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Um estudo calcula que infecções resistentes a antibióticos podem causar dez milhões de mortes por ano se algo não for feito a respeito

Como a Organização Mundial de Saúde (OMS) já havia alertado em novembro de 2015, o aumento de infecções resistentes à antibióticos são um grande perigo para a saúde mundial. Dessa vez, quem está afirmando o perigo dessa resistência é o economista inglês Jim O’Neill, e ele está falando precisamente sobre o âmbito econômico. O’Neill lançou uma série de estudos em que analisa e sugere dez passos para evitar que essa crise chegue tão cedo.

O economista estima que, até 2050, dez milhões de pessoas morrerão por ano por causa de infecções resistentes aos antibióticos disponíveis no mercado e isso é o resultado do excesso de incentivo ao uso desses remédios e a escassez de investimento no desenvolvimento de novos. Até lá, se as coisas continuarem nesse ritmo, essas infecções consumirão 100 trilhões de dólares da economia mundial. E todas as estimativas sequer consideram procedimentos cirúrgicos que só são possíveis por causa dos antibióticos, como substituição de articulações, cirurgias de intestino, quimioterapia de câncer e transplante de órgãos.

Sete das dez recomendações que o economista faz focam em reduzir o deliberado e irresponsável uso dos medicamentos existentes. O primeiro passo é investir no saneamento, afinal, quanto menos infecções, menos tratamentos serão necessários. Em países como a Nigéria, Índia, Indonésia e até Brasil, só um melhor saneamento poderia poupar 300 milhões de receitas para o uso de antibióticos recomendados para tratar diarreia – que se mostram ineficazes, na maioria das vezes.

Outro passo é investir em uma rede mundial de vigilância para entender como os antibióticos estão sendo usados, a propagação de micróbios resistentes e a eficácia do tratamento com medicamentos. Nos Estados Unidos, 70% dos antibióticos feitos para tratamento humano são usados em animais, não só para tratar doenças, mas também para promover o crescimento do gado. Então, O’Neill acha que até 2018 os países devem ter um plano de dez anos para a redução do uso desnecessário de antibióticos na agricultura.

Porém, o uso humano de antibióticos também tem sérios problemas. De 40 milhões de pessoas que usam antibióticos nos EUA todo ano, apenas 13 milhões realmente precisam deles. O resto sofre de infecções virais que não podem ser tratadas com esse tipo de medicação. Ou seja, uma solução para isso é desenvolver diagnósticos mais rápidos, baratos e eficientes, para que os médicos não precisem passar receitas com base em sintomas tão vagos. “Eu, muitas vezes, penso que se tem apenas uma coisa mais importante aqui é o diagnóstico”, afirma o economista.

Campanhas de conscientização também são essenciais, e um investimento de US$ 40 milhões a US$ 100 milhões por ano ajudaria bastante. Pessoas muitas vezes não sabem como os antibióticos funcionam, não sabem diferenciar infecções virais de bacterianas e acreditam que elas mesmas e não os micróbios que estão se tornando resistentes. Essa falta de informação faz com que as pessoas pressionem os médicos por diagnósticos inapropriados ou acabem de automedicando.

É importante que se promovam alternativas efetivas aos medicamentos, como vacinas – tanto ao uso das que já existem quanto a pesquisas para o desenvolvimento de novas. Outras alternativas que devem ser melhor exploradas são as imunoterapias, tratamentos com probióticos e fagos (vírus que matam bactérias). Para que tudo isso seja efetivo, é necessário o engajamento de médicos e pesquisadores, mas, infelizmente, a área de doenças infecciosas é uma das menos reconhecidas e mal pagas dentro da medicina. O economista sugere melhores condições de trabalho e mais reconhecimento aos especialistas dessa área.

Com relação à oferta, Jim O’Neill sugere que se crie uma campanha de incentivo para companhias que levarem novos antibióticos ao mercado, promovam a venda de forma responsável. Esse tipo de recompensa garante que as companhias se dediquem não apenas a vender as medicações, mas também a desenvolver novas. Para efetivar isso, outra medida importante a ser tomada é a de criar um fundo de investimento global para fases mais básicas das pesquisas, as que vêm antes do desenvolvimentos dos remédios e são muitas vezes esquecidas.

Isso tudo custaria aproximadamente US$ 40 bilhões por década, estima O’Neill. Os países do G20 poderiam levantar esse orçamento apenas reajustando 0,05% de seu investimento para a saúde. “Não é um grande desafio financeiro,” diz O’Neill “É sobre atitude. Todo mundo tem que sair de sua zona de conforto para acharmos a solução desse desafio multifacetado.” Por isso, o último passo recomendado por ele é o de se criar uma coalizão global, isso é, uma entidade internacional que tire todos esses planos do papel, proteja os recursos financeiros da corrupção e garantam que os tratamentos e medicações cheguem aos países mais pobres.



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