário

Um importante avanço da Política Nacional de Resíduos Sólidos é a assimilação da chamada “Logística Reversa”. Conforme definição apresentada na própria legislação, a logística reversa é um instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada.

É através desse sistema, por exemplo, que as partes recicláveis de um produto eletrônico descartado pelo consumidor poderão retornar ao setor produtivo na forma de matéria-prima.

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Qual a é diferença de lixão e aterro sanitário?

Embora nem sempre funcionem de modo adequado, os aterros sanitários são uma opção melhor do que os lixões. O lixão é uma forma inadequada de dispor os resíduos sólidos urbanos sobre o solo. Nele, os resíduos são depositados a céu aberto. Além disso, sua estrutura não conta com sistemas de impermeabilização, drenagem de lixiviado ou de gases, nem coberturas diárias do lixo, causando impactos à saúde pública e ao meio ambiente.

Por isso, a Política Nacional de Resíduos Sólidos de 2010 determinou que todos os lixões do país deveriam ser fechados até o dia 2 de agosto de 2014 para propiciar segurança à população do entorno, melhoria da qualidade do solos e das águas superficiais e subterrâneas, além de minimizar os riscos à saúde pública, garantindo harmonia entre o meio ambiente e a população local.

No entanto, o prazo de fechamento dos lixões estipulado pela Política Nacional de Resíduos Sólidos foi prorrogado diversas vezes. De acordo com o levantamento feito pela Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública, em 2017 o Brasil possuía cerca de três mil lixões irregulares

Impactos causados pelo aterro sanitário

Os impactos causados pelos aterros sanitários são divididos em três meios: físico, biótico e socioeconômico.

Impactos no meio físico

A decomposição da matéria orgânica existente na massa de resíduos descartados no aterro sanitário produz uma quantidade significativa de chorume e biogás, rico em metano (CH4).

Ao se infiltrar no solo, o chorume causa a poluição dos lençóis freáticos e aquíferos subterrâneos. Além disso, os metais pesados que fazem parte de sua composição tendem a se acumular nas cadeias alimentares, causando prejuízos à saúde de plantas, animais e seres humanos.

Vale ressaltar que o chorume produzido em aterros sanitários e lixões é diferente do liberado pela composteira doméstica, que não é tóxico e pode ser utilizado como fertilizante de solo e pesticida natural. Na composteira, o chorume resulta da decomposição de matéria orgânica pura, enquanto em aterros e lixões os vários tipos de descarte são decompostos juntos e liberam um chorume contaminado.

O principal efeito negativo do metano para o meio ambiente é a sua contribuição para o desequilíbrio do efeito estufa, colaborando para o aquecimento global. Ao ser inalado em grandes quantidades, o gás também pode causar asfixia e perda de consciência, parada cardíaca e, em casos extremos, danos no sistema nervoso central.

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Impactos no meio biótico

Para instalar um aterro sanitário, é necessário remover a vegetação existente no local. Atrelada à movimentação de pessoas e dos equipamentos envolvidos na operação do aterro, essa eliminação vegetal causa um afastamento dos animais silvestres que habitavam a área. Além disso, a grande presença de matéria orgânica na massa de resíduos é um forte atrativo para animais e insetos transmissores de doenças.

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Impactos no meio socioeconômico

Além de resultarem na queda da qualidade de vida da população que vive em seu entorno, os imóveis localizados na área de influência direta de aterros sanitários com condições inadequadas sofrem com a desvalorização gerada pela degradação ambiental.

Em aterros onde não existe o controle do acesso de pessoas, é frequente a presença de catadores trabalhando em condições precárias e insalubres, em decorrência da desigualdade socioeconômica.

Soluções e alternativas ao aterro sanitário

A coleta seletiva e a compostagem são as duas melhores soluções para os aterros sanitários. Coleta seletiva é o destino ideal para os resíduos secos e recicláveis e compostagem para os úmidos e orgânicos.

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A coleta seletiva diferencia os resíduos de acordo com sua constituição ou composição. Os resíduos devem ser separados em úmidos, secos, recicláveis e orgânicos – e dentro dessas categorias há subcategorias. Os recicláveis, por exemplo, abrangem alumínio, papel, papelão e alguns tipos de plástico, entre outros.

Quando os materiais recicláveis são coletados e chegam às cooperativas, eles são separados minuciosamente para serem reaproveitados. Para o descarte de resíduos recicláveis, consulte os postos mais próximos da sua casa no mecanismo de busca gratuito do Portal eCycle.

A compostagem é o processo biológico de valorização da matéria orgânica, seja ela de origem urbana, doméstica, industrial, agrícola ou florestal, e pode ser considerada como um tipo de reciclagem do lixo orgânico. Trata-se de um processo natural em que os micro-organismos, como fungos e bactérias, são responsáveis pela degradação de matéria orgânica, transformando-a em húmus, um material muito rico em nutrientes e fértil.

Portanto, seria ideal que os aterros sanitários recebessem apenas aqueles resíduos que não podem ser reciclados ou compostados.


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