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Mistério do encolhimento do cérebro dos musaranhos pode ser o segredo para o tratamento de doenças cerebrais

Os musaranhos são qualquer uma das mais de 350 espécies de pequenos mamíferos da família Soricidae. Eles são insetívoros e possuem focinhos móveis, cobertos por longos bigodes sensíveis que se projetam sobre o lábio inferior.

Hábeis predadores, esses animais dependem de um olfato poderoso para pegar suas presas. Isso se dá, principalmente, pelos focinhos longos, característicos da espécie, e, curiosamente, pelo cérebro dos animais. 

Os hemisférios cerebrais dos musaranhos são pequenos, mas os lobos olfativos são proeminentes. O resultado é uma menor inteligência e capacidade de manipulação, mas um olfato aguçado. 

No entanto, essa não é a única curiosidade do cérebro desses animais. Pesquisadores investigam a capacidade das espécies de encolher o próprio cérebro. Segundo os especialistas, a maneira como isso acontece pode ser o segredo para o tratamento de doenças cerebrais. 

Características dos musaranhos 

Como mencionado, o musaranho é um animal pequeno, com um longo focinho e olhos pequenos. Seu corpo cilíndrico é coberto com pelos de coloração amarronzada e ele possui membros curtos e finos e dedos com garras.

Embora parecido com um rato, ele não é um roedor. Portanto, não possui os dentes frontais em forma de cinzel que caracterizam ratos, castores e outros da ordem Rodentia. Em vez disso, eles têm dentes afiados e pontiagudos, usados ​​para caçar presas em vez de roer material vegetal.

Ativos de dia e de noite, são muito territoriais e agressivos para seu tamanho e às vezes podem ser ouvidos brigando. 

Os animais emitem cliques, chilreios, guinchos, roncos, assobios, latidos e sons ultrassônicos em contextos de alarme, defesa, agressão, namoro, interações entre mãe e filhote, e exploração e busca por alimento.

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Alimentação 

Insetívoros, os musaranhos usam seus sentidos aguçados de audição, olfato e tato para caçar.  Eles sondam o lixo e o solo com o focinho e desenterram invertebrados detectados pelo olfato e por seus bigodes sensíveis.

Embora se alimentem principalmente de insetos, não são apenas esses pequenos animais que constituem a dieta dos mamíferos. Sendo assim, também comem pequenos vertebrados, sementes e fungos.

Além disso, algumas espécies de musaranhos produzem saliva tóxica para imobilizar presas, o que os ajuda na alimentação. 

Outro fato interessante sobre esses animais é que eles possuem altas taxas metabólicas. Isso significa que podem consumir até o mesmo peso em comida em um único dia e constantemente caçam para suprir suas necessidades. 

Habitat

Dependendo da espécie, os musaranhos habitam diversos ambientes. Eles podem ser encontrados por toda a América do Norte até o noroeste da América do Sul, África, Eurásia e na Austrália e se adaptaram para habitar locais como a tundra, florestas coníferas, decíduas e tropicais, savanas, pastagens úmidas e áridas e desertos.

Cerca de 145 das 325 espécies são nativas da África — o que corresponde à mais de 40%. Além disso, 16 espécies foram registradas em um local no sudeste da República Centro-Africana.

O Brasil não habita nenhum musaranho verdadeiro — pertencente à família Soricidae. Contudo, ele possui o camundongo-musaranho-brasileiro (Blarinomys breviceps), que é um roedor que vive na Mata Atlântica. 

Musaranho é um dos menores mamíferos do mundo 

Em conjunto com o morcego-abelha, o musaranho-etrusco é considerado um dos menores mamíferos do planeta. Essas pequenas criaturas podem pesar apenas 1,5 grama e crescer até 36-52 milímetros de comprimento.

Essa espécie é encontrada no sul da Europa e do norte da África até a Malásia. Eles habitam florestas e pastagens quentes e úmidas têm uma vida útil de cerca de dois anos.

Felizmente, a espécie ainda não corre grande ameaça devido à emergência climática.

O incrível cérebro dos musaranhos 

Esses pequenos mamíferos possuem outra característica incrível: algumas espécies de musaranho têm a capacidade de encolher e regenerar seus cérebros de forma flexível —  um ciclo sazonal conhecido como fenômeno de Dehnel.

Um estudo de 2025, publicado pela Current Biology, usou um tipo de ressonância magnética não invasiva para examinar os cérebros dos animais. Foi identificado, durante o processo de encolhimento, uma molécula-chave envolvida no fenômeno: água.

“Nossos musaranhos perderam 9% do cérebro durante o encolhimento, mas as células não morreram”, afirma a Dra. Cecilia Baldoni, primeira autora do estudo e pesquisadora de pós-doutorado do Instituto Max Planck de Comportamento Animal, na Alemanha. “As células perderam água.”

Normalmente, células cerebrais que perdem água ficam danificadas e, consequentemente, morrem. Porém, no caso dos animais, as células permaneceram vivas e também cresceram em número. 

“Observamos que o encolhimento cerebral em musaranhos é muito semelhante ao que acontece em pacientes que sofrem de Alzheimer, Parkinson e outras doenças cerebrais”, afirma o professor associado John Nieland, especialista em doenças cerebrais humanas na Universidade de Aalborg, na Dinamarca.

Portanto, a descoberta desse misterioso fenômeno pode ser benéfico em novas pesquisas sobre condições cerebrais.

A pesquisa também mostra que uma proteína específica conhecida por regular a água — a aquaporina 4 — provavelmente estava envolvida na remoção de água das células cerebrais dos musaranhos. 

“Observamos essa mesma proteína presente em quantidades maiores também nos cérebros doentes de humanos”, diz Nieland.

Mas, por que e como esse fenômeno acontece?

Durante o fenômeno de Dehnel, os cérebros dos animais ficam menores do verão até o final do inverno, e depois voltam a crescer na primavera.

Os cientistas chamam esse redimensionamento reversível de “plasticidade cerebral”. E, também, acredita-se que ele ajude os musaranhos a conservar energia quando a comida é escassa.

Em geral, foi observado que os animais perdem 9% do volume cerebral durante o inverno. Contudo, os cientistas também notaram que nem todas as áreas do cérebro encolhem igualmente. 

A maioria das regiões do cérebro encolheu no inverno e apresentou mudanças consistentes no equilíbrio hídrico. Já o neocórtex e o cerebelo se desviaram desse padrão geral, mantendo um equilíbrio hídrico mais estável dentro e fora de suas células.

Curiosamente, essas são as áreas do cérebro responsáveis pelas habilidades cognitivas, como memória e controle motor.

Esse entendimento, segundo os neurologistas, é essencial para novas descobertas na medicina. Muitas doenças cerebrais, como a esclerose múltipla e o Alzheimer, envolvem o declínio do volume cerebral devido à perda de água.

“A ideia de que podemos ter um animal modelo que pode nos ajudar a aprender como tratar doenças que atualmente são incuráveis ​​é a coisa mais emocionante que posso imaginar”, diz Nieland.


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