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Proteger a agrobiodiversidade é um dos objetivos do Fundo de Distribuição de Benefícios, estabelecido sob o Tratado Internacional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) sobre Recursos Genéticos de Plantas para Alimentação e Agricultura.

Por Nações Unidas Brasil | Como parte desse objetivo, o fundo apoia agricultores em países em desenvolvimento em seus esforços para proteger e usar a diversidade genética de plantas para a segurança alimentar e ajudar suas comunidades a lidar com as mudanças climáticas.

Abaixo estão cinco exemplos de projetos apoiados pelo fundo, em andamento no Equador, em Gana, na Malásia, no Mali e no Marrocos.

O que aconteceria se as mudanças climáticas, as espécies invasoras, a poluição, a expansão das cidades ou a superexploração da terra fizessem com que as plantas que os humanos consomem diariamente enfraquecessem e, eventualmente, deixassem de existir?

Milhares de espécies e variedades de plantas que alimentavam nossos ancestrais já foram extintas e mais espécies estão desaparecendo a cada dia. Diante de novas ameaças, reais e perigosas, é a biodiversidade agrícola que mantém nossos sistemas alimentares fortes e resilientes. A diversidade é o “seguro de vida” da nossa alimentação.

Proteger tal biodiversidade é um dos objetivos do Fundo de Distribuição de Benefícios, estabelecido sob o Tratado Internacional da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) sobre Recursos Genéticos de Plantas para Alimentação e Agricultura.

Como parte desse objetivo, o fundo apoia agricultores em países em desenvolvimento em seus esforços para proteger e usar a diversidade genética de plantas para a segurança alimentar e ajudar suas comunidades a lidar com as mudanças climáticas. Afinal, comunidades indígenas e locais em todo o mundo são os principais defensores da conservação da agrobiodiversidade. 

Eles têm amplo conhecimento tradicional sobre as diferentes variedades de culturas e como cultivá-las. No entanto, essas mesmas comunidades são muitas vezes vulneráveis, pois vivem em áreas particularmente expostas aos efeitos das mudanças climáticas ou onde os recursos foram degradados.

Além disso, a colaboração é essencial para preservar o conhecimento indígena e promover o acesso e o intercâmbio de variedades de cultivos resilientes e adaptados.

Abaixo estão cinco exemplos de projetos em andamento do Fundo de Distribuição de Benefícios e a importância da biodiversidade de sementes.

Cultivos indígenas no Equador

No distrito de Cotacachi, nos Andes equatorianos, a agricultura familiar, liderada principalmente por mulheres, é a principal fonte de alimentos e renda. A área funciona como um microcentro de diversidade agrícola graças às suas culturas tradicionais adaptadas às elevadas altitudes andinas e foi recentemente designada pela FAO como um dos Sistemas Importantes do Patrimônio Agrícola Mundial (SIPAM)

Apesar da ampla disponibilidade de recursos naturais, as 45 comunidades indígenas que habitam esta área enfrentam mudanças climáticas e degradação da terra, o que reduz a disponibilidade de cultivos indígenas. Por meio da União de Organizações Camponesas e Indígenas de Cotacachi, no âmbito do projeto do Fundo de Distribuição de Benefícios, está sendo feito um trabalho com essas comunidades para enfrentar a perda de diversidade de cultivos locais e encontrar variedades que se adaptem às mudanças climáticas.

Dois centros de conhecimento biológico estão sendo montados para facilitar o acesso a sementes adaptadas às condições locais e 30 agricultores estão sendo capacitados para se tornarem produtores de sementes. Graças ao projeto, mais de 1,5 mil agricultores são beneficiados com a reintrodução de espécies de plantas nativas mais adaptadas ao consumo doméstico e à comercialização.

Feijão-fradinho em Gana

Conhecido por suas propriedades nutricionais e sua capacidade de crescer em solos arenosos e semiáridos, o feijão-fradinho é um cultivo essencial para as comunidades que vivem nas savanas costeiras de Gana. É um alimento acessível e rico em proteínas, do qual mais de 70% da população do país depende. No entanto, Striga gesnerioides, uma erva parasita, representa uma séria ameaça à sua produção e provoca a perda entre 80% e 100% da produção. 

