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Olhar nos olhos, estender as mãos e ser colo para a gestante. Esse é o papel da acompanhante profissional de parto, a doula, palavra de origem grega que significa “mulher que serve”. Facilitar à mulher grávida acesso a informações sobre a gestação e o parto, estender esse auxílio aos familiares da gestante, oferecer amparo físico e emocional no momento do parto e ainda acompanhar o pós-parto estão entre os serviços prestados pela doula, independentemente de o parto ser normal ou cesárea.

É por isso que, na visão de Julia Guadagnucci, doula e aluna do 4º semestre do curso de Obstetrícia da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP de São Paulo, cuidado é uma das palavras que definem a doulagem, já que a doula consegue “cuidar” a maternidade sobre vários aspectos.

Segundo Julia, antes do parto, a profissional pode facilitar a busca de informações para a gestante, estimular a participação do acompanhante, auxiliar a elaboração de plano de parto e esclarecer o processo de transformações no período da gravidez. No momento do parto, a doula se encarrega de propor medidas para o alívio não farmacológico da dor, além de oferecer suporte emocional à parturiente. E, no pós-parto, atua, principalmente, orientando a amamentação. Nesse período, a sexualidade da mulher e os desafios do puerpério também são temas de conversa entre a profissional e a mãe.

A importância da doula, para a mulher grávida, tem embasamento científico, diz a professora do curso de Obstetrícia da EACH, Patrícia Wottrich Parenti que, além de especializada em enfermagem obstétrica e neonatal, também é doula. “Os estudos mostram que as mulheres que fizeram partos com as doulas tiveram redução nos pedidos de anestesia, redução nas taxas de cesárea, de uso de ocitocina e no tempo de duração do trabalho de parto”, informa. Aumento da satisfação com o próprio parto e diminuição das taxas de depressão pós-parto também são indicadores relevantes.

Ainda segundo a professora Patrícia, o trabalho da doula encontra suporte no Guia Prático de Assistência ao Parto Normal da Organização Mundial da Saúde (OMS) de 1996. O documento identifica a profissional como “uma prestadora de serviços que recebeu um treinamento básico sobre parto e que está familiarizada com uma ampla variedade de procedimentos de assistência”.

Com o reconhecimento profissional garantido pelas autoridades sanitárias, a doula Julia recomenda que as mulheres interessadas nesse tipo de serviço procurem pela profissional alguns meses antes do parto, para que seja criado um vínculo entre a gestante e a doula. Contudo, Julia lembra que que a gestante “tem liberdade de procurar a doula no momento em que ela quiser”.

Mesmo reconhecendo o papel dessa profissional, Patrícia adianta que a doula não substitui o profissional enfermeiro obstetra ou o obstetriz. Nesse sentido, a professora faz uma alerta: “A doula não tem formação na área da saúde e não realiza nenhum procedimento técnico”. A doula não pode, por exemplo, ouvir o coração do bebê, informa Patrícia, lembrando que cada um desses profissionais atua de acordo com sua função específica e a gestante não precisa escolher um profissional em detrimento do outro.

Para ser doula não é necessário ter formação na área de saúde, mas é preciso formação específica em doula. E, mesmo sendo ocupação incluída no Cadastro Brasileiro de Ocupações (CBO) do Ministério do Trabalho, a doulagem ainda não é considerada profissão. Por isso, está em tramitação projeto de lei na Câmara dos Deputados que torna a atividade de doula uma profissão. O projeto foi apresentado em 2017 pela deputada Erika Kokay (PT/DF).

Ouça a entrevista com Julia Guadagnucci e Patrícia Wottrich Parenti ao Jornal da USP no Ar – Edição Regional.


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