Solução oceânica reduz consumo de energia e água, mas especialistas alertam para riscos ambientais
Em um movimento audacioso para enfrentar o desafio do resfriamento de servidores, a China está construindo data centers no fundo do oceano. A iniciativa, pioneira no setor, busca reduzir o consumo de energia e água, recursos cada vez mais disputados devido à expansão da inteligência artificial e da computação em nuvem. Enquanto a maioria dos data centers tradicionais opera em regiões áridas para evitar danos causados pela umidade, a solução subaquática aproveita a água do mar como sistema natural de refrigeração.
A empresa chinesa Hailanyun lidera o projeto com um centro de dados instalado a cerca de dez quilômetros da costa de Xangai, um dos principais polos de IA do país. A estrutura será alimentada por energia eólica, com 97% da eletricidade vindo de um parque offshore próximo. Segundo a empresa, a tecnologia reduz em pelo menos 30% o consumo energético em comparação com data centers terrestres, além de eliminar a dependência de água potável para resfriamento.
Eficiência energética versus impactos no ecossistema marinho
O conceito não é totalmente novo. A Microsoft testou um protótipo semelhante na Escócia em 2020, mas abandonou a iniciativa após concluir a fase experimental. A Hailanyun, no entanto, avança para a escala comercial em tempo recorde. O primeiro módulo, com capacidade para até 792 servidores de IA, deve entrar em operação ainda este ano.
Apesar das vantagens, pesquisadores alertam para possíveis danos à vida marinha. Um estudo de 2022 apontou que o aquecimento localizado da água, ainda que mínimo, pode agravar os efeitos de ondas de calor oceânicas, reduzindo os níveis de oxigênio disponível para espécies aquáticas. A Hailanyun rebate, afirmando que seus testes no Rio das Pérolas registraram aumento de menos de 1°C na temperatura da água ao redor dos servidores.
Tecnologia atrai interesse global, mas desafios regulatórios persistem
Além da China, países como Coreia do Sul, Japão e Cingapura estudam modelos semelhantes. A decisão de adotar data centers submersos, no entanto, depende não apenas da viabilidade técnica, mas também da capacidade de resolver questões regulatórias e ecológicas. Enquanto a China acelera sua estratégia de infraestrutura digital sustentável, o mundo observa se a inovação será capaz de equilibrar os benefícios energéticos com a preservação dos oceanos.