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Apesar das melhorias, o número de ônibus zero emissão na frota ainda é tímido

Por Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA) – O novo boletim do Monitor de Ônibus SP, publicação periódica do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), mostra que a quilometragem total percorrida pelos coletivos aumentou em agosto em comparação com janeiro de 2021 em São Paulo. Isso significa maior oferta de transporte público para os cidadãos da metrópole. Por outro lado, de acordo com planos elaborados por operadores e apresentados pelo SPTrans,  2.620 ônibus elétricos estavam previstos para rodar em 2021 para cumprir metas de redução de emissões atmosféricas presentes em contratos. Porém, atualmente há apenas 219 veículos movidos a eletricidade e que, portanto, não geram emissões de escapamento. Desse total, 201 são trólebus – alimentados por linhas elétricas aéreas – já antigos, com média de idade igual a nove anos.

Em 2021, o sistema de ônibus retornou a uma certa estabilidade em relação aos seus indicadores operacionais. A frota circulante em dias úteis, por exemplo, permaneceu em torno da média de 12.200 veículos, independentemente da fase da pandemia de Covid-19. A velocidade média diária também variou pouco, mantendo-se em torno de 19 km/h durante todo o ano. Já o número de passageiros, apesar de ainda estar cerca de 30% menor do que no período pré-pandemia, tem aumentado gradativamente.

Em agosto, houve um aumento da quilometragem percorrida pelo sistema de ônibus paulistano, o que indica, em geral, que cada coletivo está fazendo mais viagens por dia, elevando a oferta de transporte. Além disso, a frota está menos poluente por quilômetro rodado, devido a um processo de renovação tecnológica.

Veículos mais novos

Segundo dados do Monitor de Ônibus SP, o conjunto dos veículos tem gradualmente evoluído em direção a uma frota menos poluidora. Em janeiro de 2021, 17% da frota paulistana era composta por veículos a diesel da fase P5 do Programa de Controle de Emissões Veiculares (Proconve), fabricados anteriormente a 2012, com sistemas menos eficazes de controle de emissões de poluentes. Em agosto de 2021, a proporção de veículos com data de fabricação anterior a 2012 caiu para 12%. Esses ônibus mais emissores têm sido consistentemente substituídos por outros mais novos, da fase P7 do Proconve. Veículos da fase P7 emitem menos poluentes locais apesar de ainda serem movidos a óleo diesel, um combustível fóssil que, por isso, não colabora com a redução das emissões de dióxido de carbono (CO2), principal gás de efeito estufa.

Devido a essa renovação de frota e apesar da média de quilometragem em dias úteis do último mês de agosto ter sido 9% maior do que a observada em janeiro de 2021, a média de emissões de material particulado (MP), por exemplo, foi apenas 2% maior. Isso se deve aos ônibus menos poluentes. A média de emissão de material particulado por quilômetro rodado de um dia útil de agosto ficou 7% menor do que a de um dia útil de janeiro. Mesmo assim, a queda de emissões por quilômetro rodado da frota poderia ser ainda maior, inclusive também reduzindo emissões de CO2, com a adoção de tecnologias de zero emissão como ônibus elétricos.

Ônibus elétricos

Em setembro de 2019, foram iniciados novos contratos de operação do transporte coletivo por ônibus em São Paulo. Mudanças importantes no sistema estavam previstas como o aumento da quilometragem percorrida por cada veículo, uma maneira de elevar a oferta de transporte na cidade. Além disso, nos contratos também constam metas importantes de redução de emissões em consonância com a Lei Municipal de Mudanças Climáticas que, em seu Artigo 50, obriga que o transporte coletivo em São Paulo elimine suas emissões de dióxido de carbono (CO2) e reduza em, no mínimo, 95% suas emissões dos poluentes material particulado (MP) e óxidos de nitrogênio (NOx) até até 2038, em relação ao ano base de 2016.

De acordo com números planejados pelas empresas operadoras e apresentados pela SPTrans em 2020, o total de veículos elétricos que estariam rodando agora seria dez vezes maior. Porém, a pandemia e os atuais preços de aquisição dos veículos elétricos a bateria, produzidos por apenas duas fabricantes no Brasil, podem ter sido a causa da não execução desses planos. Prometendo reverter esse cenário, a prefeitura de São Paulo apresentou um novo número por meio de seu programa de metas: 2.600 ônibus elétricos novos deverão ser adicionados à frota até 2024.

Acompanhamento paralisado

Para discutir essa renovação e a inserção de ônibus menos poluentes em sua frota, a cidade de São Paulo implementou o Comitê Gestor do Programa de Acompanhamento da Substituição de Frotas por Alternativas Mais Limpas (Comfrota). Composto por membros do poder público, fabricantes de veículos, empresas operadoras e sociedade civil, ele prevê reuniões bimestrais, mas que estão interrompidas desde abril. É importante que os esforços da cidade estejam direcionados para soluções que diminuam as emissões do transporte de passageiros e o tornem mais inclusivo e eficiente.

Monitor de Ônibus SP

A ferramenta busca indicar se as emissões de todos esses ônibus estão diminuindo em um ritmo consoante ao cumprimento das metas estipuladas na Política de Mudança do Clima do município de São Paulo. Além disso, é possível acompanhar a evolução de indicadores de qualidade e uso do serviço prestado como velocidade média, frota total de veículos, oferta de lugares e número de passageiros transportados. Esses são exemplos de indicadores essenciais para garantir o acesso de toda a população ao transporte e, consequentemente, à cidade. Vale ressaltar que, nas grandes cidades brasileiras como São Paulo, os principais emissores de poluentes e de gases de efeito estufa (GEE) são os transportes privados. Logo, por emitir menos por passageiro transportado, o transporte público é parte fundamental da solução para os problemas de poluição do ar e de emissão de GEE nessas regiões.


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