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Pesquisadores da USP analisam papel de diferentes atores nas economias circulares, voltadas para a sustentabilidade

Por Julia Custódio em Jornal da USP | A economia circular é uma nova forma de pensar o modelo econômico e que se opõe à lógica linear de extração de matéria-prima e descarte dos produtos após o uso. Nesse modelo, o resíduo do material pós-consumo é reinserido no processo produtivo para integrar a fabricação de novos produtos. Para entender as estratégias e os atores dessa economia — o ecossistema circular —, pesquisadores da Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da USP analisaram o ecossistema da fabricação de embalagens cartonadas (feitas de papel, plástico e alumínio).

Com o objetivo de entender melhor os papéis dos atores de um ecossistema circular brasileiro, o estudo identificou as três ações principais de orquestradores nos sistemas: inovar, investir e integrar.

O ator principal

Dentro de um ecossistema circular, há muitos atores envolvidos, como os fabricantes das embalagens, coletores e recicladores, mas há um ator fundamental, o orquestrador, que é alguém que consegue engajar outras pessoas para a ação. “O orquestrador é uma empresa que tem poder maior dentro do ecossistema. Esse ator tem mais responsabilidades, e é ele que vai poder, no nosso caso, como resultado da pesquisa, fazer as três principais ações”, explica Adriana Hofmann, doutoranda em Engenharia de Produção na EESC.

A primeira das três ações é a inovação, que acontece através de mudanças nos produtos e na linha de produção. O orquestrador específico do estudo, por exemplo, inovou no design da embalagem, colocando um QR Code para mostrar para o consumidor como descartar adequadamente o material.

Investir — a segunda ação — é fundamental “para que essas embalagens sejam de fato recicladas. “Há toda uma infraestrutura de mecânica para operacionalizar esse ecossistema. O orquestrador vai poder apoiar outros atores através de investimento financeiro para que outros atores possam se desenvolver”, explica Hofmann. Por fim, o orquestrador aproxima novos integrantes que possam contribuir para a circularidade do ecossistema, uma atividade chave para viabilizar a reciclagem das embalagens.

Adriana Hofmann - Foto: Acervo Pessoal
Adriana Hofmann – Foto: Acervo Pessoal

As ações dos orquestradores são essenciais frente aos maiores desafios da economia circular, que são o gasto financeiro, que só terá retorno em longo prazo, e o alinhamento de atores, para que todos estejam engajados.  Uma outra questão apontada pela pesquisadora é o problema da informalidade.

“No Brasil, em geral o processo de coleta é realizado por catadores de resíduos que não possuem uma infraestrutura adequada. Eles não conseguem acessar todos os benefícios que o ecossistema circular poderia proporcionar para eles, então existe essa questão da alta taxa de informalidade, que dificulta o processo de logística reversa e reciclagem dos materiais.”Adriana Hofmann

O estudo também observou nos ecossistemas estudados um forte impacto da cadeia dos atores e do engajamento de cada um nos resultados finais. “Dificilmente uma única empresa terá todas as capacidades para se inserir sozinha em uma economia circular, por isso é importante que elas estabeleçam parcerias e estejam presentes em ecossistemas circulares. Assim, elas conseguem dividir a infraestrutura e ter um suporte muito maior para poder desenvolver iniciativas sustentáveis”, destaca Adriana Hofmann.

Por que estudar os ecossistemas?

Em abril de 2020, o governo federal lançou o Plano Nacional de Resíduos Sólidos, com meta de reciclar ou recuperar 48,1% dos resíduos sólidos urbanos até 2040. Segundo Janaína Mascarenhas, professora e orientadora do Circular Ecosystem Lab, da EESC, o estudo contribui para entender como as empresas podem, de fato, cumprir essas metas de reúso no Brasil. “De maneira geral, as pesquisas desse campo são centradas na Europa e não representam a realidade brasileira. As chances de uma pesquisa desenvolvida na Inglaterra ser implementada com sucesso no Brasil, por exemplo, são extremamente remotas”, diz.

Para as pesquisadoras, os estudos sobre os ecossistemas circulares brasileiros podem auxiliar, futuramente, no desenvolvimento de políticas para dar suporte a empresas e adequar as legislações já existentes para minimizar os impactos ambientais. “Ao compreender como esses ecossistemas estão estruturados, conseguimos planejar melhor as ações para que os orquestradores de outros ecossistemas também caminhem em direção à economia circular”, conclui Adriana Hofmann.

O artigo resultante do trabalho foi publicado na revista Sustentability e ganhou o prêmio Sustainability 2023 Travel Award, sendo o único ganhador da América Latina. Ele fará parte da 24a International Conference on Engineering Design.

Mais informações: e-mail adrianatrevisan@usp.br, com Adriana Hofmann


Este texto foi originalmente publicado pelo Jornal da USP de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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