Através da Universidade de Cape Coast, o Fundo de Distribuição de Benefícios realizou uma avaliação detalhada de diferentes tipos de feijão-frade que culminou no desenvolvimento, registo e distribuição de sete novas variedades de feijão tolerantes à seca e resistentes à  Striga. Por meio de uma abordagem que reuniu pesquisadores, cientistas, agricultores, criadores, técnicos, produtores e funcionários do governo, essas variedades estão sendo cultivadas e consumidas por mais de mil agricultores e suas famílias, com um aumento médio de renda de 45%.

Novas espécies de colocasia

Colocasia é a raiz de um vegetal que tem sido usado por milhares de anos para alimentação, forragem e fins medicinais em toda a África, Sul da Ásia e Oceania. Mudanças nas condições climáticas e doenças são uma ameaça à produção de colocasia, mas o projeto do Fundo de Distribuição de Benefícios da FAO está trabalhando com agricultores, por meio do Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Agrícola da Malásia, para fortalecer os esforços para conservar e documentar variedades resilientes de colocasia na Malásia e em outros países no sudeste asiático.

No âmbito do projeto, estão sendo criadas fazendas-modelo e 20 escolas de campo para testar essas novas variedades. Além disso, cinco bancos de sementes comunitários estão sendo estabelecidos para que os agricultores possam ter certeza de que suas sementes estão protegidas e podem ser compartilhadas com as comunidades vizinhas.

O projeto envolve 200 pequenos agricultores da colocasia que receberão treinamento em práticas e tecnologias para o processamento, armazenamento, transporte e comercialização deste importante cultivo. 

Recuperação do arroz no Mali

Arroz e painço são alimentos básicos na alimentação do Mali; no entanto, com 80% da safra de arroz de sequeiro severamente afetada pela seca, a produtividade foi drasticamente reduzida.

O Fundo de Distribuição de Benefícios trabalha com agricultores e comunidades locais em 69 vilarejos por meio do Institut d’Economie Rurale para preservar 266 variedades locais de arroz e determinar quais espécies terão o maior rendimento enquanto toleram tanto a seca quanto a submersão excessiva na água. 

Os agricultores estão tendo mais acesso a essas variedades; além disso, essas sementes foram recentemente enviadas para o Svalbard World Seed Vault, um banco de sementes seguro no ártico norueguês que atua como um dispositivo de segurança para a biodiversidade de sementes em caso de danos ou perda de coleções nacionais ou internacionais de sementes.

Trigo e cevada no Marrocos

Trigo duro e cevada são alguns dos alimentos básicos no Marrocos, Tunísia e Argélia; no entanto, esses países tornaram-se dependentes das importações, pois suas próprias colheitas foram cada vez mais afetadas pelas mudanças climáticas, pragas e doenças. As altas temperaturas e a seca têm causado o acúmulo de salinidade no solo e nas águas subterrâneas, dificultando a sobrevivência de certas espécies vegetais.

Em colaboração com a ICARDA – Science for Resilient Livelihoods in Dry Areas e parceiros locais, pesquisadores e cientistas conseguiram produzir plantas livres de doenças e resistentes ao clima e multiplicar rapidamente genótipos de plantas raras usando técnicas de cultivo in vitro. Nesses três países, os resultados estão sendo divulgados por meio de programas nacionais de melhoramento genético e já estão ajudando centenas de comunidades agrícolas e sua população em geral.

Chamada de propostas

Em 22 de maio de 2022, por ocasião do Dia Internacional da Diversidade Biológica, o Tratado Internacional das Plantas publicou uma chamada de propostas para o quinto ciclo de financiamento do Fundo de Distribuição de Benefícios. 

A chamada está aberta a consórcios de agricultores, pesquisadores e outras partes interessadas em trabalhar em inovações para melhorar a gestão da diversidade de cultivos nos campos dos agricultores e nas cadeias de valor locais.

A biodiversidade de frutas e hortaliças está se deteriorando em um ritmo alarmante, com efeitos devastadores para o futuro da produção de alimentos. Ao apoiar os países em desenvolvimento na gestão sustentável dos recursos genéticos agrícolas, o Fundo de Distribuição de Benefícios aumenta a segurança alimentar e melhora os meios de subsistência de mais de um milhão de pessoas. 

Junto com as comunidades agrícolas, que estão bem cientes do papel essencial que esses recursos desempenham para garantir uma agricultura resiliente, o Fundo de Distribuição de Benefícios está trabalhando para preservar urgentemente esses recursos genéticos vivos.

Este texto foi originalmente publicado por Nações Unidas Brasil de acordo com a licença Creative Commons CC-BY-NC-ND. Leia o original. Este artigo não necessariamente representa a opinião do Portal eCycle.


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