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Pesquisa revela que mesmo os plásticos classificados como livres de bisfenol BIA (BPA free) podem liberar substâncias danosas

Endocrinologistas e pesquisadores vêm estudando a possibilidade de certos compostos químicos interferirem no funcionamento do nosso organismo. Exemplos nesse sentido são os diversos tipos existentes de bisfenóis. Os bisfenóis são compostos químicos empregados na fabricação de plásticos, tintas e resinas muito presentes em embalagens de alimentos, recipientes plásticos usados na cozinha, revestimentos interno de latas de alumínio, escovas de dente, na composição de papéis termossensíveis, como extratos e comprovantes bancários e muitos mais.

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90% do plástico dos oceanos vem de apenas 10 rios

Depois da polêmica causada pela divulgação dos danos à saúde causados pelo bisfenol A e do posicionamento da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) contra a utilização dessa substância, sua utilização pela indústria foi regulamentada e esse tipo de bisfenol foi banido em mamadeiras e limitado a certos quantidades em outros produtos, de acordo com a resolução RDC n° 41, de setembro de 2011.

Entretanto, para substituí-lo, o mercado desenvolveu novos tipos que podem ser tão ou mais prejudiciais que são empregados sem regulamentação alguma. Para saber mais sobre esse assunto confira a matéria “BPS e BPF: alternativas ao BPA são tão ou mais perigosas”.

Efeitos nocivos

Estudos apontam que os bisfenóis podem simular o comportamento de hormônios no organismo, desregulando o sistema endócrino de pessoas e animais, o que os caracteriza como disruptores endócrinos.

Mesmo em pequenas quantidades de exposição, os bisfenóis podem causar alterações do sistema imunológico, aumento dos testículos, diabetes, hiperatividade, infertilidade, obesidade, puberdade precoce, câncer da mama, síndrome do ovários policísticos, abortos, entre outras complicações.

Quando os materiais plásticos, recibos e outros objetos contendo disruptores endócrinos são perdidos para o meio ambiente (mesmo quando descartados corretamente em aterros, esses materiais podem se deslocar por meio do vento), acabam contaminando animais, o que pode causar esterilização, problemas comportamentais, diminuição de populações, entre outros danos significativos. Quando se degradam e se tornam microplástico, os materiais contendo bisfenol potencializam seus danos. Para saber mais sobre esse assunto confira a matéria “Há microplásticos no sal, nos alimentos, no ar e na água“.

Potes de plásticos

Especialistas estimam que uma pessoa ingira, em média, até 10 mg de bisfenol A por dia, que são liberados a partir de copos descartáveis, escovas de dentes e outros produtos plásticos. Essa quantidade contraria a recomendada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que considera uma dose de 0,6 mg por quilo de alimento dessa substância não prejudicial à saúde. No entanto, alguns especialistas afirmam que esse componente pode permanecer no corpo humano por um longo período, podendo provocar, com isso, um efeito acumulativo.

Como funcionam os disruptores endócrinos

Os bifenóis são considerados moléculas instáveis e com facilidade de migrar dos produtos para os alimentos apenas com mudanças de temperatura ou danos à embalagem. Quando o produto que contém bisfenol é exposto ao sol, aos raios ultravioleta e infravermelho ou tem contato com álcool, o “hormônio” é liberado. Desse modo, quando uma vasilha plástica é colocada no micro-ondas ou contém um alimento quente, ocorre uma intensa transferência de bisfenóis com lixiviação química (retirada de uma substância presente em componentes sólidos por meio da sua dissolução num líquido) 55 vezes mais rápida do que quando é um alimento frio é armazenado nela. O mesmo acontece quando essa vasilha é lavada com agentes de limpeza ou detergentes agressivos ou ainda colocada com frequência na máquina de lavar.

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Aditivo orgânico transforma plásticos comuns em compostos biodegradáveis

Dicas para reduzir a exposição aos bisfenóis

Não esquente no micro-ondas

Evite utilizar plástico como recipiente para esquentar bebidas e alimentos, pois o bisfenol A é liberado em maiores quantidades quando o plástico é aquecido.

Evite o freezer

Alimentos e bebidas guardadas em plástico no freezer não é uma boa; a liberação do composto também é mais intensa quando o plástico é resfriado.

Evite pratos, copos e outros utensílios de plástico

Opte por vidro, porcelana e aço inoxidável na hora de armazenar bebidas e alimentos.

Utensílios quebrados

Evite utilizar utensílio de plástico que estejam lascados, arranhados ou amassados. Tente não lavá-los com detergentes fortes ou colocá-los na máquina de lavar louças.

Saúde

Evite alimentos industrializados e muito processados, priorize os alimentos in natura. Além de serem mais frescos e saudáveis por si, os alimentos frescos ficam menos tempo em contato com plástico. Para saber mais sobre esse tema confira nossa matéria “O que são alimentos in natura, processados e ultraprocessados“. Se possível, consuma orgânicos. Você pode encontrá-los no Mapa de Feiras Orgânicas.

Descarte corretamente

Quando pensamos em descarte correto de plástico, a reciclagem é o que vem na cabeça, certo? O problema é que, no caso dos plásticos contendo bisfenóis, mesmo sendo recicláveis, esse destino não é o mais ideal.

Primeiramente porque se o material contendo bisfenol for destinado para a reciclagem, dependendo do tipo de material que ele se transformar, pode ocasionar um impacto maior sobre a saúde humana. Um exemplo são os papéis higiênicos reciclados a partir de papéis contendo bisfenol. O papel higiênico reciclado contendo bisfenol se torna uma forma de exposição mais grave, pois entra em contato direto com mucosas mais sensíveis indo parar diretamente na corrente sanguínea.

Além do mais, incentivar a reciclagem de produtos contendo bisfenol é incentivar a permanência desse tipo de substância no cotidiano das pessoas e no meio ambiente.

Por outro lado, se descartados incorretamente, os materiais contendo bisfenóis, além de causarem poluição visual, começam a liberar bisfenol no ambiente, contaminando lençóis freáticos, solos e a atmosfera. E isso pode fazer com que vão parar em alimentos, recursos hídricos e prejudiquem pessoas e animais das formas mais graves possíveis.

Dessa forma, a melhor opção, obviamente, é a redução mais radical possível desse tipo de produto, e quando não for possível zerar o consumo, a melhor forma de descartar é a seguinte:

Unir recibos e jornais (ou outro material) que contenham bisfenóis, embalá-los firmemente em sacolas plásticas não-biodegradáveis (para que não vazem) e destiná-los a aterros seguros, pois lá eles não correrão o risco de vazarem para lençóis freáticos ou solos.

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Afinal, o que é plástico verde?

O problema é que eles se tornarão um volume a mais em aterros. Então, aliado à essa atitude, é preciso pressionar órgãos fiscalizadores e empresas para que deixem de usar substâncias tão nocivas como os bisfenóis em seus substitutos, principalmente, ou pelo menos, em embalagens de alimentos e outros recipientes que são fontes de exposição mais significativas.


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