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Algumas consequências da crise climática já são irreversíveis, mas tragédias como a de Recife ainda podem ser evitadas

As chuvas que caíram sobre o Grande Recife nos últimos dias, provocando 126 mortes já confirmadas e deixando milhares de pessoas desabrigadas, escancaram o despreparo das cidades para lidar com o aumento da frequência e intensidade dos eventos extremos, e a negligência do poder público em proteger a população.

Especialmente quando falamos de Recife, apontada como a 16ª cidade mais vulnerável aos efeitos da mudança do clima no mundo, segundo o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima), as populações em situação de vulnerabilidade já estão pagando há muito tempo um preço alto por essa falta de ação.

A tragédia em Recife é mais um triste episódio, mas com raízes similares ao que aconteceu em  Petrópolis (RJ), na Bahia e em Minas Gerais. Esse é o novo normal do Brasil num contexto de crise climática, e não podemos mais aceitar o abandono do poder público diante de um cenário já anunciado.

“O negacionismo climático e a falta de vontade política do governo federal também contribuem para o status nacional de irresponsabilidade perante aos desafios históricos que o Brasil enfrenta na prevenção às catástrofes. De acordo com a constatação em auditoria realizada em 2020 pelo Tribunal de Contas da União, os projetos escolhidos para a prevenção de desastres não possuem nenhum tipo de critério técnico. Ou seja, por falta de uma fiscalização e priorização mediante aos diferentes graus de risco nas cidades brasileiras, não há uma destinação de recursos para as áreas que estão mais necessitadas”, afirma Rodrigo Jesus, porta-voz da campanha de Clima e Justiça do Greenpeace Brasil. 

De acordo com um levantamento produzido pela Associação Contas Abertas, o ano de 2021 teve o menor orçamento em prevenção a desastres desde 2013, ou seja foram gastos apenas R$ 1,13 bilhões de reais em políticas de prevenção, em comparação com anos anteriores, com investimentos de até R$ 3,41 bilhões. Em relação ao aumento de casos de deslizamento de massa em encostas, a verba federal destinada para as obras de contenção em áreas urbanas despencou de R$ 997 milhões em 2012, para R$ 36 milhões em 2021, de acordo com Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal – Siafi.  

Para enfrentar este cenário de eventos extremos e evitar novas catástrofes, além do Brasil precisar de uma política de mitigação das emissões de gases de efeito estufa, combatendo o desmatamento e investindo numa transição energética justa, as cidades precisam se adaptar a essa nova realidade. E as soluções de adaptação só podem ser efetivas se elaboradas com a participação das populações mais afetadas. 

Transformar é uma escolha

O que acontece na floresta, nas usinas fósseis e nos gabinetes políticos reverbera nas cidades, e de forma muito desigual. Hoje, contamos com mentes e corações atuando nos territórios e lutando pela transformação. 

Sabemos que os desafios em um país continental como o Brasil são enormes, por isso, a atuação da sociedade civil organizada, a valorização dos saberes e ações dos povos indígenas, quilombolas e tradicionais, das comunidades periféricas, dos movimentos sociais – que têm sido crucial na resposta à tragédia de Pernambuco, precisam ser valorizadas.

No Greenpeace Brasil, contamos com cerca de 3.500 voluntários em 20 cidades, que fazem com que nossos corações e mentes estejam representados e atuantes nos territórios. . Em um momento em que a solidariedade faz toda a diferença para salvar vidas, o grupo de voluntáries de Recife está colocando a mão na massa para ajudar quem mais precisa.

Este texto foi originalmente publicado pelo Greenpeace Brasil  de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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